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29/06/2009 - 14h49

Após derrota eleitoral, Nestor Kirchner renuncia à liderança do peronismo

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da Folha Online

O ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner renunciou nesta segunda-feira à liderança do Partido Justicialista, de herança peronista, após a derrota do partido governista nas eleições legislativas deste domingo. O partido, presidido por Kirchner desde 2008, teve 30% dos votos no país e perdeu nos cinco maiores distritos, incluindo a Província de Buenos Aires, para uma oposição que se fortalece no Congresso e prejudica a governabilidade da presidente Cristina Kirchner.

Leia perfil de Kirchner
Leia perfil de Francisco De Narváez
Leia repercussão da derrota na imprensa

Kirchner, que disputava uma cadeira no Congresso pela Província de Buenos Aires com o peronista dissidente Francisco De Narváez, anunciou sua saída de forma "indeclinável" durante uma reunião com dirigentes do partido, segundo a agência oficial de notícias argentina Télam.

Bernardino Avila/Reuters
Ex-presidente e candidato ao Congresso Nestor Kirchner decidiu renunciar à Presidência do peronista Partido Justicialista
Ex-presidente e candidato ao Congresso Nestor Kirchner decidiu renunciar à Presidência do peronista Partido Justicialista

O ex-presidente pediu ao governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli --líder peronista aliado ao governo-- que "assuma o desafio de levar adiante a condução partidária" do peronismo, informou a Telam.

Scioli deve assim assumir a tarefa de reorganizar o partido, afetado por divergências internas e a criação de diversos partidos de oposição por peronistas dissidentes.

Segundo o jornal argentino "Clarín", Kirchner deve anunciar oficialmente sua renúncia em uma mensagem gravada e divulgada à imprensa.

A publicação afirma ainda que Kirchner pediu ao governador e a seu vice, Alberto Balestrini, que convoquem outros governadores e até mesmo De Narváez, peronista dissidente, para conversar sobre o reordenamento do PJ.

O ex-presidente, ainda segundo o "Clarín", pediu a Scioli e a Balestrini que renunciem aos cargos legislativos aos quais se candidataram e mantenham seus cargos executivos na Província.

Esta é a primeira medida adotada pelo ex-presidente depois da derrota eleitoral que tentou minimizar, classificando como parte do "jogo democrático".

Kirchner utilizou como principal argumento o sucesso do modelo econômico adotado durante seu governo e seguido fielmente pela administração de sua mulher e sucessora. Ele afirma as vantagens do modelo, que evitou as consequências de um provável retorno do "nefasto modelo neoliberal" da década passada.

Analistas afirmam, contudo, que sua derrota nas urnas foi, ao menos em parte, a resposta dos eleitores à efetividade deste modelo, que rendeu a Cristina uma crise com o setor agricultor e uma retração econômica.

A derrota simboliza ainda o fortalecimento da oposição e o enfraquecimento da sua suposta candidatura a um segundo mandato nas eleições presidenciais de 2011.

Saída

A ministra da Saúde argentina, Graciela Ocaña, também anunciou nesta segunda-feira que deixou o cargo após a derrota governista nas eleições legislativas e em meio ao avanço da gripe suína, denominada oficialmente gripe A (H1N1), que causou pelo menos 23 e 1.488 casos de contaminação, segundo números da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A renúncia de Ocaña agrava os rumores de que Cristina Kirchner vai realizar uma "limpeza" no governo após o fracassado teste de sua popularidade nas urnas.

"A ministra apresentou sua renúncia, a qual foi apresentada à presidente, considerando que havia uma etapa esgotada", afirmou Sergio Massa, porta-voz do ministério.

Juan Manzur, vice-governador da Província de Tucumán e ex-ministro da Saúde do distrito, deve assumir o cargo.

Resultado

Segundo a Junta Eleitoral, o revés mais duro para os governistas aconteceu na Província de Buenos Aires, a mais importante do país, onde o partido de Kirchner obteve 32,12% dos votos contra 34,57% da União-Pro, do principal candidato da oposição, Francisco De Narváez.

O partido Acordo Cívico e Social, dos social-democratas e liberais, obteve 21,47% e o partido de centro-esquerda Novo Encontro, 5,56%.

O tropeço pode deixar Kirchner, um político que governou a Argentina com um estilo áspero e confrontador entre 2003 e 2007, fora da corrida para as eleições presidenciais de 2011. O ex-mandatário, considerado por muitos quem ostenta o real poder no governo de sua mulher, reconheceu a derrota com um pouco usual tom conciliador e disse que o país tem um novo marco político. ]

Na cidade de Buenos Aires, que tem 99,65% das urnas apuradas, o partido de Kirchner obteve 11,64% dos votos para deputados contra 31,09% da União-Pro. O partido Projeto Sul, de centro-esquerda, conseguiu 24,21% dos votos. Outros 19,05% dos votos ficaram com o Acordo Cívico e Social.

Já na Província de Córdoba, com 99,16% das urnas apuradas, a vitória na disputa pelo Senado é da Frente Cívica, dos social-democratas, com 30,63% dos votos. A União Cívica Radical, dos radicais social-democratas, tem 26,70% dos votos. Já a União por Córdoba, do peronismo dissidente, tem 26,05% e o partido de Kirchner, 8,76%.

Nos votos para deputados da Província, o cenário muda pouco. A União Cívica Radical tem 30,63% dos votos contra 26,70% da Frente Cívica, 26,05% do Justicialista e aliados (peronista dissidente) e apenas 8,76% da Frente para a Vitória.

Já na Província de Santa Fé, com 98,28% dos votos para senadores apurados, o partido peronista dissidente Santa Fé Federal lidera com 42,26%. O Frente progressista, dos socialistas, tem 40,59% e o partido do casal Kirchner tem 7,76%.

Na mesma Província, os votos para deputados indicam vitória da Frente progressista, com 39,85%. O Santa Fé Federal tem 39,84% e a Frente para a Vitória 9,56%.

Na Província de Mendoza, onde 98,23% dos votos para senadores foram apurados, a UCR-Con Fé, dos radicais social-democratas, tem 50,04% dos votos. A Frente para a Vitória tem 25,2% e o Democrata-Pro (direita) tem 14,67%.

Na mesma Província, o Fte Civico-UCR-Con Fe (social-democrata) tem 48,40% dos votos para deputados contra 27,03% da Frente para a Vitória e 14,40% da Democrata-Pro (direita).

Com Efe e France Presse

 

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