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27/06/2003
-
16h25
da France Presse, em Londres
A polêmica sobre a suposta manipulação de dados sobre o arsenal iraquiano por parte do governo britânico esquentou depois que a equipe do primeiro-ministro Tony Blair acusou a BBC de ter mentido a respeito do assunto. A emissora estatal britânica denunciou o governo de superestimar números para justificar a ação conjunta com os Estados Unidos no país então governado por Saddam Hussein.
O caso foi manchete da maioria dos jornais do Reino Unido hoje, um dia depois das declarações do diretor de informações da BBC, Richard Sambrook, sobre "pressões sem precedentes" por parte de Downing Street, sede do governo britânico.
Sambrook explicou que recebera ontem, à tarde, uma carta de Alastair Campbell - diretor de comunicação de Blair--, pedindo uma resposta para "antes do final do dia".
Em 29 de maio passado, um dos especialistas militares da BBC, Andrew Gilligan, acusou Campbell de ter exagerado deliberadamente o relatório (publicado em setembro de 2002) sobre o arsenal iraquiano, em que afirmara, entre outros pontos, que o presidente Saddam Hussein podia lançar mão de armas de destruição em massa em apenas 45 minutos.
"Pressão"
Durante uma intervenção, na quarta-feira (26), perante a comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Comuns, Alastair Campbell desmentiu categoricamente as acusações. A autoridade ainda exigiu uma retratação da BBC.
"De acordo com a minha experiência, essa é uma pressão sem precedentes de Downing Street sobre a BBC", frisou Sambrook. Na quarta-feira à noite, a emissora afirmou, em um comunicado, que "não tinha que se desculpar por nada".
No dia seguinte, Sambrook foi um pouco mais longe e ironizou o caso: "Francamente, não creio que a BBC tenha de receber lições sobre a utilização de fontes. Principalmente do serviço de comunicações, que há 12 anos copiou uma tese e distribuiu sem revelar a procedência".
A declaração de Sambrook aludia a um outro relatório, publicado em fevereiro de 2003 pelo escritório de Campbell, que teve boa parte copiada de uma tese de um estudante americano, inclusive com os mesmos erros de ortografia.
Acusações
Grande parte da opinião pública rejeita Alastair Campbell. Vários opositores afirmam que o ex-jornalista político reflete os males do trabalhismo de Blair: manipulação de informação, obsessão pela imagem, discurso adaptado a cada interlocutor, ausência de conteúdo etc.
Hoje, o chanceler, Jack Straw, interveio mais uma vez na comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Comuns, onde respondeu a uma série de perguntas. A autoridade negou em várias ocasiões que tenha havido exageros no relatório de setembro de 2002.
Seu antecessor no posto, Robin Cook --que se demitiu no dia 17 de março para afirmar seu descontentamento em relação à política governamental no caso do Iraque-- se disse "surpreso com a insistência de Blair e Campbell sobre a confiabilidade dos documentos".
"Está claro que não eram exatos", frisou Cook.
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Governo Blair exige que BBC se retrate sobre escândalo
HERVÉ GUILBAUDda France Presse, em Londres
A polêmica sobre a suposta manipulação de dados sobre o arsenal iraquiano por parte do governo britânico esquentou depois que a equipe do primeiro-ministro Tony Blair acusou a BBC de ter mentido a respeito do assunto. A emissora estatal britânica denunciou o governo de superestimar números para justificar a ação conjunta com os Estados Unidos no país então governado por Saddam Hussein.
O caso foi manchete da maioria dos jornais do Reino Unido hoje, um dia depois das declarações do diretor de informações da BBC, Richard Sambrook, sobre "pressões sem precedentes" por parte de Downing Street, sede do governo britânico.
Sambrook explicou que recebera ontem, à tarde, uma carta de Alastair Campbell - diretor de comunicação de Blair--, pedindo uma resposta para "antes do final do dia".
Em 29 de maio passado, um dos especialistas militares da BBC, Andrew Gilligan, acusou Campbell de ter exagerado deliberadamente o relatório (publicado em setembro de 2002) sobre o arsenal iraquiano, em que afirmara, entre outros pontos, que o presidente Saddam Hussein podia lançar mão de armas de destruição em massa em apenas 45 minutos.
"Pressão"
Durante uma intervenção, na quarta-feira (26), perante a comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Comuns, Alastair Campbell desmentiu categoricamente as acusações. A autoridade ainda exigiu uma retratação da BBC.
"De acordo com a minha experiência, essa é uma pressão sem precedentes de Downing Street sobre a BBC", frisou Sambrook. Na quarta-feira à noite, a emissora afirmou, em um comunicado, que "não tinha que se desculpar por nada".
No dia seguinte, Sambrook foi um pouco mais longe e ironizou o caso: "Francamente, não creio que a BBC tenha de receber lições sobre a utilização de fontes. Principalmente do serviço de comunicações, que há 12 anos copiou uma tese e distribuiu sem revelar a procedência".
A declaração de Sambrook aludia a um outro relatório, publicado em fevereiro de 2003 pelo escritório de Campbell, que teve boa parte copiada de uma tese de um estudante americano, inclusive com os mesmos erros de ortografia.
Acusações
Grande parte da opinião pública rejeita Alastair Campbell. Vários opositores afirmam que o ex-jornalista político reflete os males do trabalhismo de Blair: manipulação de informação, obsessão pela imagem, discurso adaptado a cada interlocutor, ausência de conteúdo etc.
Hoje, o chanceler, Jack Straw, interveio mais uma vez na comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Comuns, onde respondeu a uma série de perguntas. A autoridade negou em várias ocasiões que tenha havido exageros no relatório de setembro de 2002.
Seu antecessor no posto, Robin Cook --que se demitiu no dia 17 de março para afirmar seu descontentamento em relação à política governamental no caso do Iraque-- se disse "surpreso com a insistência de Blair e Campbell sobre a confiabilidade dos documentos".
"Está claro que não eram exatos", frisou Cook.
Especial
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