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08/07/2009 - 10h27

Honduras prepara novos protestos; rivais vão à Costa Rica amanhã por diálogo

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da Folha Online

Os sindicatos e organizações sindicalistas preparam para esta quarta-feira uma nova rodada de protestos tanto em favor da volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, quanto favoráveis ao governo interino. O presidente interino, Roberto Micheletti, deve deixar esta Honduras dividida nesta quinta-feira para ir à Costa Rica, onde se encontra com Zelaya para a primeira rodada de negociação por uma solução à crise.

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O diálogo será mediado pelo presidente da Costa Rica e vencedor do prêmio Nobel da Paz por mediação de conflitos na América Central, Oscar Arias, que já assumiu que as conversas serão longas. Ele foi uma escolha unânime para mediar as negociações entre os líderes rivais.

A escolha de Arias para mediar a primeira crise causada por golpe de Estado na América em décadas foi apoiada pelos Estados Unidos, que saiu do muro nesta terça-feira, cravou opinião sobre golpe de Estado no país e suspendeu a ajuda econômica e militar.

Arias conduzirá o processo de seu país, Costa Rica, para onde Zelaya deve ir na quinta-feira. a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse esperar que o processo comece logo.

O presidente costarriquenho antecipou que as conversas devem se prolongar por pelo menos dois dias em sua casa em São José e que, na agenda do encontro, estão "todos os temas que dividem as duas partes em Honduras".

Zelaya disse estar feliz com a escolha de Arias para a missão, que inclui o desafio de equilibrar a pressão internacional unânime em restaurar a Presidência de Zelaya com os riscos de não interferir diretamente na autonomia hondurenha diante da resistência de Micheletti, que já afirmou que não negociará um possível retorno do presidente deposto.

Em Honduras, Micheletti, que afirmou anteriormente que não negociará até que as "coisas retornem ao normal", disse estar disposto a conversar e buscar uma solução para a crise que começou em 28 de junho, quando Zelaya foi tirado de sua casa pelos militares e enviados para o exílio.

Arias "é um homem de grande credibilidade no mundo", disse Micheletti à rádio HRN. "Nós estamos abertos ao diálogo. Queremos ser ouvidos", disse Micheletti, que, junta à comissão do governo interino, foi rejeitado para reunião em Washington.

Ele abandonou as ameaças de prisão, mas ressaltou, em uma entrevista coletiva posterior, que o diálogo com Arias deve começar do "entendimento de que o retorno de Zelaya não está aberto à negociação."

Anistia

Em outro gesto de possível compromisso por uma solução, a Corte Suprema de Honduras afirmou que Zelaya pode receber anistia política.

A informação foi confirmada pelo porta-voz do Supremo, José Danilo Izaguirre, depois de a anistia ter sido mencionada pelo presidente desse organismo, Jorge Rivera, à imprensa estrangeira.

Rivera esclareceu que "a verdadeira resolução será tomada na comissão formada e orientada pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias".

Suspensão

Os EUA confirmaram na noite desta terça-feira a suspensão da ajuda econômica a Honduras como consequência do reconhecimento, por parte de Washington, do golpe de Estado que derrubou o presidente eleito.

Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que devido aos eventos em Honduras foram suspensos os programas de assistência ao governo, o que indica que os EUA estão dispostos a assumir que houve golpe de Estado no país centro-americano e devem adotar uma postura mais rígida contra o governo interino.

No entanto, o departamento afirmou que a suspensão não afeta os programas de ajuda humanitária que os americanos mantêm no país.

O porta-voz indicou que a suspensão é aplicada a programas de assistência militar e outros de ajuda ao desenvolvimento destinados ao governo de Honduras --país que nos anos 80 ficou conhecido como "porta-aviões americano", servindo de base de treinamento para os Contra, que combatiam os sandinistas na Nicarágua.

Segundo o Departamento de Estado, o montante da ajuda militar suspensa é de cerca de US$ 16 milhões. Os EUA mantêm base militar em Honduras, com aviões e 500 soldados.

Golpe

Zelaya foi derrubado do poder no último dia 28 em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.

"Fui retirado da minha casa de forma brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam rifles", contou o presidente deposto, após chegar ao exílio na Nicarágua.

"Diziam: 'se não soltar o celular, atiramos'. Todos apontando para minha cara e o meu peito. [...] Em forma muito audaz eu lhes disse: 'se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo é ofender o povo'."

De acordo com os parlamentares hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei" e por "seu desrespeito às ordens e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.

Depois da saída de Zelaya do país, no Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta renúncia, o que ele nega. Zelaya diz ter sido alvo de "complô da elite voraz"; e seu sucessor, Micheletti, diz que o golpe foi um "processo absolutamente legal".

Com agências internacionais

 

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