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18/07/2009 - 08h27

Equador cria comissão para investigar vídeo que relaciona Farc ao presidente

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da Efe, em Quito
da Folha Online

O ministro das Relações Exteriores do Equador, Fander Falconí, anunciou neste sábado que o governo criou uma comissão para investigar um vídeo no qual um guerrilheiro afirma que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) teriam financiado a campanha eleitoral de 2006 do atual presidente, Rafael Correa.

O vídeo de uma hora de duração mostra o segundo homem no comando da guerrilha, Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy, lendo o que seria um manifesto feito no leito de morte pelo líder e fundador das Farc, Manuel "Tirofijo" Marulanda. O manifesto afirma que as Farc fizeram contribuições para a campanha de Correa, mas é possível que Correa não tivesse conhecimento dessa ajuda. O governo equatoriano negou ter ligações com a guerrilha.

"O vídeo mencionado tem que ser investigado e concordamos com que haja uma comissão que investigue o fato", declarou Falconí em uma coletiva de imprensa.

Ele explicou que a comissão será formada pelo ministro de Segurança Interna e Externa, Miguel Carvajal, o ministro coordenador da Política, Ricardo Patiño, e o secretário da Administração, Vinicio Alvarado, assim como pelo próprio chanceler.

"Estamos avaliando os elementos técnicos e evidentemente vamos chegar à verdade", disse. "Queremos um reconhecimento da verdade e não achamos que existam elementos técnicos suficientes para envolver um governo e um presidente que foi bastante enfático em indicar que não temos relação com [nenhum] tipo de grupo irregular", acrescentou.

Falconí destacou que tanto o governo quanto o partido governista, o Movimento País, "jamais" receberam "uma contribuição de qualquer movimento irregular ou de alguma conta que não fosse absolutamente transparente".

Além disso, afirmou que, na Colômbia, acontece "uma campanha midiática agressiva" contra o Equador que tentou vincular as autoridades equatorianas com as Farc.

As relações entre a Colômbia e o vizinho Equador estão profundamente desgastadas, e o vídeo tem o potencial de complicá-las ainda mais. A Colômbia reclama de que as Farc operem no Equador, supostamente com o apoio do governo esquerdista de Correa.

O Equador rompeu relações diplomáticas com a Colômbia depois da operação colombiana em seu território, e tentativas por parte da OEA (Organização dos Estados Americanos) e do Centro Carter para mediar o conflito não tiveram pleno sucesso.

Falso

O ministro da Defesa equatoriano, Javier Ponce, qualificou o conteúdo do vídeo divulgado como "uma falsidade absoluta", segundo o canal Ecuavisa.

Ele questionou "desde quando as palavras do Mono Jojoy têm maior valor que as palavras de um governo democrático como o equatoriano".

Segundo a agência Associated Press, parece improvável que o vídeo seja uma falsificação. Os peritos em vídeo da agência não encontraram nenhum sinal da alteração, e repórteres da agência que contato frequente com ele entre 1999 e 2002 dizem que claramente é ele quem aparece no vídeo.

Gravação

O vídeo foi divulgado pelo Ministério Público da Colômbia nesta sexta-feira e mostra Briceño lendo para cerca de 250 rebeldes um texto que está em um notebook. O líder guerrilheiro primeiramente informa à tropa da morte de Marulanda e das mudanças na liderança das Farc. O texto é apresentado como uma carta enviada por alguém presente no momento em que Marulanda morreu, em 26 de março de 2008, aos 78 anos, aparentemente de um ataque.

"Nós acordamos hoje com uma imensa solidão, muito entristecidos. O camarada morreu ontem, dia 26, às 18h20", lê Briceño.

As expressões da audiência jovem permanecem duras, muitos aparentam estar chocados, aflitos. Em certo momento, Briceño faz uma pausa na leitura e diz: "O que foi esse barulho? Uma bomba?". Ele recebe uma resposta negativa e volta a ler a carta escrita por Marulanda poucos dias antes de morrer. A mensagem reforça a importância estratégica de que se mantenham "boas relações políticas, de amizade e confiança com os governos de Venezuela e do Equador".

O texto faz uma reflexão sobre os revezes devastadores que as Farc sofreram nas mãos do Exército da Colômbia, que recebeu mais de US$ 4 bilhões em auxílio dos EUA desde 2000, por meio do Plano Colômbia do governo americano de combate ao narcotráfico.

Briceño lê na mensagem o que Marulanda descreve como os "troféus de guerra" que o governo da Colômbia obteve quando matou o "chanceler" rebelde, Raul Reyes, e outros 24 guerrilheiros na ação em solo equatoriano em março de 2008, em um acampamento da guerrilha na floresta.

Marulanda lamenta que a Colômbia tenha apreendido documentos eletrônicos que comprometeram os rebeldes e seus amigos estrangeiros, Correa e o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

"Os segredos da Farc foram perdidos completamente", lê Briceño no vídeo. Entre os segredos está "o auxílio em dólares à campanha de Correa e conversações subsequentes com seus emissários", diz a carta, que menciona "alguns acordos, segundo documentos em posse de nós todos, que são muito comprometedores em relação aos laços com nossos amigos".

A carta de Marulanda não diz se Correa sabia da contribuição em dinheiro, e não menciona qualquer quantidade. Mas a declaração confirma quatro outros documentos que o governo colombiano diz ter encontrado no notebook de Reyes, que foram supostamente redigidos no fim de 2006 pelos líderes das Farc, que discutem pagamentos de pelo menos de US$ 100 mil dos rebeldes para a campanha de Correa.

 

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