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11/07/2003
-
04h07
da Folha de S.Paulo
O recrudescimento do levante tchetcheno, que leva o terrorismo às ruas de Moscou e causa a morte de dezenas de soldados russos por mês, ainda não ameaça diretamente as aspirações políticas do presidente Vladimir Putin, porém provoca um desalento e uma sensação de impotência na população russa que, sim, poderão minar as intenções do presidente a médio e longo prazos.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo, Putin encontra-se ante um dilema. "Ele tem de decidir se negociará ou não com os terroristas, mas qualquer decisão poderá lhe custar caro", disse Vladimir Kramnik, da Universidade Pública de São Petersburgo.
"Moscou mostra força para não dar a impressão de ceder ao terrorismo. No entanto o governo sabe que os tchetchenos têm uma causa política legítima, embora a defendam de modo ilegítimo. Como sair, então, dessa situação?", diz Andrew Bennett, da Universidade de Georgetown (EUA).
Em 1996, as tropas russas deixaram a Tchetchênia humilhadas. Desde o início da nova ofensiva, em 1999, Moscou pôde estabelecer um controle precário sobre a república, contudo ainda não conseguiu subjugar a insurgência.
O espectro do fracasso das negociações de 1996 assombra Putin. "À época, o general Alexander Lebed conseguiu fechar um acordo com líderes tchetchenos, e as tropas russas deixaram a região", apontou Bennett. "Todavia os tchetchenos moderados não receberam apoio suficiente do governo de Boris Ieltsin, e a situação degringolou novamente."
Para Kramnik, Moscou só aceitará negociar com os rebeldes se a opinião pública exigir algo assim. "O clima de terror e a duração do conflito provocam um forte abatimento na população, que já se convenceu de que a linha dura não resolverá o problema, porém não vê outra saída. Mas, enquanto não houver um movimento pacifista coeso, Moscou não negociará", analisou Kramnik.
Ademais, desde o 11 de Setembro, Putin conseguiu convencer o Ocidente de que sua luta se insere na guerra ao terrorismo global, liderada por Washington. "É verdade que há estrangeiros que combatem na Tchetchênia. Contudo o problema é regional e não faz parte de um complô internacional para destruir a Rússia ou os EUA", salientou Bennett.
A eleição legislativa do fim deste ano e o pleito presidencial de 2004 mostrarão se a população aprova as ações de Putin. Por ora, sem outra alternativa política palatável, os russos parecem ainda preferir o líder que já conhecem.
Especial
Saiba mais sobre o conflito Rússia-Tchetchênia
Piora no conflito da Tchetchênia desgasta a imagem de Putin
MÁRCIO SENNE DE MORAESda Folha de S.Paulo
O recrudescimento do levante tchetcheno, que leva o terrorismo às ruas de Moscou e causa a morte de dezenas de soldados russos por mês, ainda não ameaça diretamente as aspirações políticas do presidente Vladimir Putin, porém provoca um desalento e uma sensação de impotência na população russa que, sim, poderão minar as intenções do presidente a médio e longo prazos.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo, Putin encontra-se ante um dilema. "Ele tem de decidir se negociará ou não com os terroristas, mas qualquer decisão poderá lhe custar caro", disse Vladimir Kramnik, da Universidade Pública de São Petersburgo.
"Moscou mostra força para não dar a impressão de ceder ao terrorismo. No entanto o governo sabe que os tchetchenos têm uma causa política legítima, embora a defendam de modo ilegítimo. Como sair, então, dessa situação?", diz Andrew Bennett, da Universidade de Georgetown (EUA).
Em 1996, as tropas russas deixaram a Tchetchênia humilhadas. Desde o início da nova ofensiva, em 1999, Moscou pôde estabelecer um controle precário sobre a república, contudo ainda não conseguiu subjugar a insurgência.
O espectro do fracasso das negociações de 1996 assombra Putin. "À época, o general Alexander Lebed conseguiu fechar um acordo com líderes tchetchenos, e as tropas russas deixaram a região", apontou Bennett. "Todavia os tchetchenos moderados não receberam apoio suficiente do governo de Boris Ieltsin, e a situação degringolou novamente."
Para Kramnik, Moscou só aceitará negociar com os rebeldes se a opinião pública exigir algo assim. "O clima de terror e a duração do conflito provocam um forte abatimento na população, que já se convenceu de que a linha dura não resolverá o problema, porém não vê outra saída. Mas, enquanto não houver um movimento pacifista coeso, Moscou não negociará", analisou Kramnik.
Ademais, desde o 11 de Setembro, Putin conseguiu convencer o Ocidente de que sua luta se insere na guerra ao terrorismo global, liderada por Washington. "É verdade que há estrangeiros que combatem na Tchetchênia. Contudo o problema é regional e não faz parte de um complô internacional para destruir a Rússia ou os EUA", salientou Bennett.
A eleição legislativa do fim deste ano e o pleito presidencial de 2004 mostrarão se a população aprova as ações de Putin. Por ora, sem outra alternativa política palatável, os russos parecem ainda preferir o líder que já conhecem.
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