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11/07/2003 - 04h49

Baixas no Iraque ameaçam reeleição de Bush, dizem analistas

LUCIANA COELHO
da Folha de S.Paulo

A pouco mais de 15 meses de tentar a reeleição, o presidente dos EUA, George W. Bush, precisa de resultados militares e políticos concretos no Iraque para que sua candidatura não se torne mais uma baixa americana no país.

De acordo com especialistas em Washington entrevistados pela Folha de S.Paulo, os resultados essenciais são a captura do ex-ditador Saddam Hussein --desaparecido desde abril-- e a aceleração do processo de transferência do poder para os iraquianos --única solução efetiva para o problema. Ambos os objetivos, no entanto, parecem distantes no momento.

Ontem, enquanto o presidente Bush dizia, em Botsuana, que os progressos das tropas eram "constantes" e que elas haveriam de "permanecer firmes", foram anunciadas no Iraque mais duas mortes de soldados americanos em ações hostis, elevando para 31 as baixas pós-guerra.

"Se as notícias sobre o Iraque continuarem negativas e não forem substituídas por sucessos notáveis, como a captura ou a morte de Saddam ou a eleição de um governo interino, o apoio popular vai continuar se desmanchando", diz Thomas E. Mann, do Instituto Brookings. Ele destaca que a imprensa --menos positiva sobre o desempenho dos EUA no pós-guerra do que durante o conflito-- "parece ter feito diferença".

As últimas pesquisas mostraram queda no apoio da população americana à ocupação e na popularidade de Bush. Embora ainda alta, ela caiu 14 pontos segundo estudo divulgado anteontem pelo Pew Research Center for the People, passando de 74% para 60%.

James Carafano, da Fundação Heritage, avalia a resistência iraquiana e a série de baixas como "previsíveis" --"as mortes fazem parte do pós-guerra, porque nenhum país gosta de ser ocupado"-- e acredita que a única coisa a ser feita pelos EUA para frear a onda de ataques é instaurar logo um governo representativo.

"As tropas americanas sempre serão alvo, especialmente no Oriente Médio. Só será possível conter as tensões assegurando que o Iraque tenha, e logo, um governo representativo", afirma. Para Carafano, no entanto, a resistência não deve durar muito, pois não conta com o apoio popular.

Segundo ele, o maior perigo é que a essa resistência se unam combatentes de outros países --o que ainda não ocorreu de forma sistemática. "Por isso, acho importante os EUA manterem-se duros em relação aos países vizinhos, como a Síria e o Irã", diz.

Contido esse problema, Carafano não acredita que a posição do governo americano, no curto prazo, mude. Mas, assim como Mann, prevê que a persistência das ações hostis pode solapar a candidatura de Bush, já criticado por sua gestão econômica.

"A ocupação é igual salsicha: todo mundo gosta, mas ninguém quer saber como é feita. Vai ser difícil alguém apoiar as baixas, mas todos gostam que os EUA tenham ganhado a guerra."

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