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22/07/2003 - 03h43

EUA privatizam a economia iraquiana

ROBERTO DIAS
da Folha de S.Paulo, de Nova York

Os EUA vão colocar em breve o destino da economia iraquiana nas mãos de uma empresa americana. A companhia, que deverá ser escolhida ainda nesta semana, será responsável por coordenar as taxas de juros, a emissão da nova moeda, a estrutura bancária e o processo de privatização.

A empresa comandará ainda a transição, para um sistema de mercado, do esquema de alimentação dos iraquianos, atualmente baseado no programa da ONU "Petróleo por Comida" --que atende 60% da população e que deverá acabar até novembro.

Dez competidores foram aceitos na concorrência, promovida pela USAID (agência de assistência do governo dos EUA). Segundo o jornal "USA Today", a vencedora será a BearingPoint, ex-KPMG --que, na campanha de 2000, foi a 14ª maior doadora da candidatura de George W. Bush.

A KPMG foi também uma das empresas envolvidas na série de escândalos contábeis com empresas americanas a partir de 2001.

A assessoria da USAID, porém, definiu o anúncio prévio da vencedora como "especulação".

Enquanto a Bolsa de Nova York caiu 1% ontem, as ações da companhia subiram 3,3%. Desde a tomada de Bagdá, em abril, o valor de suas ações já subiu 80%.

Também ontem, no Iraque, o subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, afirmou que seu país não pode resolver da noite para o dia o problema econômico do Iraque. "Embora possamos fazer muitas coisas, não somos deuses", disse ele, segundo a Associated Press. "O principal problema é que as pessoas precisam de trabalho. Nós entendemos porque elas estão impacientes", disse.

Até aqui, o maior contrato concedido pelo governo americano foi dado à Bechtel, uma companhia da Califórnia que poderá receber até US$ 680 milhões por obras de infra-estrutura física.

A nova licitação, embora de menor valor --estima-se que chegaria a US$ 200 milhões pelo período de um ano--, tem caráter mais estratégico. Na ausência de um governo iraquiano, a administração do país está hoje a cargo de um órgão anglo-americano, a Autoridade Provisória da Coalizão. Ela, porém, está focada em conter a insegurança no país, e não em elaborar políticas econômicas.

Quem ganhar a licitação vai, por exemplo, orientar a formulação de leis comerciais e tributárias. Ajudará a definir regras de câmbio e o nível da taxa de juros. Precisará montar uma firma de microcrédito no Iraque para fazer pequenos empréstimos (até US$ 10 mil) a iraquianos que queiram criar ou expandir uma empresa.

A companhia terá também que preparar o país para o final do "Petróleo por Comida", um dos mais delicados pontos de negociação sobre o Iraque na ONU. No contrato, a USAID aponta que será preciso ajustar a produção de comida no país e, além disso, montar um programa assistencialista. "O impacto da cultura de dependência criada pelo programa, ao lado de grandes distorções nos preços agrícolas, vai limitar muito a formação de um setor de agricultura viável", diz a USAID.

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