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22/07/2003 - 04h22

Mortes no Iraque ameaçam Bush, diz ex-membro do governo Clinton

FERNANDO CANZIAN
da Folha de S.Paulo, de Washington

A aprovação do presidente George W. Bush vai se deteriorar ainda mais se o número de soldados americanos mortos em ataques no Iraque continuar crescendo. Para James Lindsay, ex-diretor do Conselho de Segurança Nacional no governo Bill Clinton (1993-2001) o público americano tende a ser ''pragmático''.

''Ele está pouco interessado no 'papel teológico' que os EUA devem ter no mundo. Se a opinião pública chegar à conclusão de que o Iraque foi um erro, Bush começará a ser desafiado'', diz.

Para Lindsay, o caso do cientista britânico David Kelly, no Reino Unido, não terá repercussões nos EUA. ''Os americanos não vão se incomodar com o fato de um cientista inglês ter se matado."

Leia entrevista que ele concedeu ontem à Folha de S.Paulo, em Washington.

Folha de S.Paulo - Mais da metade dos americanos já têm dúvidas sobre a capacidade de Bush governar. Se a situação no Iraque não melhorar, onde isso pode parar?

James Lindsay - Há um desconforto crescente sobre o número de soldados mortos no Iraque, o que pode levar a um sentimento de que Bush nos levou a uma situação de descontrole. O público americano tende a ser muito pragmático. Está muito menos interessado no ''papel teológico'' que os EUA devem ter no mundo ou sobre discussões técnicas sobre quem disse o quê a respeito de relatórios do serviço de inteligência. O público vai continuar se perguntando: ''Isso parece estar ficando melhor ou pior?'' Se chegar à conclusão de que está ficando pior, essa administração entrará em grandes apuros. Se acreditar que o Iraque foi um erro, haverá abertura para que alguns democratas, temerosos de serem acusados de antipatriotas, ataquem.

Folha de S.Paulo - Apesar dos reveses no Iraque, os democratas ainda parecem perdidos, não?

Lindsay - Os democratas têm um problema. Não têm nenhuma credibilidade em assuntos de segurança nacional. E um número considerável [entre os nove] pré-candidatos do partido votou a favor da guerra. E o fizeram antes mesmo de saber sob quais condições essa guerra seria encaminhada. Se eles levantarem agora e disserem ''Oh, o presidente nos enganou'', estarão vulneráveis. Afinal, votaram pela guerra sem saber ao menos todas as suas razões.

Outro problema é que muita gente acha que os democratas se comportam no campo da segurança nacional apenas em termos políticos, pensando na maneira como o assunto pode ajudá-los em eleições. Se agora disserem simplesmente que votaram a favor da guerra, mas que ela foi uma idéia ruim, pode soar como uma grande hipocrisia.

Folha de S.Paulo - O caso David Kelly muda alguma coisa nos EUA?

Lindsay - Não vai acontecer nada por aqui. Os americanos não vão se incomodar com o fato de um cientista inglês ter se matado. A política nos EUA é diferente. O que interessa aqui é o que está acontecendo às tropas americanas. A não ser que encontrem um memorando assinado pelo próprio presidente Bush mostrando que ele mentiu deliberadamente, nada vai acontecer.

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