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27/07/2003
-
04h00
Um dos fenômenos mais impressionantes da política britânica desde a primeira vitória de Tony Blair em 1997 tem sido a incapacidade do Partido Conservador, que governou o Reino Unido durante a maior parte do século 20, de se regenerar.
"O maior êxito de Blair foi ter desintegrado os conservadores e os feito incapazes de vencer uma eleição", diz George Jones, da LSE. Essa incapacidade ocorre por um conjunto de motivos.
Em primeiro lugar, devido à extensão das derrotas do partido nas duas últimas eleições, em especial em 2001. Os trabalhistas detêm 409 das 658 vagas do Parlamento. Os conservadores, só 163.
Em segundo lugar, desde que o ex-premiê John Major (1990-97) deixou a liderança conservadora após sua histórica derrota para Blair, o partido não encontrou um líder capaz de desafiar o atual primeiro-ministro. O presente líder, Iain Duncan Smith, 49, eleito em 2001, não mostrou a que veio.
Essa dificuldade está relacionada com o desgaste do partido após 18 anos de poder: os anos gloriosos de Margaret Thatcher (1979-90), um dos governantes mais poderosos do Reino Unido das últimas décadas, e os não tão gloriosos de John Major (1990-97), em parte marcados pela divisão interna dos conservadores e o cansaço da população.
Quando Blair foi alçado à liderança dos trabalhistas em 1994, ele rapidamente identificou os pontos de desgaste dos conservadores e, pouco a pouco, foi "roubando" suas principais bandeiras, ao mesmo tempo em que conduzia seu próprio partido ao centro político, aproximando-se da classe média (maioria do eleitorado).
"Blair é muito alerta ao sentimento do público e ajusta suas políticas a ele. E está respondendo ao público. Do contrário, os conservadores teriam encontrado alguma causa para alavancar apoio. Até agora, não encontraram nenhuma", diz Jones.
Para o colunista Matthew Parris, a crise de confiança de Blair deverá fazer os conservadores "flutuarem sobre as pedras", mas dificilmente os fará vencer as próximas eleições. "Eles teriam que trocar de líder, mas será difícil fazer isso quando começam a subir nas pesquisas", diz.
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Blair beneficia-se de oposição ausente
da Folha de S.PauloUm dos fenômenos mais impressionantes da política britânica desde a primeira vitória de Tony Blair em 1997 tem sido a incapacidade do Partido Conservador, que governou o Reino Unido durante a maior parte do século 20, de se regenerar.
"O maior êxito de Blair foi ter desintegrado os conservadores e os feito incapazes de vencer uma eleição", diz George Jones, da LSE. Essa incapacidade ocorre por um conjunto de motivos.
Em primeiro lugar, devido à extensão das derrotas do partido nas duas últimas eleições, em especial em 2001. Os trabalhistas detêm 409 das 658 vagas do Parlamento. Os conservadores, só 163.
Em segundo lugar, desde que o ex-premiê John Major (1990-97) deixou a liderança conservadora após sua histórica derrota para Blair, o partido não encontrou um líder capaz de desafiar o atual primeiro-ministro. O presente líder, Iain Duncan Smith, 49, eleito em 2001, não mostrou a que veio.
Essa dificuldade está relacionada com o desgaste do partido após 18 anos de poder: os anos gloriosos de Margaret Thatcher (1979-90), um dos governantes mais poderosos do Reino Unido das últimas décadas, e os não tão gloriosos de John Major (1990-97), em parte marcados pela divisão interna dos conservadores e o cansaço da população.
Quando Blair foi alçado à liderança dos trabalhistas em 1994, ele rapidamente identificou os pontos de desgaste dos conservadores e, pouco a pouco, foi "roubando" suas principais bandeiras, ao mesmo tempo em que conduzia seu próprio partido ao centro político, aproximando-se da classe média (maioria do eleitorado).
"Blair é muito alerta ao sentimento do público e ajusta suas políticas a ele. E está respondendo ao público. Do contrário, os conservadores teriam encontrado alguma causa para alavancar apoio. Até agora, não encontraram nenhuma", diz Jones.
Para o colunista Matthew Parris, a crise de confiança de Blair deverá fazer os conservadores "flutuarem sobre as pedras", mas dificilmente os fará vencer as próximas eleições. "Eles teriam que trocar de líder, mas será difícil fazer isso quando começam a subir nas pesquisas", diz.
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