Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/08/2009 - 16h53

Tribunal do Irã acusa estrangeiros de conspiração com o Ocidente

Publicidade

ZAHRA HOSSEINIAN
PARISA HAFEZI
da Reuters, em Teerã

Um tribunal iraniano declarou culpados neste sábado uma francesa e dois iranianos que trabalham nas embaixadas do Reino Unido e da França em Teerã, além de dezenas de outras pessoas por espionagem e por colaborarem com uma suposta tentativa ocidental de derrubar a liderança clerical.

O tribunal do Irã levou a julgamento neste sábado cerca de cem pessoas presas durante os protestos da oposição por fraude após o pleito de 12 de junho que reelegeu o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Ahmadinejad obteve cerca de 63% dos votos contra 34% do principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi. A votação foi seguida por semanas de fortes protestos da oposição por fraude. Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e centenas de presos.

O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas.

O Irã prendeu ainda cerca de 2.000 pessoas e acusou os inimigos do Islã, principalmente Reino Unido e Estados Unidos, pelos distúrbios no país.

Em um julgamento em massa no sábado passado, mais de cem reformistas, incluindo várias figuras proeminentes, foram acusados de violações que incluem atos contra a segurança nacional através do fomento aos distúrbios pós-eleição.

Lideranças moderadas, incluindo os candidatos derrotados Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karubi, desafiaram o líder supremo, o Aiatolá Ali Khamenei, que apoiou oficialmente Ahmadinejad. Eles dizem que o novo governo que Ahmadinejad vai formar é ilegítimo.

Políticos pró-reforma denunciaram os casos julgados como "julgamentos-espetáculo", dizendo que as confissões foram obtidas sob coerção.

A presidência da União Europeia disse em comunicado o julgamento é uma ação contra todo o bloco.

Réus

O analista político Hossein Rassam, funcionário da embaixada britânica, foi acusado de espionagem e confessou ter entregue informação sobre os distúrbios a Washington, disse a Irna. "Ele se desculpou à nação iraniana e pediu que a corte o perdoasse", informou a agência.

A cidadã francesa Clotilde Reiss foi acusada de "agir contra a segurança nacional tomando parte de distúrbios, coletando notícias e informações e enviando imagens dos distúrbios para o exterior", informou a agência de notícias estatal Irna.

Espionagem e atos contra a segurança nacional são passíveis de pena de morte sob a lei islâmica do Irã.

Reiss confessou seus "erros" e pediu clemência, relatou a Irna. Ela está detida na prisão de Evin, em Teerã, desde que foi presa em um aeroporto da capital no dia 1º de julho passado, sob acusações de espionagem, enquanto tentava deixar o Irã depois de passar cinco meses na cidade de Isfahan, no centro do país.

A televisão mostrou Reiss, vestindo um chador preto islâmico e um véu, sentada na primeira fila do tribunal. Não estava claro se ela tinha um tradutor quando a acusação foi lida.

O esquadrão de choque da polícia usou força para conter os protestos dos familiares do lado de fora do tribunal.

"Os parentes dos réus e um grande grupo de pessoas se reuniram a frente do prédio do tribunal no sábado. Quando entoaram "Allahu Akbar" (Deus é o maior), o esquadrão de choque os atacou para dispersar a multidão", informou o site reformista Mosharekat.

Reino Unido

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores britânico, David Miliband, condenou o julgamento do funcionário da embaixada do Reino Unido, dizendo que as acusações são injustificadas e trazem descrédito ao Irã.

Miliband disse que recebeu apoio da França. "Nós temos reafirmado nossa solidariedade diante da mais recente provocação iraniana", disse o ministro.

Mais cedo, o Reino Unido já havia classificado o julgamento de Rassam como um "ultraje", alegando que foram rompidas as garantias dadas por autoridades iranianas após o funcionário britânico ter sido libertado com pagamento de fiança.

"Estou profundamente preocupado com as acusações injustificadas atribuídas a Hossein Rassam em Teerã", afirmou Miliband.

Esse foi o segundo julgamento em massa realizado para extirpar a oposição moderada e encerrar os protestos que irromperam após a eleição. A eleição e os protestos mergulharam o Irã em sua maior crise interna em 30 anos, expondo profundas divisões dentro do establishment clerical no poder.

França

A França rejeitou a acusação contra Reiss como "infundada" e o presidente Nicolas Sarkozy pediu sua soltura imediata. O Ministério das Relações Exteriores da França disse neste sábado que não iria fazer comentários sobre Reiss no momento.

"Escrevi um relatório de uma página sobre a situação em Isfahan e o entreguei à seção cultural da embaixada francesa", teria dito Reiss no tribunal de acordo com a Irna.

Comentários dos leitores
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Eu não duvido de nada, se os EUA em alguns anos, implantarem algumas bases de mísseis de longo alcance no Iraque, pois estão lá e tem mais de 100 mil soldados, agora lógico. A Russia esta fazendo o mesmo apoio ao Irã, Pra ser mais exato, a guerra fria ainda não acabou só mudou de época. Lógico com vantagem dos EUA, mas a Russia tem seus prô e contras, ainda tem tecnologia suficiente e possui o maior arsenal de bombas atômicas. EUA estão no paquistão não para combater o Taliban, estão presentes numa região que demanda conflitos eternos, e que sempre terá um para vender armas, e tecnologia. Sabemos de praxe Srs (as) que guerras são grande negócios, em valores astronômicos. Antes não se dava ênfase á aquela região, hoje em dia a região é estratégica para as super potencias, envolve muito dinheiro e conflitos a vista. Por isso tanto interesse e tanta movimentação bélica. sem opinião
avalie fechar
J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
RU treina soldados iraquianos para proteger seus poços de petróleo.
"O Parlamento iraquiano aprovou nesta terça-feira um acordo de cooperação marítima com o Reino Unido que permitirá o retorno de entre cem e 150 soldados britânicos ao sul do país árabe, para ajudar a treinar a Marinha iraquiana e proteger as instalações petrolíferas."
Este é o sinal obvio que os ingleses se apossaram das companhias de petróleo iraquianas após enforcarem Sadam Hussein e colocarem "testas de ferro e laranjas" da nova elite iraquiana. Como se não bastasse o exército iraquiano vigiará os poços para eles. Provavelmente, após o saque ao tesouro iraquiano, no lugar de ouro e outras moedas, os corsários os encheram de dólares cheirando a tinta. O Irã deve abrir bem os olhos, pois isso é o que é pretendido para eles também. É bom que a revolução dos aiatolás comece a educar seu povo maciçamente, a fim de não facilitar a invasão dos inimigos que sempre contam com que o povo esteja na ignorância.
1 opinião
avalie fechar
J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
Alguns não querem que o Brasil se aproxime do Irã, outros não querem que se aproxime do criminoso Israel, porém lembrem-se que estão num país que não tem rabo preso. O presidente do Irã virá, o ministro de Israel, Kadafi, Obama. Isso é liberdade e autodeterminação. De que adianta essa panacéia com relação ao mundo árabe? Nada. 1 opinião
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (471)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página