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Considerado líder fraco, Karzai ganhou favoritismo com acordos polêmicos
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MÁRCIA SOMAN MORAES
da Folha Online
O presidente afegão, Hamid Karzai, revelou recentemente ao jornal "The New York Times" que está exausto da vida pública e apenas decidiu concorrer à reeleição no pleito que ocorre nesta quinta-feira (20) porque o povo precisa de suas "qualidades únicas". Para seus críticos, contudo, ele é um líder fraco e corrupto, que conquistou o favoritismo nas urnas por acordos com figuras duvidosas e os chamados senhores da guerra.
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Emilio Morenatti/AP |
Presidente afegão, Hamid Karzai, construi favoritismo com acordos |
Para atrair os xiitas, Karzai patrocinou a aprovação de uma lei que legaliza a discriminação contra as mulheres da minoria étnica ao estipular que elas podem ser privadas de alimentação caso se neguem a ter relações sexuais com o marido.
Para conquistar os uzbeques, o presidente permitiu a volta ao país do general Abdul Rashid Dostum, acusado de crimes de guerra e poupado, anos antes, pelo mesmo Karzai, de um julgamento por bater em um rival político no Afeganistão.
Para evitar um segundo turno com uma oposição unida em torno de um único candidato --e assim capaz de ameaçar sua vitória--, Karzai ofereceu "comida, chá e trabalho" (no governo) para seus dois maiores rivais na disputa presidencial: seus ex-ministros de Relações Exteriores, Abdullah Abdullah, e de Finanças, Ashraf Ghani.
Concessão
Antonio Donini, ex-diretor do Escritório da ONU (Organização das Nações Unidas) para Coordenação de Assistência Humanitária ao Afeganistão, diz que, para entender a lógica eleitoreira de Karzai e a crise na qual está, é necessário voltar no tempo. "No governo afegão, Karzai trouxe de volta os senhores da guerra que foram a razão pela qual os talebans apareceram em cena pela primeira vez", explica Donini.
Rahmat Gul-16ago.09/AP |
Jovens afegãos seguram cartaz do presidente Hamid Karzai em comício eleitoral em Jalalabad |
Alçado ao poder como um líder pashtu que equilibraria o frágil jogo de etnias do governo interino que assumiu após a queda do regime do grupo islâmico radical Taleban (1996-2001), Karzai alcançou a paz relativa entre as 34 Províncias afegãs com negociações com grupos de jihadistas, comunistas, tecnocratas, democratas, senhores de guerra e quem quer que fosse necessário para sua agenda política.
Karzai viveu quatro anos de lua-de-mel no Afeganistão e pareceu, para os eleitores afegãos e para a coalizão internacional, a escolha óbvia para a primeira eleição democrática no país, em 2004. Um ano depois, muitos dos nomes que faziam parte do governo interino saíram ou foram retirados do gabinete, incluindo Ghani, que afirmou recentemente que Karzai tinha uma legitimidade incomparável, mas falhou em liderar.
Em poucos anos, Karzai estava rodeado das mais diversas facções de poder do Afeganistão e cada vez mais longe da comunidade internacional que era responsável pelo sustento do combate aos terroristas e pelos --poucos-- projetos de reconstrução e desenvolvimento no país.
Cálculo
Para manter os acordos, Karzai teve que comprometer muito de sua agenda. A popularidade de Karzai, então, começou a desmoronar também entre o povo afegão.
Caren Firouz-17ago.09/Reuters |
General uzbeque Abdul Dostum faz comício em favor de Karzai depois de voltar do exílio |
"O Afeganistão ainda é muito uma sociedade étnica e tribal, as políticas são ditadas por alianças. Muitas das críticas em torno de Karzai são pela falta de ações de desenvolvimento e também pelos acordos com estes senhores da guerra associados a crimes de guerra e violações dos direitos humanos", diz Robert Perito, especialista do Instituto dos Estados Unidos pela Paz
Perito classifica a estratégia de Karzai como um "cálculo frio político" que acabou com sua legitimidade no governo. Diante dos novos acordos que fez na campanha eleitoral, ressalta, Karzai terá espaço de manobra menor ainda para impor as reformas que o Afeganistão precisa para vencer violência, corrupção e pobreza.
Os analistas dizem duvidar de que, se efetivamente reeleito na votação desta quinta-feira (20), ele tenha cargos ministeriais suficientes para cumprir as promessas feitas em campanha.
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Talvez a maneira que escrevo seja um tanto difícil para algumas pessoas entenderem. Acho isso normal! Quando escrevi que se a força de trabalho dos afegãos fosse "utilizada" de maneira construtiva, isso serviria pra atrair muito mais gente para a reconstrução e não para a insurreição e a história, talvez, tivesse um destino diferente da que nós estamos vendo hoje. Sim! É verdade que citei ATÉ os nazistas souberam utilizar a abundante mão de obra ociosa na Alemanha da época. Foi somente com esse objetivo. Dizer que com essa frase era pra que "todos" se transformassem em nazistas ofende qualquer pessoa com um mínimo de bom senso. Até alguém que tem facilidade em tentar ofender as pessoas deve entender que o trabalho ocupa mente e corações. O Afeganistão sempre foi e continuará sendo tribal e democracia para eles é uma palavra desconhecida. Querem pacificá-lo? Sentem-se com os chefes tribais e coloquem todos para trabalhar. Não se deve "nazificar" tudo em nome do passado tão tenebroso pelo qual a história da humanidade já passou. Na minha opinião, os males do nazismo deveria ser matéria obrigatória em todas as escolas do mundo. Com o objetivo de jamais permitir que ele volte. Porém, algumas pessoas não aprendem. Mesmo já tendo sentido na própria pele. O gueto de Gaza não é diferente do de Varsóvia. E, igual em Varsóvia, eles também tem o direito a autodefesa. Parece que estão querendo transformar todo o território palestino em uma grande Gaza...
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E Petain, era o entreguista; queria um estado totalitário aliando-se à Itália e Alemanha. Parece que esse ministro esqueceu disso. Ele é um nazista. Espero que ele vá para a mesma prisão que Pétain foi na ilha de YEU. E que seja perpétua.
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