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18/08/2009 - 18h49

Análise: Região russa do Cáucaso do Norte vive "afeganização"

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MICHAEL STOTT
da Reuters, em Moscou

O ataque mais violento em anos no Cáucaso do Norte, na Rússia, mostra que a "afeganização" da região de maioria muçulmana vem ocorrendo rapidamente, alimentada pela pobreza, pela corrupção, pelas guerras entre clãs e pela brutal imposição da lei.

Analistas afirmaram que o ataque suicida que deixou ao menos 20 mortos numa delegacia de polícia da república da Inguchétia, no sul da Rússia, foi o mais recente golpe nos sonhos do Kremlin de conter a violência islâmica e comprar a paz com a receita do petróleo.

AP
Imagem mostra local de atentado suicida contra o Departamento do Interior de Nazran, a maior cidade da república na Inguchétia
Imagem mostra local de atentado suicida contra o Departamento do Interior de Nazran, a maior cidade da república na Inguchétia

Nas repúblicas pobres que formam o Cáucaso do Norte, a violência atingiu neste verão níveis não vistos em anos. Ataques a bombas, tiroteios e sequestros têm ocorrido principalmente na Tchetchênia, na Inguchétia e no Daguestão.

Svante Cornell, diretor de pesquisas do Central Asia-Caucasus Institute, na Universidade John Hopkins, em Washington, afirmou ter cunhado pela primeira vez o termo "afeganização" há dez anos, para descrever a deterioração do Cáucaso do Norte. "Há toda uma mescla de questões combinadas para criar uma situação muito instável similar ao Afeganistão dos anos 1990", disse ele. Isso inclui o crescimento do islã radical, aumento no desemprego e ineficácia do governo regional.

Durante o "boom" econômico da Rússia nesta década, o melhor que o governo fez, afirmou ele, foi reduzir o declínio da situação graças ao uso do dinheiro do petróleo para incrementar os gastos, mas ele não resolveu nenhum dos problemas fundamentais da região. Agora, com menos dinheiro disponível e o país mergulhado na crise econômica, os problemas agravaram.

O Kremlin alardeou ter alcançado sucesso na Tchetchênia este ano, afirmando que a normalidade havia sido restaurada graças a uma dura repressão aos rebeldes promovida pelo presidente Ramzan Kadyrov e a um programa de reconstrução financiado por Moscou.

Um suposto atentado contra a vida de Kadyrov, junto com uma série de assassinatos de ativistas de direitos humanos, de inimigos de Kadyrov e de rebeldes, acabou com a imagem de normalidade. "Infelizmente, a chamada normalidade de Kadyrov era alcançada apenas com a remoção de qualquer pessoa que pudesse discordar dele; e isso apenas gerou mais violência", comentou um diplomata.

Comentários dos leitores
ROBERTO WILLIAM BANGOIM (80) 01/02/2010 22h08
ROBERTO WILLIAM BANGOIM (80) 01/02/2010 22h08
Nao irá demorar , como alguns já disseram, o povo afegao irá perceber a ameaça....os interesses dos EUA E ALIADOS nao passa de interesses economicos num pais governado por corrupto e 'súdito dos BUSH. Obama demonstrou no seu nobel da paz a sua preferencia pela guerra. ORWEL estaria dando risadas pela contradicao que estamos assistindo no mundo. O premio da paz, faz e defende a guerra. E com certeza teremos insurgencias dos soldados afegaos para o combate contra o invansor. O episódio nao foi um incidente... foi um revide. Em breve teremos um reviravolta do povo afegao. Teremos muitas insurgencias das tropas para defender o pais do invasores... é só esperar para ver...está saindo do controle.... sem opinião
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Vitor Hugo Medeiros De Luca (2) 01/02/2010 10h17
Vitor Hugo Medeiros De Luca (2) 01/02/2010 10h17
Gostaria de aproveitar esta notícia para parabenizar o tão respeitado prêmio Nobel, por conceder um prêmio Nobel da Paz a uma pessoa que um mês depois de receber o prêmio envia mais 30.000 soldados ao Afeganistão e agora quer mais US$ 163 bilhoes (R$308 bilhoes) para fazer guerra.
O EUA tem vários interesses no Afeganistão, todos bem longe de pensar na dignidade do povo Afegão e é por isso que eles vão continuar tampando o sol com a peneira. Além disso, Obama não conseguiu liderar um acordo em Copenhaguem (e nem quis) sem falar da rodada Doha e do protecionismo - criticado por todos - feito à economia dos EUA na reforma pós crise econômica. Ainda prefiro Obama a John Maccain, mas ele está MUITO aquém das expectativas. Não tenho dúvidas de que Zilda Arns merecia este prêmio muito mais do que Obama, mas talvez a simplicidade dela não caiba no jogo de interesses deste prêmio.
26 opiniões
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Marcello Sokal (107) 01/02/2010 09h00
Marcello Sokal (107) 01/02/2010 09h00
E viva a alta tecnologia!.Será que os pretensos "donos do mundo" ,que se dizem tão evoluídos.não conseguem identificar quem é quem no campo de batalha?. O "fogo amigo" não é raro em áreas que os U.S.A atuam,bastar acompanhar os noticiários,estão longe de ser o que apresentam nos filmes, para iludir os tolos de cabeça fraca. Vão perder essa guerra,a do iraque e terão de botar o rabo entre as pernas e cuidar de seus próprios assuntos.Essa de "xerife do mundo" não é mais viável, essas guerras e intervenções a tempos vêm exaurindo o país - e seus contribuintes (manipulados pelo governo mentiroso) - a derrocada é inevitável.Até o próximo século as coisas serão bem diferentes,espero para melhor. Os U.S.A quiseram ser uma nova Roma,mas não conseguiram e nunca conseguirão seu intento. Falando em Roma,esse império governou por 1.000 anos e os U.S.A?. 55 opiniões
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