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25/08/2003
-
15h39
da Folha Online
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, depõe na quinta-feira (28) no inquérito que investiga a morte do especialista em armas David Kelly. Nos últimos dias, a pressão sobre o premiê aumentou devido à divulgação de informações incômodas para o governo.
Cerca de 9.000 páginas de documentos relacionados à investigação sobre o aparente suicídio do especialista foram publicadas no sábado (23), através da internet.
O último documento potencialmente explosivo para Blair, analisado hoje pelos jornais britânicos "Daily Telegraph" e "Financial Times", é um memorando de Alastair Campbell, o diretor de comunicação do premiê. Nele, sugere-se que Blair pediu que fosse enfatizada, em um controvertido informe governamental sobre o arsenal iraquiano de setembro de 2002, a ameaça nuclear que Bagdá representaria.
"Ao premiê preocupa a forma como você apresentou a questão nuclear", escreveu Campbell, em 17 de setembro, em um e-mail a John Scarlett, presidente do comitê conjunto dos serviços de informação.
Em 19 de setembro, em outro e-mail, Campbell propunha a Scarlett que se reescrevesse a passagem sobre a questão nuclear iraquiana, incluindo no final, como conclusão, a seguinte frase: "[Os iraquianos]poderiam produzir armas nucleares em um ou dois anos", com ajuda externa. Essa frase foi utilizada na cópia definitiva.
Governo
São informações altamente embaraçosas para Downing Street, que sempre negou ter interferido na redação do relatório ou ter exagerado nas informações do documento para justificar a guerra no Iraque.
Tony Blair terá que se explicar na quinta-feira ao o juiz Brian Hutton, que dirige a investigação. Uma das perguntas que Blair terá de responder é se teve intenção de enganar o Parlamento para justificar a guerra.
Neste sentido, não ajudarão ao premiê as declarações do general John Walker, ex-vice-presidente do comitê conjunto do serviço de informação que, segundo Downing Street, possuía o "controle" do informe governamental.
Segundo Walker, as armas de destruição em massa que o regime de Bagdá supostamente possuía "não foram a razão, mas a desculpa para ir à guerra".
Armas de destruição em massa
O general Walker, que foi chefe do serviço de informação militar (DIS) de 1991 a 1994, considerou, em uma carta de 2 de julho, "inaceitável" que se incluísse a frase sobre a possibilidade de utilizar as armas de destruição em massa em 45 minutos "com base em uma única fonte".
Kelly, ex-inspetor de armas da ONU (Organização das Nações Unidas), foi encontrado morto, com o pulso esquerdo cortado, em um bosque perto de sua casa, no dia 18 de julho. Ele foi fonte de uma reportagem da rede BBC que acusava Blair de ter exagerado informações sobre o Iraque para justificar a guerra.
Quatro meses após a derrubada de Saddam, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.
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Blair depõe na quinta-feira em inquérito sobre David Kelly
da France Presse, em Londresda Folha Online
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, depõe na quinta-feira (28) no inquérito que investiga a morte do especialista em armas David Kelly. Nos últimos dias, a pressão sobre o premiê aumentou devido à divulgação de informações incômodas para o governo.
Cerca de 9.000 páginas de documentos relacionados à investigação sobre o aparente suicídio do especialista foram publicadas no sábado (23), através da internet.
Reuters - 24.02.2003 |
Tony Blair, primeiro-ministro do Reino Unido |
"Ao premiê preocupa a forma como você apresentou a questão nuclear", escreveu Campbell, em 17 de setembro, em um e-mail a John Scarlett, presidente do comitê conjunto dos serviços de informação.
Em 19 de setembro, em outro e-mail, Campbell propunha a Scarlett que se reescrevesse a passagem sobre a questão nuclear iraquiana, incluindo no final, como conclusão, a seguinte frase: "[Os iraquianos]poderiam produzir armas nucleares em um ou dois anos", com ajuda externa. Essa frase foi utilizada na cópia definitiva.
Governo
São informações altamente embaraçosas para Downing Street, que sempre negou ter interferido na redação do relatório ou ter exagerado nas informações do documento para justificar a guerra no Iraque.
Tony Blair terá que se explicar na quinta-feira ao o juiz Brian Hutton, que dirige a investigação. Uma das perguntas que Blair terá de responder é se teve intenção de enganar o Parlamento para justificar a guerra.
Neste sentido, não ajudarão ao premiê as declarações do general John Walker, ex-vice-presidente do comitê conjunto do serviço de informação que, segundo Downing Street, possuía o "controle" do informe governamental.
Segundo Walker, as armas de destruição em massa que o regime de Bagdá supostamente possuía "não foram a razão, mas a desculpa para ir à guerra".
Armas de destruição em massa
O general Walker, que foi chefe do serviço de informação militar (DIS) de 1991 a 1994, considerou, em uma carta de 2 de julho, "inaceitável" que se incluísse a frase sobre a possibilidade de utilizar as armas de destruição em massa em 45 minutos "com base em uma única fonte".
Kelly, ex-inspetor de armas da ONU (Organização das Nações Unidas), foi encontrado morto, com o pulso esquerdo cortado, em um bosque perto de sua casa, no dia 18 de julho. Ele foi fonte de uma reportagem da rede BBC que acusava Blair de ter exagerado informações sobre o Iraque para justificar a guerra.
Quatro meses após a derrubada de Saddam, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.
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