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26/08/2003 - 10h58

Chefe da inteligência britânica defende dossiê sobre o Iraque

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da Folha Online

Uma alta autoridade da inteligência britânica defendeu hoje a afirmação de que o Iraque era capaz de lançar armas de destruição em massa em 45 minutos e disse que ele não era submetido a pressão política para apoiar as informações sobre as capacidades iraquianas.

John Scarlett, diretor do Comitê Conjunto de Inteligência do governo do Reino Unido, defendeu a credibilidade da informação, que foi dada por uma única e não-identificada fonte.

"Issa foi uma informação dada por uma única fonte", disse Scarlett durante um inquérito judicial que investiga o aparente suicídio do cientista britânico David Kelly, especialista em armas e conselheiro do governo do Reino Unido que participou da redação do dossiê.

"Foi um confiável informação que citava um alto oficial militar iraquiano", disse.

Scarlett declarou que o serviço de inteligência sugeria que o Iraque poderia lançar armas em, no máximo, 45 minutos --a média seria perto de 20 minutos.

Questionado se oficiais de inteligência estavam descontentes com o uso da afirmação sobre os 45 minutos em um dossiê divulgado em setembro que foi usado pelo governo britânico para justificar a Guerra do Iraque, Scarlett declarou: "De jeito nenhum".

"Eu não sabia de nenhum descontentamento da comunidade do serviço de inteligência sobre o conteúdo do dossiê e as acusações que estávamos fazendo nele", declarou.

Mas ele não rejeitou testemunhos anteriores que apontam que alguns membros do serviço de inteligência haviam questionado a credibilidade da informação sobre a afirmação dos 45 minutos. Ele disse que houve muita discussão sobre como fazer a declaração, como parte normal do trabalho de inteligência.

Scarlett, que teve um papel central no lançamento do dossiê em setembro, tornou-se uma figura chave na controvérsia sobre afirmações de que o governo do primeiro-ministro Tony Blair exagerou sobre a ameaça iraquiana.

Scarlett declarou hoje que ele era responsável pela preparação do dossiê, embora ele tenha recebido conselhos na redação e apresentação do principal porta-voz de Blair, Alastair Campbell.

Uma reportagem da BBC dizendo que Campbell tinha a afirmação sobre os 45 minutos inserida no dossiê para fortalecê-lo gerou uma crise política que domina o cenário britânico há três meses. Campbell nega a reportagem.

Scarlett afirmou hoje que Campbell deu conselhos, mas insistiu que nunca foi alvo de nenhuma pressão política.

O juiz Lord Hutton, responsável pelo inquérito, chamou Blair para testemunhar na quinta-feira (28) e o secretário de Defesa, Geoff Hoon, amanhã.

Kelly, respeitado especialista em armas de destruição em massa, foi identificado como a fonte da reportagem da BBC que questionou a veracidade do dossiê --principalmente a afirmação de que as forças de Saddam Hussein poderiam lançar armas químicas ou biológicas em 45 minutos.

Depois que o Ministério da Defesa tornou o nome de Kelly público, o cientista de 59 anos e ex-inspetor de armas da ONU no Iraque foi encontrado com os pulsos cortados. Após o aparente suicídio, a BBC confirmou que Kelly era a autoridade não identificada citada pela reportagem.

Três dias antes de seu corpo ser encontrado, Kelly afirmou ao Comitê de Relações Exteriores acreditar que ele não era a principal fonte da reportagem da BBC realizada pelo repórter Andrew Gilligan.

Com agências internacionais

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