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28/08/2003 - 16h13

Conflito armado no Peru deixou 69 mil mortos e desaparecidos

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da France Presse, em Lima
da Folha Online

O presidente da Comissão Verdade e Reconciliação, o peruano Salomón Lerner anunciou hoje que a violência política no Peru deixou mais de 69 mil mortos e desaparecidos nos últimos 20 anos, o dobro do que se estimava anteriormente.

Lerner culpou o grupo Sendero Luminoso pelos conflitos e acusou as Forças Armadas e a polícia por crimes contra os direitos humanos.

Segundo ele, ''cabe hoje ao Peru enfrentar um tempo de vergonha nacional''. O chefe da comissão afirmou que ''as duas décadas finais do século 20 deixaram no país uma marca de horror e de desonra para o Estado e a sociedade''.

O relatório foi baseado em dois anos de investigações sobre as violações aos direitos humanos no país entre 1980 e 2000 e contou com aproximadamente 17 mil testemunhos.

A comissão teve acesso a documentos militares internos e também entrevistou líderes rebeldes detidos, ex-presidentes e outras figuras públicas.

Alvos civis

Durante os 20 anos de guerra interna, a população foi especialmente atingida, principalmente os habitantes de áreas rurais e de pequenas cidades, que muitas vezes se viram no meio do fogo cruzado entre os ataques dos grupos terroristas e a repressão desencadeada pelas forças de segurança.

As conclusões da comissão, fundada em 2001, alguns meses após a fuga do então presidente, Alberto Fujimori, para o Japão, em novembro de 2000, serão entregues aos presidentes do Peru, Alejandro Toledo, do Congresso, Henry Pease, e da Corte Suprema de Justiça, Hugo Sivina.

O padre Salomón Lerner, reitor da Universidade Católica de Lima, e um dos 12 integrantes da comissão, o relatório denunciará mais de cem militares responsáveis por graves violações aos direitos humanos.

Embora o objetivo do trabalho seja buscar a reconciliação entre os peruanos, a comissão não deverá propor algum tipo de perdão aos terroristas do Sendero atualmente presos --muitos deles condenados em julgamentos quase sumários, que não respeitaram os padrões processuais reconhecidos internacionalmente.

Estima-se que haja mais de 2.000 membros do grupo nas prisões, entre eles seu líder máximo, Abimael Guzmán, capturado em 1992, no primeiro mandato de Fujimori. A prisão levou ao desmantelamento do Sendero, que nunca mais se recuperou.

O Sendero, de inspiração maoísta, é apontado como o principal responsável pela guerra interna. Na tentativa de tomar o poder pelas armas, o grupo empregou métodos extremamente violentos, comparados aos praticados pelo Khmer Vermelho, que tomou o poder no Camboja entre 1975 e 1979 e executou centenas de milhares.

Com agências internacionais
 

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