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29/08/2003
-
03h58
MARIA LUIZA ABBOTT
Free-lance para a Folha de S.Paulo, de Londres
O premiê britânico, Tony Blair, assumiu responsabilidades ontem, mas sai do episódio com a reputação abalada, segundo o analista político Gwyn Prins, professor da London School of Economics. Para ele, é uma ironia, pois o inquérito está mostrando que o governo não exagerou o dossiê sobre o Iraque.
Folha de S.Paulo- Qual sua avaliação do desempenho de Blair?
Gwyn Prins - Ele desafiou lorde Hutton [o juiz] a julgar as consequências, dizendo que foi dele [Blair] a decisão de revelar o nome de Kelly. Mas os eventos de hoje [ontem] mostraram que o governo Blair está decisivamente em declínio, porque ele não vai mais conseguir persuadir o público em geral a confiar nele. Tudo o que foi revelado mostrou que o governo não atuou da maneira como se esperava. Tudo foi feito por um ex-jornalista, Alastair Campbell [diretor de Comunicações], que parece uma figura rasputiniana em sua relação com Blair. Campbell surge como o mais poderoso. Blair é o marionete e Campbell parece ser o mestre.
Folha de S.Paulo - O que apareceu até agora confirma a reportagem da BBC?
Prins - Não. Está claro que o governo não é culpado das acusações feitas por Andrew Gilligan [repórter da BBC]. Gilligan terá de se demitir se a BBC quiser preservar seu bom nome. O governo sai com a reputação seriamente abalada, e a BBC também.
Folha de S.Paulo - Se a reportagem estava errada, por que a reputação de Blair está abalada?
Prins - Porque agora está claro que a discussão sobre se o nome de Kelly deveria ser revelado ou não não foi feita em busca da verdade, mas nos interesses do que o ministro da Defesa [Geoff Hoon] chamou de "apresentação". Mostra que se trata de um governo obcecado com a forma pela qual se apresenta.
Folha de S.Paulo - O futuro de Blair como primeiro-ministro está em risco?
Prins - Não há nenhum rival óbvio. Acho que sua posição no governo não deve ser desafiada.
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O premiê britânico, Tony Blair, assumiu responsabilidades ontem, mas sai do episódio com a reputação abalada, segundo o analista político Gwyn Prins, professor da London School of Economics. Para ele, é uma ironia, pois o inquérito está mostrando que o governo não exagerou o dossiê sobre o Iraque.
Folha de S.Paulo- Qual sua avaliação do desempenho de Blair?
Gwyn Prins - Ele desafiou lorde Hutton [o juiz] a julgar as consequências, dizendo que foi dele [Blair] a decisão de revelar o nome de Kelly. Mas os eventos de hoje [ontem] mostraram que o governo Blair está decisivamente em declínio, porque ele não vai mais conseguir persuadir o público em geral a confiar nele. Tudo o que foi revelado mostrou que o governo não atuou da maneira como se esperava. Tudo foi feito por um ex-jornalista, Alastair Campbell [diretor de Comunicações], que parece uma figura rasputiniana em sua relação com Blair. Campbell surge como o mais poderoso. Blair é o marionete e Campbell parece ser o mestre.
Folha de S.Paulo - O que apareceu até agora confirma a reportagem da BBC?
Prins - Não. Está claro que o governo não é culpado das acusações feitas por Andrew Gilligan [repórter da BBC]. Gilligan terá de se demitir se a BBC quiser preservar seu bom nome. O governo sai com a reputação seriamente abalada, e a BBC também.
Folha de S.Paulo - Se a reportagem estava errada, por que a reputação de Blair está abalada?
Prins - Porque agora está claro que a discussão sobre se o nome de Kelly deveria ser revelado ou não não foi feita em busca da verdade, mas nos interesses do que o ministro da Defesa [Geoff Hoon] chamou de "apresentação". Mostra que se trata de um governo obcecado com a forma pela qual se apresenta.
Folha de S.Paulo - O futuro de Blair como primeiro-ministro está em risco?
Prins - Não há nenhum rival óbvio. Acho que sua posição no governo não deve ser desafiada.
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