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01/09/2003 - 08h17

Viúva de Kelly diz que cientista se sentia "traído" pelo governo

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da Folha Online

A viúva de David Kelly, assessor britânico que foi a fonte de polêmica reportagem da BBC sobre o Iraque, declarou hoje a um juiz que seu marido se sentia "traído" pelo Ministério da Defesa do Reino Unido pouco antes de seu aparente suicídio.

"[David Kelly] Disse várias vezes nas horas de refeições que se sentia totalmente abandonado e traído", declarou Janice Kelly, que depôs ao juiz James Brian Hutton, responsável pelas investigações sobre a morte do cientista britânico.

Kelly foi fonte de uma reportagem da rede BBC que acusava Blair de ter exagerado a ameaça iraquiana em um dossiê publicado em setembro para justificar a Guerra do Iraque.

Especialista em armas de destruição em massa e assessor do Ministério da Defesa, Kelly foi encontrado morto, com o pulso esquerdo cortado, em um bosque perto de sua casa, no dia 18 de julho.

O nome de Kelly foi publicado na imprensa no dia 10 de julho, uma semana antes de seu aparente suicídio.

Blair

O premiê britânico, Tony Blair, em depoimento ao juiz Hutton no processo sobre a morte de Kelly, declarou na quinta-feira (28) que não sabia que o cientista se ocupou do dossiê sobre o arsenal iraquiano.

Blair afirmou também que teria "merecido renunciar" se, como afirmou a BBC, o dossiê tivesse sido alterado por seus assessores.

Na quarta-feira (27), o ministro da Defesa do Reino Unido, Geoff Hoon, admitiu ao juiz Hutton que dois membros dos serviços secretos mostraram mal-estar pela "linguagem" usada no dossiê.

Segundo a imprensa britânica, Hoon deverá pedir demissão quando Hutton apresentar suas conclusões e será a principal baixa do governo trabalhista.

Renúncia

Na sexta-feira (29), Alastair Campbell, chefe de comunicações de Blair, renunciou de seu cargo.

Campbell é um dos personagens principais da investigação judicial em torno do aparente suicídio de Kelly.

A BBC disse no final de maio que o governo --principalmente Alastair Campbell-- forçou que se incluísse no dossiê que Saddam Hussein era capaz de lançar armas de destruição em massa em 45 minutos.

Quatro meses após a derrubada de Saddam Hussein, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no Iraque, levantando dúvidas sobre a justificativa de Washington e Londres para a ação militar.

O governo trabalhista britânico, abalado pelo escândalo do caso Kelly, vive seu momento mais difícil desde que, há seis anos, chegou ao poder.

Com agências internacionais

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