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05/09/2003 - 15h41

Preparação de reunião Farc-ONU pode durar meses, diz embaixadora

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da France Presse, em Bogotá
da Folha Online

A preparação de uma provável reunião entre representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) e da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Brasil "pode demorar muitos meses", afirmou hoje a embaixadora brasileira em Bogotá (Colômbia), Maria Celina de Azevedo.

"Esse é um processo negociador que é muito complexo e pode demorar muitos meses porque cada uma das partes estabelece condições sob as quais quer se reunir e a agenda que quer desenvolver", declarou a representante diplomática.

Azevedo destacou que "o que interessa às Nações Unidas em seus contatos com as Farc, e em consultas com o governo colombiano, é estabelecer as bases desse encontro".

A organização da reunião "está em um ponto ainda muito primitivo na em medida que, diante de uma consulta das Nações Unidas sobre a possibilidade de o Brasil sediar em seu território este encontro com as Farc, o governo brasileiro disse que estaria disposto a colaborar no que for necessário, assim que as autoridades colombianas solicitarem", acrescentou a embaixadora.

O Brasil faz parte do pequeno grupo de países que resistiu a pedidos do governo colombiano de rotular as Farc como "organização terrorista" --o que contribuiria na escolha do país para sede do encontro.

Debate

A possível reunião já começou a chamar a atenção de líderes políticos e analistas, que dizem acreditar que as Farc levarão ao Brasil a proposta de trocar 40 militares e policiais que mantêm em seu poder por 300 rebeldes presos.

O anúncio da reunião coincide com a recente divulgação de provas de sobrevivência de mais de 30 civis e militares em poder das Farc, incluindo a gravação de vídeo da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt.

"Não sou tão otimista para pensar que a guerrilha está buscando as Nações Unidas porque aceita o papel que o governo lhe confere de mediador no conflito. Parece-me mais que busca o status político que perdeu, ao pretender incorporar a ONU na questão da troca de prisioneiros, que é o que realmente interessa à guerrilha", comentou o analista Alfredo Rangel.

Ele afirmou que, em um comunicado conjunto divulgado há uma semana, as Farc e o rebelde Exército para a Libertação Nacional (ELN) descartaram qualquer aproximação com o governo de Uribe, mas insistiram na troca de prisioneiros.

O ex-procurador-geral Jaime Bernal disse acreditar que o encontro significará uma "abertura neste momento" para "buscar uma alternativa diferente ao confronto armado".

Conflito interno

Se o encontro for confirmado, será o primeiro diálogo com as Farc (principal guerrilha da Colômbia, com 17 mil membros), desde que as negociações de paz com o governo fracassaram, em fevereiro de 2002 --quando os rebeldes sequestraram um vôo comercial e um senador.

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que as Farc chamam de "fascista", promete derrotar os rebeldes no campo de batalha se eles não declararem um cessar-fogo para negociações. Rebeldes das Farc mataram o pai do presidente colombiano nos anos 1980, durante uma tentativa de sequestro fracassada.

Cerca de 3.500 colombianos morrem a cada a ano em decorrência do conflito armado --envolvendo forças do governo, guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita e traficantes-- que atinge o país há décadas.

Com agências internacionais

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