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21/09/2009 - 11h56

Morte de inocentes pode levar à derrota no Afeganistão, diz comandante dos EUA

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da Folha Online

O comandante das forças dos Estados Unidos no Afeganistão, general Stanley McChrystal, afirmou em relatório entregue ao governo que o país deve fazer uma revisão urgente na estratégia para o Afeganistão e alertou que, ao causar a morte de civis e danos colaterais "desnecessários", pode perder a batalha contra o grupo islâmico radical Taleban.

"Nós corremos o risco de uma derrota estratégica ao tentar utilizar táticas que causam morte de civis ou dano colateral desnecessário. Os insurgentes não podem nos derrotar militarmente, mas nós podemos causar nossa própria derrota", disse McChrystal, que é comandante também das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão.

Julie Jacobson-27ago.09/AP
Membro da Marinha dos EUA, Braxton Russell presta homenagem ao colega Joshua Bernard --morto em uma emboscada-- durante funeral na base americana na Província de Helmand, uma das áreas mais perigosas
Membro da Marinha dos EUA, Braxton Russell presta homenagem ao colega Joshua Bernard --morto em uma emboscada-- durante funeral na base americana na Província de Helmand, uma das áreas mais perigosas

A missão internacional foi duramente criticada pelo recente bombardeio aéreo, no último dia 4, contra dois caminhões-tanque com combustível roubados pelos militantes do Taleban. Segundo uma comissão de investigação ordenada pelo governo afegão, o ataque matou 30 civis e 69 militantes.

A edição alemã do jornal "Financial Times" (FTD), que cita fontes ligadas à Otan, diz que o coronel alemão Georg Klein passou informações falsas para justificar o bombardeio.

O general McChrystal, que ordenou uma investigação sobre o bombardeio, disse ainda que o esforço na guerra no Afeganistão "está se deteriorando" apesar do "esforço considerável e sacrifício".

Segundo cópia do relatório, divulgado pelo jornal "Washington Post", McChrystal pede um reforço nas tropas americanas no país e diz que, sem mais soldados, a missão americana deve "terminar em fracasso".

"Apesar do esforço considerável e sacrifício que resultaram em algum progresso, muitos indicadores sugerem que o esforço geral está se deteriorando", disse McChrystal, sobre o progresso da guerra.

Um porta-voz para o Ministério de Defesa do Afeganistão afirmou neste domingo que o governo afegão não deve contestar os comandantes militares internacionais no assunto, mas que o foco maior está do outro lado da fronteira, no Paquistão --país incluído por Obama na guerra ao grupo islâmico radical Taleban. Segundo o porta-voz, os insurgentes estão se infiltrando no Afeganistão pela fronteira com o Paquistão.

Decisão

Obama deve decidir agora se seguirá os conselhos de McChrystal e enviará milhares de soldados adicionais ou se manterá o esforço adicional já anunciado no começo do ano e que prevê que, até o fim de 2009, haverá 68 mil soldados americanos no Afeganistão.

A decisão fica ainda mais difícil diante da resistência dos americanos ao conflito, cujo apoio atingiu o menor nível entre os americanos desde que o conflito foi iniciado, com a invasão das forças americanas pouco depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Segundo pesquisa Opinion Research Corp., feita para a rede de TV CNN, 39% dos americanos dizem apoiar a guerra contra 58% que opõem-se ao conflito.

A pesquisa mostra uma redução de cinco pontos percentuais em relação a pesquisa de abril passado e o menor índice nos oito anos do conflito contra o Taleban.

Obama deixou claro em uma maratona na televisão americana neste domingo que ele está avaliando se a nova estratégia para o Afeganistão funciona e que não vai se apressar para definir se haverá um reforço adicional às tropas.

"Recursos não vão ganhar esta guerra, mas falta de recursos podem perdê-la", disse McChrystal em um resumo de cinco páginas. O relatório, de 66 páginas, é confidencial e foi enviado ao secretário de Defesa Robert Gates em 30 de agosto passado. Ele passa por revisão na Casa Branca.

Prazo

McChrystal alertou ainda que, ao menos que os EUA e seus aliados revertam o crescimento da insurgência no próximo ano, arriscam "um resultado onde derrotar a insurgência não é mais possível".

O Pentágono e a Casa Branca esperam um pedido separado e mais detalhado por tropas e recursos adicionais.

No Congresso, a guerra do Afeganistão tornou-se assunto de debate partidário. Os senadores republicanos pedem mais forças no país para reverter a situação da guerra e os democratas tentam evitar um investimento ainda maior no conflito impopular e que já entra em, seu nono ano.

Obama disse que não pediu a McChrystal que elaborasse seu pedido de reforço de tropas americanas.

 

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