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11/09/2003 - 05h25

Tensão cerca aniversário do golpe chileno

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CHICO DE GOIS
da Folha de S.Paulo, em Santiago

A capital do Chile viveu ontem momentos de tensão por conta dos 30 anos do golpe militar, lembrado hoje. Em frente ao palácio de La Moneda, sede do governo federal, no centro de Santiago, um pacote suspeito deixado aos pés de uma estátua do ex-presidente Salvador Allende obrigou os carabineiros (polícia militar chilena) a isolar a área.

Um robô foi utilizado para manipular o embrulho, pois temia-se que se tratasse de uma bomba. Quando aberto, descobriu-se que a caixa continha apenas duas bíblias.

A operação foi realizada na parte da manhã, no momento em que o presidente Ricardo Lagos participava de uma cerimônia no salão de audiências do Ministério do Interior onde foram pendurados dois quadros --um em que Allende aparece na sacada do palácio, em 4 de novembro de 1970, acenando para simpatizantes ao tomar posse, e outro do mesmo balcão destruído devido à artilharia no dia do golpe. Lagos estava acompanhado da viúva de Allende, Hortensia Bussi, e das filhas do presidente, Isabel e Beatriz.

A tensão vivida ontem teve origem no dia anterior. Por volta das 22h de anteontem, uma bomba explodiu na subprefeitura de Recoleta, causando danos à fachada, à porta de entrada e quebrando janelas. Os carabineiros também desativaram outro artefato que havia sido colocado próximo a um de seus quartéis.

No município de Temuco, 672 quilômetros ao sul de Santiago, outra bomba explodiu em frente a uma rede de lojas de material de construção.

A situação que, anualmente, leva violência às ruas de Santiago no dia 11 de setembro, complicou-se ainda mais depois que o subprefeito de Recoleta, Gonzalo Cornejo, anunciou, durante a semana, que iria fechar o cemitério geral no domingo, quando acontece uma manifestação de familiares de mortos e desaparecidos políticos.

Cornejo justificou a medida afirmando que todos os anos há depredações no cemitério. Entidades de direitos humanos ingressaram com uma ação na Justiça para tentar derrubar o ato do subprefeito. O julgamento deverá ocorrer hoje.

Ontem, uma ameaça anônima dava conta de que haveria outra bomba na subprefeitura de Recoleta. A polícia desocupou o prédio, mas nada foi encontrado.

De qualquer forma, a segurança nas ruas de Santiago foi redobrada. A Central de Informações dos Carabineiros afirmou que está em grau de alerta máximo. Cerca de 27 mil homens estarão nas ruas principalmente hoje, 15 mil dos quais somente em Santiago.

Os carabineiros também identificaram dez locais "mais temidos" na cidade, onde, espera-se, devem acontecer incidentes. A maioria deles, segundo a polícia, tem um passado de violência no dia 11, além de ter uma população pobre e com muitos jovens, motivos, segundo os carabineiros, para redobrar a atenção.

No ano passado, os distúrbios causaram depredação de lojas e deixaram vários feridos. Os manifestantes utilizaram coquetéis molotov e atiraram paus e pedras contra os policiais, que revidaram com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, além de caminhões que disparavam jatos de água.

Apesar de toda a tensão, comércio e faculdades devem funcionar normalmente hoje. Algumas universidades, porém, como Diego Portales e Santo Tomás, anunciaram que deverão encerrar o expediente às 15h. O comércio só fechará as portas se houver incidentes.

Entidades extremistas de esquerda, que devem participar de manifestações de hoje, chegam a ensinar a fabricar bombas caseiras em sua página na internet.

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