Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/09/2003 - 05h53

Furação Isabel deixa rastro de destruição na Costa Leste dos EUA

Publicidade

da France Presse, em Kitty Hawk

O furacão Isabel, transformado em tempestade tropical, atingiu a Costa Leste dos Estados Unidos ontem com chuvas torrenciais e ventos de até 165 km/h, matando três pessoas e deixando um rastro de destruição: telhados arrancados, milhares de residências sem energia elétrica, aeroportos do litoral bloqueados e o governo federal em Washington D.C. paralisado.

A primeira vítima fatal do Isabel foi um motorista que perdeu o controle do carro e bateu em uma estrada de Richmond, capital da Virgínia, 160 km ao sul de Washington.

Na Carolina do Norte, um homem morreu eletrocutado quando tentava restabelecer o fornecimento de energia em uma comunidade, e em Maryland, outro homem faleceu ao bater contra um poste, que caiu sobre o carro.

Após deixar um rastro de destruição, o Isabel perdeu força no início da noite de ontem e se transformou em tempestade tropical, seguindo em direção noroeste a 32 km/hora, mas poderá mudar de rumo nas próximas 24 horas, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC) em Miami, Flórida.

"O Isabel perdeu força e se transformou em tempestade tropical", disse o NHC em um comunicado, que destaca que os ventos devem cair agora para 110 km/h. A tempestade tropical se caracteriza por ventos de entre 63 km/h e 118 km/h.

"Perdeu força ao entrar no continente, mas podem ocorrer ventos fortes no norte da Virgínia e em Maryland, com rajadas da força de um furacão", advertiu o NHC. "Ao longo da costa, há risco de ondas perigosas e de inundações."

A Carolina do Norte é varrida por tempestades e fortes ventos, quadro que deve piorar nas próximas horas, segundo o CNH.

Eletricidade

Segundo as companhias de eletricidade, 1,4 milhão de residências na Carolina do Norte e Virgínia ficaram sem energia. Em entrevista à rede CNN, o governador da Virgínia, Mark Warner, revelou que os apagões devem durar alguns dias.

Na manhã de ontem, a costa da Carolina do Norte estava desolada, depois que milhares de pessoas fugiram da região para se proteger do Isabel, que em seu percurso de destruição pode afetar 50 milhões de habitantes, segundo dados do Censo americano.

Maryland, Carolina do Norte e Virgínia tiveram o estado de emergência decretado pelas autoridades locais, que ordenaram a retirada de mais de 225 mil moradores das ilhas próximas à costa destes dois últimos Estados.

Por causa dos primeiros efeitos do Isabel, o presidente George W. Bush declarou, inclusive, a Carolina do Norte como zona de desastre e liberou uma ajuda federal, informou a Casa Branca, acrescentando que o anúncio ainda será feito oficialmente.

Precauções

Em Washington D.C., que também está na rota do Isabel, também foram adotadas algumas precauções. As agências federais ficaram fechadas ontem e apenas as equipes de emergência se mantêm a postos, em estado de alerta.

A Câmara dos Representantes não funcionou e o Senado encurtou o horário de trabalho. Por causa do furacão, o secretário de Estado, Colin Powell, cancelou uma viagem a Estocolmo, onde assistiria hoje ao funeral da chanceler Anna Lindh.

A maioria dos serviços de trem do sul de Washington foi cancelada e quase todas as escolas não devem funcionar hoje, depois de amanhecerem fechadas ontem. Outros meios de transporte e serviços públicos já avisaram também sobre a possibilidade de não funcionarem nos próximos dias. Além disso, os eventos esportivos programados para a região foram adiados.

Navios da Marinha americana estão se afastando da região que deve ser afetada pelo Isabel e vários aviões militares já foram transferidos para outras bases dos EUA.

Cancelamento

Mais de 1.500 vôos comerciais do litoral do país foram cancelados, ou reprogramados, para rotas mais seguras, declarou o presidente da Associação Air Travellers, David Stempler, citando, segundo ele, números da Administração Federal de Aviação americana (FAA em inglês).

Stempler disse que 800 vôos foram anulados em 19 grandes aeroportos do nordeste, do sul e do centro do país. Somente a companhia US Airways, por exemplo, cancelou 400 vôos ontem e hoje em vários aeroportos de Washington, Virgínia, Carolina do Norte e Carolina do Sul.

De acordo com a FAA, o aeroporto nacional Ronald Reagan em Washington foi fechado ontem às 16h (13h de Brasília).

"Há muito pouca atividade nos aeroportos de Washington Dulles e Washington Baltimore [os dois aeroportos internacionais da capital federal americana]", declarou Jack Kies, da FAA, ao canal de televisão CNN.

"No nordeste, os aviões chegavam e saiam com pelo menos 90 minutos de atraso dos aeroportos de La Guardia [Nova York] e Filadélfia, por causa do vento", declarou.

Meteorologistas acreditam que a capital dos Estados Unidos pode receber ventos de até 70 km/h e o rio Potomac registrar uma alta de 1,85 m.

Toque de recolher

Todas as pontes e embarcações que fazem a ligação entre as regiões costeiras e as ilhas ao continente foram fechadas na noite de quarta-feira (17). As autoridades de Topsail Beach impuseram um toque de recolher a partir de 23h de ontem.

A maioria dos moradores do balneário do Kitty Hawk, cidade dos irmãos Wright, considerados os pais da aviação pelos americanos, deixou a cidade na quarta-feira.

"A maioria das pessoas está fazendo a coisa certa, que é partir e levar seus pertences", disse o bombeiro Cole Yeatts. "Estamos orientando os moradores para que fiquem em abrigos, mas muitos deles viajam para as casas de familiares e amigos longe da costa", declarou.

O governador de Nova York, George Pataki, já pediu aos moradores do estado que adotem precauções por causa da chegada do Isabel.

"A tempestade não deve ser tão intensa como os especialistas previam, mas é importante armazenar alimentos, água, pilhas, lanternas e rádios portáteis. Peço a todos que fiquem atentos às transmissões [...] das emissoras de rádio e televisão locais", disse.

Especial
  • Leia mais sobre furacões e tufões
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página