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25/09/2003
-
15h53
INGRID BAZINET
da France Presse, em Londres
Jeremy Gompertz, advogado da família de David Kelly acusou de falsidade e de "hipocrisia" o governo do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o ministro da Defesa, Geoff Hoon, no caso do suposto suicídio do cientista, em meio a um mal-estar geral relacionado aos motivos alegados oficialmente para justificar a guerra contra o Iraque.
Gompertz, que manifestou sua opinião no último dia da investigação sobre a morte do especialista, não usou meias-palavras para descrever o que classificou de "abuso cínico do poder" por parte do governo.
Na opinião dele, o gabinete de Blair decidiu utilizar Kelly como bode expiatório contra a BBC. O objetivo seria abafar a acusação da emissora de rádio e televisão pública de que o governo britânico exagerou, de maneira intencional, a ameaça representada supostamente pelo Iraque para justificar a entrada do país na guerra.
"O governo pretendia divulgar o nome de Kelly no dia 9 de julho e deixou a decisão final sobre a maneira de fazer isso nas mãos de Hoon", disse Gompertz.
De acordo com indícios da investigação, o cientista Kelly cometeu suicídio no dia 17 de julho, uma semana depois de seu nome ter aparecido na imprensa.
Críticas
"Se, como acredita a família, existiu uma estratégia para divulgar o nome de Kelly (...), tratou-se de um abuso cínico de poder e isto merece a mais forte das condenações possíveis", afirmou o advogado.
Além disso, Gompertz chamou de "irrisório" o apoio do Ministério da Defesa (MoD) ao cientista. O MoD só precisou de 46 segundos ao telefone para avisar Kelly que seu nome havia sido descoberto pela imprensa.
Gompertz acrescentou que, durante o processo de investigação, o governo e o ministério "não aceitaram nenhuma crítica nem reconheceram qualquer falha nos acontecimentos que levaram à morte do professor Kelly".
"A viúva de Kelly e suas filhas estão ofendidas e irritadas com as declarações do chefe de pessoal do ministro da Defesa, Richard Hatfield, que insinuou que o cientista era responsável por suas próprias desgraças", disse o advogado.
Também denunciou a hipocrisia das declarações públicas de Hoon, que negou a existência de um planejamento governamental para divulgar o nome de Kelly.
A família afirma que o ministro da Defesa era um dos grandes defensores da proposta de tornar público o nome do cientista.
Governo
O advogado do governo, Jonathan Sumption, afirmou: "O Executivo não estava e nunca esteve envolvido em cruzada contra a BBC, mas não poderia deixar passar a grave acusação sobre o suposto exagero do relatório governamental, divulgado em setembro de 2002, denunciando que o Iraque possuía armas de destruição em massa".
Ao comentar as dúvidas relatadas por dois membros do serviço de inteligência militar a seus superiores do ministério da Defesa, a respeito da divulgação do relatório, Sumption afirmou que estes funcionários não estavam a par dos detalhes do documento, mantidos sob sigilo.
As conclusões da investigação podem ser devastadoras para o governo de Blair, que é acusado pela opinião pública de ter entrado numa guerra com base em mentiras.
O juiz Brian Hutton, responsável pela investigação do caso Kelly, anunciou hoje que divulgará seu relatório final em novembro ou, no máximo, em dezembro.
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Família de David Kelly faz duras acusações ao governo britânico
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da France Presse, em Londres
Jeremy Gompertz, advogado da família de David Kelly acusou de falsidade e de "hipocrisia" o governo do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o ministro da Defesa, Geoff Hoon, no caso do suposto suicídio do cientista, em meio a um mal-estar geral relacionado aos motivos alegados oficialmente para justificar a guerra contra o Iraque.
Gompertz, que manifestou sua opinião no último dia da investigação sobre a morte do especialista, não usou meias-palavras para descrever o que classificou de "abuso cínico do poder" por parte do governo.
Na opinião dele, o gabinete de Blair decidiu utilizar Kelly como bode expiatório contra a BBC. O objetivo seria abafar a acusação da emissora de rádio e televisão pública de que o governo britânico exagerou, de maneira intencional, a ameaça representada supostamente pelo Iraque para justificar a entrada do país na guerra.
"O governo pretendia divulgar o nome de Kelly no dia 9 de julho e deixou a decisão final sobre a maneira de fazer isso nas mãos de Hoon", disse Gompertz.
De acordo com indícios da investigação, o cientista Kelly cometeu suicídio no dia 17 de julho, uma semana depois de seu nome ter aparecido na imprensa.
Críticas
"Se, como acredita a família, existiu uma estratégia para divulgar o nome de Kelly (...), tratou-se de um abuso cínico de poder e isto merece a mais forte das condenações possíveis", afirmou o advogado.
Além disso, Gompertz chamou de "irrisório" o apoio do Ministério da Defesa (MoD) ao cientista. O MoD só precisou de 46 segundos ao telefone para avisar Kelly que seu nome havia sido descoberto pela imprensa.
Gompertz acrescentou que, durante o processo de investigação, o governo e o ministério "não aceitaram nenhuma crítica nem reconheceram qualquer falha nos acontecimentos que levaram à morte do professor Kelly".
"A viúva de Kelly e suas filhas estão ofendidas e irritadas com as declarações do chefe de pessoal do ministro da Defesa, Richard Hatfield, que insinuou que o cientista era responsável por suas próprias desgraças", disse o advogado.
Também denunciou a hipocrisia das declarações públicas de Hoon, que negou a existência de um planejamento governamental para divulgar o nome de Kelly.
A família afirma que o ministro da Defesa era um dos grandes defensores da proposta de tornar público o nome do cientista.
Governo
O advogado do governo, Jonathan Sumption, afirmou: "O Executivo não estava e nunca esteve envolvido em cruzada contra a BBC, mas não poderia deixar passar a grave acusação sobre o suposto exagero do relatório governamental, divulgado em setembro de 2002, denunciando que o Iraque possuía armas de destruição em massa".
Ao comentar as dúvidas relatadas por dois membros do serviço de inteligência militar a seus superiores do ministério da Defesa, a respeito da divulgação do relatório, Sumption afirmou que estes funcionários não estavam a par dos detalhes do documento, mantidos sob sigilo.
As conclusões da investigação podem ser devastadoras para o governo de Blair, que é acusado pela opinião pública de ter entrado numa guerra com base em mentiras.
O juiz Brian Hutton, responsável pela investigação do caso Kelly, anunciou hoje que divulgará seu relatório final em novembro ou, no máximo, em dezembro.
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