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16/10/2003
-
20h24
da France Presse, no Vaticano
O papa João Paulo 2º, 83, celebrou hoje uma missa solene para festejar seus 25 anos de pontificado, um dos mais longos da história da Igreja Católica, e pediu aos fiéis de todo o mundo que rezem para que ele possa seguir com sua missão.
"Eu lhes rogo, queridos irmãos e irmãs, que não interrompam esta obra de amor pelo sucessor de São Pedro. Eu lhes peço mais uma vez: ajudem o papa e a todos os que querem servir ao homem e a humanidade inteira", afirmou o papa em sua homilia, assistida por milhares de pessoas.
Visivelmente cansado, com a voz fraca e problemas de dicção, o pontífice pronunciou apenas o início de seu discurso, que depois foi lido pelo monsenhor Leonardo Sandri, substituto da Secretaria de Estado.
Mais de 50 mil pessoas acompanharam a cerimônia na Praça de São Pedro, que também contou com as presenças do presidente polonês Aleksander Kwasniewski e do ex-presidente Lech Walesa, líder na década de 80 do sindicato clandestino "Solidarnosc" (Solidariedade), ligado ao papa, além do presidente da República Italiana, Carlo Azeglio Ciampi, e das delegações de 18 países.
O pedido de João Paulo 2º, que sofre com o mal de Parkinson, foi feito num momento em que circulam rumores nos ambientes eclesiásticos sobre a possibilidade do papa renunciar no caso de seu estado de saúde piorar ainda mais.
"Consciente de minha fragilidade humana, Jesus me dá a força para responder com segurança, como Pedro (...) e a assumir as responsabilidades que me foram confiadas", afirmou.
A frase foi interpretada como uma mensagem direta de que João Paulo 2º quer continuar a exercer o pontificado, apesar de seus graves problemas de saúde, que o impedem de caminhar e prejudicam sua fala.
Pedido
Como no início de seu pontificado, o papa repetiu o mesmo pedido que fez aos fiéis há 25 anos: "Abram as portas a Cristo!, Deixem-se guiar por Ele! Confiem em seu amor!".
Com o rosto visivelmente cansado, o Sumo Pontífice iniciou a missa, ao lado de 149 cardeais e quase 200 bispos, com o hino solene "Laudes Regiae".
A eucaristia, que começou às 18h (13h de Brasília), foi celebrada na mesma hora em que Karol Wojtyla, então cardeal de Cracóvia (Polônia), foi eleito para ocupar o trono de São Pedro em 1978.
"Em sua vida a palavra cruz não foi apenas uma palavra", afirmou o cardeal Joseph Ratzinger, decano do Colégio Cardinalício, em sua homilia de saudação.
O religioso lembrou o compromisso do Papa com os pobres e oprimidos de todo o planeta. "Anunciou a vontade de Deus sem temor, mesmo em lugares onde entrou em conflito com o que pensam e querem os homens", afirmou Ratzinger.
O cardeal, guardião da ortodoxia, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, lembrou "as críticas e injúrias, que terminaram por despertar em troca a gratidão e o amor, fazendo cair os muros do ódio".
O prelado alemão citou o dia da eleição de João Paulo 2º e as primeiras palavras que dirigiu na ocasião aos fiéis presentes na Praça de São Pedro para saudá-lo.
"'Vim de um país longínquo', disse, e imediatamente percebemos que a fé em Cristo que surgiam de suas palavras superavam qualquer distância. Com a fé todos somos próximos", acrescentou Ratzinger.
No altar, decorado com centenas de tulipas, João Paulo 2º presidiu a missa, que também foi assistida pelos 31 cardeais que na próxima semana receberão o título cardinalício.
A missa foi transmitida ao vivo por diversas emissoras de televisão do mundo.
João Paulo 2º iniciou o dia com uma cerimônia do Salão Paulo 6º no Vaticano, durante a qual assinou a exortação apostólica com as conclusões do Sínodo dos Bispos de outubro de 2001 intitulada "Pastores gregis", que versa sobre o papel do bispo "como esperança do mundo".
Mais de 300 prelados, entre cardeais e todos os presidentes das conferências episcopais, assistiram a cerimônia.
O documento, uma espécie de testamento para os bispos, traça um perfil do bispo do terceiro milênio e aborda a questão da globalização.
Preocupação
O estado de saúde do papa prejudicou as celebrações e deixou alguns religiosos preocupados.
"Minha impressão está dividida', afirmou o cardeal Francis George, 66. "Por um lado sinto gratidão e felicidade e por outro lado não, porque se notam as dificuldades para respirar", declarou.
O arcebispo de Havana, Jaime Ortega y Alamino, 67, tampouco estava entusiasmado. "Está mais ou menos", comentou o cardeal cubano.
Para o monsenhor John Patrick Foley, 68, presidente do Conselho para as comunicações sociais, "é evidente a diferença entre o papa eleito há 25 anos e o de hoje. Para nós é de qualquer maneira um exemplo, uma testemunha do sofrimento", disse.
"Estamos felizes por estar com ele, esperamos que possa governar a igreja por mais tempo", disse o cardeal brasileiro Claudio Hummes, 69.
"Ninguém acha que o fim do papa seja iminente. O importante é estar aqui para as comemorações", acrescentou o cardeal sul-africano Wilfred Napier, 62.
Muitas mensagens de felicitações procedentes de todo o mundo chegaram ao computador da Santa Sé.
Especial
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Milhares de fiéis celebram 25 anos do papado de João Paulo 2º
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O papa João Paulo 2º, 83, celebrou hoje uma missa solene para festejar seus 25 anos de pontificado, um dos mais longos da história da Igreja Católica, e pediu aos fiéis de todo o mundo que rezem para que ele possa seguir com sua missão.
"Eu lhes rogo, queridos irmãos e irmãs, que não interrompam esta obra de amor pelo sucessor de São Pedro. Eu lhes peço mais uma vez: ajudem o papa e a todos os que querem servir ao homem e a humanidade inteira", afirmou o papa em sua homilia, assistida por milhares de pessoas.
Visivelmente cansado, com a voz fraca e problemas de dicção, o pontífice pronunciou apenas o início de seu discurso, que depois foi lido pelo monsenhor Leonardo Sandri, substituto da Secretaria de Estado.
Mais de 50 mil pessoas acompanharam a cerimônia na Praça de São Pedro, que também contou com as presenças do presidente polonês Aleksander Kwasniewski e do ex-presidente Lech Walesa, líder na década de 80 do sindicato clandestino "Solidarnosc" (Solidariedade), ligado ao papa, além do presidente da República Italiana, Carlo Azeglio Ciampi, e das delegações de 18 países.
Reuters - 12.set.2003 |
O papa João Paulo 2º, 83 |
"Consciente de minha fragilidade humana, Jesus me dá a força para responder com segurança, como Pedro (...) e a assumir as responsabilidades que me foram confiadas", afirmou.
A frase foi interpretada como uma mensagem direta de que João Paulo 2º quer continuar a exercer o pontificado, apesar de seus graves problemas de saúde, que o impedem de caminhar e prejudicam sua fala.
Pedido
Como no início de seu pontificado, o papa repetiu o mesmo pedido que fez aos fiéis há 25 anos: "Abram as portas a Cristo!, Deixem-se guiar por Ele! Confiem em seu amor!".
Com o rosto visivelmente cansado, o Sumo Pontífice iniciou a missa, ao lado de 149 cardeais e quase 200 bispos, com o hino solene "Laudes Regiae".
A eucaristia, que começou às 18h (13h de Brasília), foi celebrada na mesma hora em que Karol Wojtyla, então cardeal de Cracóvia (Polônia), foi eleito para ocupar o trono de São Pedro em 1978.
"Em sua vida a palavra cruz não foi apenas uma palavra", afirmou o cardeal Joseph Ratzinger, decano do Colégio Cardinalício, em sua homilia de saudação.
O religioso lembrou o compromisso do Papa com os pobres e oprimidos de todo o planeta. "Anunciou a vontade de Deus sem temor, mesmo em lugares onde entrou em conflito com o que pensam e querem os homens", afirmou Ratzinger.
O cardeal, guardião da ortodoxia, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, lembrou "as críticas e injúrias, que terminaram por despertar em troca a gratidão e o amor, fazendo cair os muros do ódio".
O prelado alemão citou o dia da eleição de João Paulo 2º e as primeiras palavras que dirigiu na ocasião aos fiéis presentes na Praça de São Pedro para saudá-lo.
"'Vim de um país longínquo', disse, e imediatamente percebemos que a fé em Cristo que surgiam de suas palavras superavam qualquer distância. Com a fé todos somos próximos", acrescentou Ratzinger.
No altar, decorado com centenas de tulipas, João Paulo 2º presidiu a missa, que também foi assistida pelos 31 cardeais que na próxima semana receberão o título cardinalício.
A missa foi transmitida ao vivo por diversas emissoras de televisão do mundo.
João Paulo 2º iniciou o dia com uma cerimônia do Salão Paulo 6º no Vaticano, durante a qual assinou a exortação apostólica com as conclusões do Sínodo dos Bispos de outubro de 2001 intitulada "Pastores gregis", que versa sobre o papel do bispo "como esperança do mundo".
Mais de 300 prelados, entre cardeais e todos os presidentes das conferências episcopais, assistiram a cerimônia.
O documento, uma espécie de testamento para os bispos, traça um perfil do bispo do terceiro milênio e aborda a questão da globalização.
Preocupação
O estado de saúde do papa prejudicou as celebrações e deixou alguns religiosos preocupados.
"Minha impressão está dividida', afirmou o cardeal Francis George, 66. "Por um lado sinto gratidão e felicidade e por outro lado não, porque se notam as dificuldades para respirar", declarou.
O arcebispo de Havana, Jaime Ortega y Alamino, 67, tampouco estava entusiasmado. "Está mais ou menos", comentou o cardeal cubano.
Para o monsenhor John Patrick Foley, 68, presidente do Conselho para as comunicações sociais, "é evidente a diferença entre o papa eleito há 25 anos e o de hoje. Para nós é de qualquer maneira um exemplo, uma testemunha do sofrimento", disse.
"Estamos felizes por estar com ele, esperamos que possa governar a igreja por mais tempo", disse o cardeal brasileiro Claudio Hummes, 69.
"Ninguém acha que o fim do papa seja iminente. O importante é estar aqui para as comemorações", acrescentou o cardeal sul-africano Wilfred Napier, 62.
Muitas mensagens de felicitações procedentes de todo o mundo chegaram ao computador da Santa Sé.
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