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17/10/2003 - 21h24

Carta-renúncia de Lozada deve ser lida hoje a Congresso boliviano

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da France Presse, em La Paz
da Folha Online

Gonzalo Sánchez de Lozada já assinou seu pedido de renúncia à Presidência, que deve ser lido nas próximas horas ao Congresso boliviano, informou o deputado Luis Eduardo Siles, do mesmo partido de Lozada, o MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário).

Segundo o empresário Zvonko Matkovic, Lozada teria assinado sua renúncia à Presidência da Bolívia e partido para a cidade de Santa Cruz de la Sierra (900 km a leste de La Paz).

Uma fonte parlamentar informou que o presidente pediu demissão e, junto com a renúncia, deixou uma mensagem gravada.

A informação foi confirmada por Matkovic, que disse ter conversado por telefone com a família de Sánchez de Lozada, que já se encontraria em Santa Cruz.

Outras fontes informaram que a esposa do presidente, Ximena Iturralde, também já teria viajado para essa cidade do leste boliviano.

Sánchez de Lozada pode viajar para a Argentina ou os Estados Unidos, segundo as mesmas fontes.

Renúncia

Pouco antes, o enviado especial do governo brasileiro a La Paz, Marco Aurélio Garcia, disse que Lozada apresentará sua renúncia hoje ao Congresso de seu país.

"O presidente Gonzalo Sánchez de Lozada apresentará sua renúncia em alguns momentos", declarou Garcia --assessor do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais- em entrevista telefônica de La Paz à radio CBN.

Segundo Garcia, a informação foi confirmada pelo ex-presidente Jaime Paz Zamora, 65 (1989-1993), que telefonou a ele e ao enviado especial do governo argentino, Eduardo Sguiglia.

Paz Zamora disse a Garcia "que havia conversado com o presidente Sánchez de Lozada e que ele lhe transmitiu sua disposição em apresentar sua renúncia".

O vice-presidente Carlos Mesa assumirá a Presidência, acrescentou o enviado brasileiro.

Paz Zamora afirmou que Sánchez de Lozada comunicará uma "decisão patriótica" ao Congresso da Bolívia.

"Vocês são inteligentes, sabem do que se trata, portanto, o que temos a fazer é ser mais bolivianos do que nunca", afirmou Paz Zamora aos jornalistas, depois de se reunir durante sete horas com o presidente.

Sem dar maiores precisões, o ex-presidente afirmou que Sánchez de Lozada comunicará "diretamente ao Congresso" sua decisão.

Reuters - 6.ago.2002
Gonzalo Sánchez de Lozada, presidente da Bolívia
Depois de reunir-se com Paz Zamora, seu principal aliado desde que assumiu o poder em agosto de 2002, o presidente se reuniu com o alto comando das Forças Armadas e seus assessores.

Até o momento nenhuma dessas informações foi confirmada pelo governo boliviano.

Várias rádios da Bolívia divulgaram o Hino Nacional da Bolívia, enquanto centenas de pessoas nas ruas da capital comemoravam a suposta renúncia.

Apoio

Sánchez de Lozada disse hoje que recebeu o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com quem falou por telefone pela manhã.

"Tenho que dizer que recebi, na manhã de hoje, um telefonema do presidente Chávez, coisa que estranhava [ainda não ter recebido a chamada de Chávez] porque o apoio dos outros [líderes latino-americanos] chegaram imediatamente", disse Sánchez de Lozada à rádio RPP.

Sánchez de Lozada disse que Chávez manifestou sua disposição em ajudar, afirmando que estaria apto a fazer o que estiver ao alcance dele para evitar um colapso do regime democrático.

Pouco antes, o ex-capitão Manfred Reyes Villa, líder de um importante partido de centro-direita boliviano, rompeu com o governo e se uniu ao pedido geral da população de renúncia de Sánchez de Lozada.

O líder da Nova Força Republicana (NFR) anunciou que não integra mais a coalizão de governo, que além do partido do presidente, o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), também conta com a participação do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), de Paz Zamora.

Ontem, os vice-ministros da Microempresa, Samuel Soria, chefe da NFR, e o das Pensões, Vincent Gómez García, demitiram-se de seus cargos.

Outros militantes do NFR, entre eles um deputado, fazem jejum numa igreja católica da Ordem dos Salesianos.

Manifestações

Ontem, milhares de índios e mestiços bolivianos participaram da maior manifestação no país nos últimos 20 anos para exigir a renúncia do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada depois dos incidentes que, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, causaram a morte de mais de 80 pessoas em um mês.

Um projeto para exportar gás pelo Chile para Estados Unidos e México, em condições consideradas desvantajosas por várias organizações bolivianas, foi o estopim da convulsão social.

As novas propostas foram apresentadas pelo presidente em rede nacional de rádio e televisão, após intensas reuniões na quarta-feira (15) com os dirigentes da Nova Força Republicana (NFR/centro direita) e do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR/social democrata), que integram a aliança de governo.

Sánchez de Lozada apareceu na TV ao lado dos líderes do MIR e NFR, Paz Zamora e Manfred Reyes Villa.

As reuniões foram realizadas em La Paz, onde persistem os protestos, que também sacodem as cidades de Cochabamba, Sucre e Oruro, entre outras.

O texto diz que apesar das propostas do governo, "os protestos continuam, com evidente objetivo político destinado a acabar com o regime constitucional".

Com agências internacionais

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