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09/11/2009 - 14h22

Queda do muro de Berlim proporcionou eufórica festa de rua; leia trecho

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da Folha Online

Em "Muro de Berlim", o historiador britânico Frederic Taylor explica a situação mundial que permitiu a construção e a queda do muro que dividiu a Alemanha em Oriental e Ocidental durante o período de agosto de 1961 e novembro de 1989.

Rico em detalhes, o livro descreve fatos determinantes do período, como o anúncio precipitado da Associated Press, em interpretação própria da afirmação que qualquer cidadão da RDA --a antiga República Democrática Alemã-- poderia deixar o país pelos postos de cruzamento na fronteira: "De acordo com informações fornecidas pelo membro do Birô Político do SED Günter Shabowski, a RDA está abrindo suas fronteiras."

A notícia atiçou os alemães orientais, que prontamente se locomoveram ao muro, causando um alvoroço inesperado, como descreve o autor, até chegar à que seria a maior e mais eufórica festa de rua que o mundo já vira.

Confira a seguir no trecho de "Muro de Berlim":

*

Divulgação
Explica a situação mundial que permitiu a construção e a queda do muro
Explica a situação que permitiu a construção e a queda do muro

"Na manhã de 9 de novembro, o sol brilhava intermitentemente em Berlim Oriental. O termômetro subiu lentamente até 10 graus centígrados. Nas páginas do Neues Deutschland, podia-se ler um artigo comentando a fuga em massa da RDA através de outros países. Não fora escrito por algum pau mandado do partido, mas por um grupo de reformistas. Eles pediam aos alemães orientais que não deixassem seu país naquela hora grave:

Estamos todos profundamente preocupados. Vemos que milhares de pessoas deixam diariamente o país. Sabemos que uma política fracassada aumentou a falta de esperança de qualquer renovação de nossa vida comunitária, até os últimos dias. Estamos conscientes de que as palavras são impotentes frente a movimentos de massa, mas só temos nossas palavras como recurso. Aqueles que partem diminuem nossa esperança. E nós imploramos: fiquem em sua pátria! Fiquem conosco!

No primeiro dia de novembro, Krenz suspendeu a proibição de viagens à Tchecoslováquia, abrindo mais uma vez as comportas. Afastado Honecker e mostrando-se os novos dirigentes nitidamente incapazes ou sem disposição de impor sua vontade à força, no bom estilo pós-stalinista, mais de 20 mil cidadãos alemães orientais haviam passado da Tchecoslováquia para a Áustria nas 24 horas anteriores ao dia 9 de novembro. Já agora, era o próprio governo comunista tcheco que se via sob pressão. Ameaçava-se com o fechamento da fronteira. O embaixador alemão oriental em Praga foi informado sem rodeios de que o governo tcheco "não pretendia montar campos de refugiados para cidadãos alemães orientais".

No dia 6 de novembro, meio milhão de cidadãos alemães orientais compareceram à "Reunião de Segunda-feira" em Leipzig. Os oradores chamaram a atenção para as armadilhas nas novas normas de viagem e criticaram os valores irrisórios autorizados em moeda forte. Não queriam uma alteração das normas de viagem, mas sua abolição pura e simples. "In dreissig Tagen um die Welt - Ohne Geld!" ("Ao redor do mundo em trinta dias - sem dinheiro!"), cantava a multidão.

No Ministério do Interior, na Mauerstrasse, em Berlim Oriental, quatro altos funcionários, entre eles dois oficiais da Stasi, haviam sido incumbidos de alterar temporariamente as leis em vigor para enfrentar a crise. Na manhã de 9 de novembro, eles deveriam redigir, em nome do Birô Político, uma resolução "Para a alteração da situação relativa à saída permanente de cidadãos da RDA através da República Socialista da Tchecoslováquia". Haviam decidido dar-lhe o título de "Concessão imediata de vistos de saída permanente", mas, diria um deles posteriormente, sentiram-se cada vez menos satisfeitos com a ideia à medida que trabalhavam na redação do documento.

Fomos encarregados [explicaria ele] de redigir uma nova norma para os cidadãos que desejavam deixar o país em caráter permanente. Mas teríamos então de não permitir a saída daqueles que quisessem apenas ir visitar a titia? Seria completamente esquizofrênico.

Em sua versão final, o documento estipulava que, desde que os cidadãos alemães orientais estivessem de posse de passaporte e visto, não seriam impostas restrições à imigração em caráter permanente ou a visitas particulares. Os cidadãos seriam autorizados a deixar a RDA por qualquer posto fronteiriço entre a Alemanha Oriental e Berlim Ocidental ou a República Federal. Apresentava-se, sem muito propósito, que as saídas deveriam ocorrer "de maneira ordeira".

O documento foi enviado para o prédio do Comitê Central, onde o Birô Político estava reunido. Depois de apresentá-lo, Krenz lembrou aos colegas a pressão que vinham sofrendo por parte do governo tcheco, garantindo que os soviéticos estavam a favor da nova medida. Os integrantes do Birô Político - eleitos, em sua maioria, para substituir representantes da linha-dura e, portanto, não muito familiarizados com detalhes das normas até então em vigor - limitaram-se a concordar com a cabeça. O mesmo se deu na reunião do Conselho de Ministros, que raramente promovia qualquer mudança em documentos aprovados pelo Birô Político.

Minutos antes das 6 horas, Günter Schabowski, o porta-voz do Comitê Central, chegou ao Centro Internacional de Imprensa na Mohrenstrasse, onde o governo promovia as entrevistas coletivas diárias que acabara de instituir.

O centro de imprensa estava tomado por jornalistas da televisão e da imprensa escrita, inclusive - já que a Alemanha Oriental acabara de entrar na era da "abertura" - com câmeras dos jornais televisados da própria RDA. Schabowski estava cansado e algo perturbado. Fora um longo dia. Ele não comparecera à reunião em que haviam sido aprovadas as novas regras, mas meia hora antes passara pelo gabinete de Krenz para se informar com o secretário-geral do andamento da situação. Havia algum anúncio importante a ser feito? Krenz entregara-lhe o documento com as novas normas provisórias de viagem, e Schabowski correra para a entrevista coletiva.

A coletiva, na qual Schabowski era apenas um dos porta-vozes oficiais, embora o mais graduado, começou exatamente às 6 horas. Mas outras questões precisavam ser tratadas primeiro. As coisas se arrastaram. O anúncio das novas regras para viagens foi a última coisa a ser feita. Embora a rigor fosse uma questão da esfera governamental e não do partido, Krenz entregara pessoalmente o documento a Schabowski, e, portanto, parecia natural que, embora ele na verdade fosse o porta-voz do SED, ficasse incumbido de comunicar seu conteúdo aos jornalistas presentes.

Às 6h53, suando um pouco sob as luzes das câmeras e visivelmente exausto, Schabowski deitou os olhos no documento que lhe fora entregue por Krenz. Algo perversamente, continuava tendo como cabeçalho "Para a alteração da situação relativa à saída permanente de cidadãos da RDA através da República Socialista da Tchecoslováquia, fica estipulado..." Num breve preâmbulo, Schabowski disse aos jornalistas, algo enfastiado, que o documento tornaria "possível para qualquer cidadão da RDA deixar o país através dos postos de cruzamento de fronteira da RDA". Passou então a ler mecanicamente suas estipulações burocráticas:

1. O decreto de 30 de novembro de 1988 sobre viagens ao exterior de cidadãos da RDA deixa de vigorar até a adoção da nova lei sobre viagens.

2. Entram imediatamente em vigor as seguintes normas provisórias para viagens ao exterior e saídas da RDA em caráter permanente:

a) As solicitações individuais para viagens ao exterior podem, a partir de agora, ser feitas sem cumprimento das exigências anteriores (comprovação da necessidade de viajar ou de relações familiares). As autorizações de viagem serão emitidas em prazo curto. As recusas só ocorrerão em casos particularmente excepcionais.

b) Os departamentos responsáveis por registros e emissão de passaportes nas delegacias locais da Polícia Popular da RDA estão instruídos a emitir vistos de saída em caráter permanente sem demora e sem o cumprimento das atuais exigências para saídas em caráter permanente. Continua sendo possível solicitar vistos de saída em caráter permanente nos departamentos de questões internas [das câmaras municipais ou das administrações locais].

c) As saídas em caráter permanente serão autorizadas por todos os postos fronteiriços da RDA com a RFA e Berlim (Ocidental).

d) Deixa de vigorar a emissão de autorizações (de viagem) através dos consulados da RDA e de saída em caráter permanente mediante simples apresentação de carteira de identidade da RDA em países terceiros.

3. O comunicado de imprensa anexo, explicando as normas provisórias, será emitido no dia 10 de novembro.

Responsável: porta-voz governamental do Conselho de Ministros da RDA.
[Os itálicos constam do documento original.]

Schabowski recostou-se então em sua cadeira, quase certamente sem esperar perguntas. A questão das viagens vinha se arrastando havia alguns dias, e aquela era mais uma tentativa de desarmá-la, sem conceder à população da RDA mais do que o regime considerava adequado. Afinal de contas, a medida continuava sendo considerada "provisória". Cabia presumir que a saga teria prosseguimento, com novos e reiterados episódios.

Os jornalistas, todavia, ficaram intrigados. Às 6h57, um jornalista italiano perguntou a Schabowski se não havia ali algum equívoco. Schabowski reiterou que passavam a ser autorizadas as viagens e saídas da RDA em caráter permanente, acrescentando:

Desse modo, as viagens a países estrangeiros em caráter particular podem ser solicitadas sem o cumprimento das atuais exigências nem comprovação da necessidade de viajar ou de existência de laços de família. As autorizações para viagem serão emitidas em breve prazo.

Os departamentos responsáveis por registros e emissão de passaportes nos organismos locais da Polícia Popular da RDA estão instruídos a emitir vistos de saída em caráter permanente sem demora, sem que o solicitante tenha de apresentar provas para atender às exigências anteriores em casos de saída em caráter permanente.

Seguiu-se um murmúrio entre os jornalistas. Alguém - que teria sido Tom Brokaw, da rede de televisão americana NBC - perguntou quando exatamente a nova norma entraria em vigor. Schabowski pareceu hesitar. Voltou a consultar o texto e respondeu: "Pelo que sei, quer dizer, humm... em caráter imediato, sem mais demora." Ele não se dera conta de que a norma só entraria em vigor no dia seguinte, 10 de novembro, e de que até então o anúncio não deveria ser feito.

O episódio, carregado de consequências, está cercado de alguns mitos. O primeiro é o de que Schabowski tivera de ler uma nota manuscrita difícil de decifrar, rabiscada às pressas por Krenz. Não confere. Krenz lhe havia entregue uma cópia do anúncio oficial. Esta, no entanto, fora apressadamente misturada por Schabowski a outras anotações suas, entre as quais teve posteriormente de procurar o documento para começar a lê-lo para os jornalistas. O segundo mito é o de que a notícia causou sensação imediata. Acredita-se hoje que, na realidade, os jornalistas ainda permaneceram no centro de imprensa por algum tempo após a entrevista coletiva, num clima de considerável confusão. Alguns se dirigiram à cafeteria próxima, tentando compreender o exato alcance do documento e cruzar suas informações com o que acabara de dizer o porta-voz do SED.

Os primeiros despachos da DPA e da Reuters, enviados dois minutos depois das 19h, afirmavam simplesmente que qualquer cidadão da RDA poderia agora deixar o país pelos postos de cruzamento na fronteira. Nada de muito sensacional. Até que, às 19h05, a Associated Press resumiu sua própria interpretação das informações numa frase simples, mas sensacional: "De acordo com informações fornecidas pelo membro do Birô Político do SED Günter Schabowski, a RDA está abrindo suas fronteiras."

Foi o início de tudo. Em questão de meia hora, todas as outras agências reproduziam a frase. E o mesmo faziam os programas noticiosos das estações de televisão da Alemanha Ocidental. A rede estatal ARD, em geral merecedora de crédito, abriu seu jornal das 8 horas com estas palavras: "A RDA está abrindo suas fronteiras."

Quando o jornal chegou ao fim, nada menos que oitenta berlinenses orientais já haviam chegado aos postos de cruzamento da Bornholmer Strasse, da Heinrich-Heine-Strasse e da Invalidenstrasse, solicitando autorização para passar para Berlim Ocidental. Os funcionários procuraram se informar. Foram instruídos a dizer aos interessados que voltassem no dia seguinte.

A liderança da RDA fora apanhada desprevenida. A reunião plenária do Comitê Central, que transcorria há dois dias, só terminaria às 20h47. Aparentemente, ninguém percebera a crescente agitação em torno da entrevista coletiva de Schabowski. A essa altura, a principal preocupação de Krenz parecia ser sua própria posição: para decepção do secretário-geral, haviam sido rejeitadas pelo Comitê Central, onde a linha-dura ainda formava um bloco poderoso, várias das nomeações de reformistas por ele propostas para o Birô Político. Imediatamente depois do fim da reunião, ele se retirou para seu gabinete, lá permanecendo por algum tempo.

Enquanto isso, a notícia se espalhava pelo mundo. Às 21h30, os americanos, os britânicos, os franceses e o chanceler alemão ocidental, Helmut Kohl, já haviam entendido que algo extraordinário estava acontecendo em Berlim. Kohl estava em visita a Varsóvia (onde o governo era liderado, a essa altura, pelo movimento Solidariedade). Recebeu a notícia durante um banquete oficial, logo se dando conta de que estava "dançando no casamento errado", segundo o dito alemão.

Passadas as 22h, Krenz recebeu um telefonema que mudaria tudo. Do outro lado da linha estava o ministro da Stasi, Erich Mielke, que relatou os últimos acontecimentos. Meia hora antes, a multidão reunida no posto fronteiriço da Bornholmer Strasse, entre a área centro-norte de Berlim Oriental e o setor francês, chegara a algo entre 500 e mil pessoas, todas querendo fazer a travessia. Por iniciativa própria, oficiais graduados da Stasi decidiram permitir que os mais insistentes passassem para Berlim Ocidental - tratando, ao fazê-lo, de carimbar em seus passaportes "sem direito a retornar", como fariam com qualquer indivíduo expulso. Esta chamada "solução de alívio da pressão" não surtiu muito efeito. As multidões continuavam a pressionar, engrossando a cada minuto.

Krenz logo viu que as tentativas de conter a onda seriam inúteis. Estava diante de uma difícil decisão. "Ou fechávamos a fronteira tão completamente que seria impossível rompê-la", admitiria ele mais tarde, "o que significaria mobilizar os tanques, ou então deixávamos que as coisas seguissem seu rumo. Não havia qualquer outra decisão possível." No fim das contas, não foi dada qualquer ordem.

Pouco antes das 22h30, fizera-se uma última e desesperada tentativa de conter a fuga em massa, através do último boletim noticioso da televisão estatal alemã oriental, Aktuelle Kamera ("Câmera do Momento").

Por solicitação de muitos cidadãos [dizia o apresentador], transmitimos mais uma vez as informações sobre as novas normas de viagem estabelecidas pelo conselho ministerial. Primeiro: As viagens de caráter particular podem ser solicitadas sem comprovação da necessidade de viajar ou da existência de laços de família. Portanto, é necessário solicitar oficialmente autorização para as viagens!

As repartições de registro e emissão de passaportes estariam abertas no dia seguinte nos horários de sempre, acrescentava o apresentador, e, naturalmente, as viagens para saída em caráter permanente também só seriam possíveis depois da devida solicitação, autorizada pelas autoridades competentes.

Naquela noite, é claro, a maioria da população de Berlim Oriental não estava sintonizada nas estações de televisão do regime para se informar sobre os horários de abertura das repartições de emissão de passaportes, acompanhando ansiosamente os noticiários ocidentais para saber o que estava acontecendo efetivamente no mundo real. Por volta das 22h40, o programa de debates da ARD, "Temas do Dia" (Tagesthemen), começou com o seguinte anúncio: "Este dia 9 de novembro vai ficar na história: a RDA anunciou que suas fronteiras estão abertas para todos, em decisão de caráter imediato, e que os portões do Muro serão escancarados."

O estranho é que, quando os repórteres do programa foram ao vivo até o posto de controle da Invalidenstrasse para conferir, a fronteira com toda a evidência não estava aberta. Mas a contradição não fez qualquer diferença. Foi nesse momento, em grande medida em reação ao anúncio sensacional do programa da ARD, que teve início a avalanche humana pelos postos de cruzamento.

Em questão de meia hora, a situação na fronteira estava praticamente fora de controle. A "solução de alívio da pressão" fracassara espetacularmente. Na Bornholmer Strasse, a multidão que aguardava por trás de uma cerca para passar pelo processo burocrático de autorização de saída começava a forçar a barra, ameaçando a meia dúzia de guardas de fronteira que tentava mantê-la sob controle. Por volta das 23h30, um grupo de berlinenses orientais retirou a cerca de arame trançado em frente ao posto de cruzamento da fronteira e a área de controle foi invadida. O comandante do posto, tenente-coronel Harald Jäger, decidiu que não estava disposto a arriscar a própria vida e a de seus soldados. Ordenou a seus homens que parassem de verificar os passaportes, abrissem as portas e deixassem a multidão fazer o que bem quisesse.

E a multidão sabia o que queria. Em questão de momentos, milhares de pessoas passaram pelo posto. Simplesmente iam caminhando, na maioria dos casos correndo, até Berlim Ocidental. A sensação de sair correndo livremente pela ponte, atravessando uma fronteira em que, dias ou mesmo horas antes, semelhante ato teria quase certamente acarretado a morte, provocava uma onda de euforia que, a darmos crédito aos que estavam lá, transformava a composição química do ar em algo parecido com champanhe.

Multidões já se concentravam no lado ocidental, saudando os alemães orientais com gritos de alegria e braços abertos. Muitos brindes foram improvisados. À meia-noite, todos os postos de cruzamento da fronteira haviam sido forçados a abrir. Na Invalidenstrasse, a multidão "invadiu" a partir do lado ocidental, encontrando-se com os orientais a meio caminho.

Já era meia-noite e vinte, e o exército alemão oriental fora posto em alerta máximo. Na ausência de ordens da liderança, contudo, os 12 mil homens dos regimentos de fronteira de Berlim permaneciam nos quartéis. A noite passou, e as ordens não chegaram.

Entre 1 e 2 da manhã, um verdadeiro enxame humano do Leste e do Ocidente força a passagem pelo Muro através do Portão de Brandemburgo. Algumas pessoas ainda estão com roupa de dormir, ignorando o frio de novembro. Milhares se inebriam com a sensação de caminhar pela Pariser Platz ali perto, o bairro das embaixadas, uma elegante área da cidade há trinta anos isolada por cercas de arame farpado, blocos de concreto e armadilhas para tanques, transformada por decreto oficial em mortífera terra de ninguém. As pessoas sobem no alto do Muro para pular, dançar e gritar na alegria da libertação.

Uma combinação de propaganda e esperança pôs por terra toda a manipulação burocrática. Pouco mais de seis horas depois de uma entrevista coletiva em que as autoridades locais meteram os pés pelas mãos e de uma campanha da imprensa ocidental que desmoralizou a grotesca dança das normas provisórias de saída e concessão de vistos, deu-se uma revolução. Uma das mais rápidas e incruentas da história. Uma revolução que, não obstante os vaticínios em contrário de Gil Scott-Heron 15 anos antes, foi efetivamente transmitida pela televisão.

Seria seguida da maior e mais eufórica festa de rua que o mundo já vira.

E, talvez inevitavelmente, de uma das maiores ressacas também. Mas esta é uma outra história."

*

"Muro de Berlim"
Autores: Frederic Taylor
Editora: Record
Páginas: 574
Quanto: R$ 69,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 

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