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09/11/2009 - 13h45

Palestinos aproveitam data para protestar contra muro na Cisjordânia

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ANA CÁRDENES
da Efe, em Jerusalém

Após 25 anos da queda do muro de Berlim, os palestinos lançam a campanha "Unidos Contra o Apartheid" com a esperança de que a barreira construída por Israel na Cisjordânia também caia por terra. "O mundo não pode aceitar no século 21 que Israel construa um muro do apartheid três vezes maior que o de Berlim e duas vezes mais alto", disse à agência Efe Jamal Juma, da ONG "Contra o Muro".

A organização realizará atos simultâneos ao longo da semana para lembrar ao mundo que o território da Cisjordânia está marcado por uma cicatriz de ferro, arame e concreto que divide e fragmenta as terras palestinas, separando seus habitantes e, em alguns casos, impedindo sua passagem.

Os atos iniciaram na última sexta-feira, quando um grupo de ativistas colocou uma barreira de plástico na localidade de Bilin, palco de protestos semanais contra o muro, na qual se lia: "Berlim, 1989. Palestina?".

Atef Safadi/Efe
Israelenses vigiam barreira em Kalandia, na Cisjordânia, após palestinos terem derrubado pedaço de muro judaico
Israelenses vigiam barreira em Kalandia, na Cisjordânia, após palestinos terem derrubado pedaço de muro judaico

O parapeito foi desmanchado pelos soldados israelenses, que quase todas as sextas-feiras entram em confronto com manifestantes em Bilin utilizando gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e balas de aço recobertas de borracha.

Na próxima quinta-feira (12), ativistas locais e internacionais colocarão abaixo uma pequena réplica do Muro alemão no povoado próximo a Belém, e farão uma chamada à comunidade internacional para que abrace a campanha que promove o boicote e sanções a Israel até que o país destrua a barreira.

Nos próximos dias, serão realizadas em diversas partes do mundo ações denunciando a polêmica barreira, com projeções de filmes, conferências e mesas-redondas na Europa, América do Norte, Austrália e países latino-americanos como a Colômbia, Chile, Argentina e Paraguai. "Pelo menos 20 países estarão mobilizados nesta semana para lembrar ao mundo que os muros, o racismo e o apartheid caíram no século 20 e para proclamar que não podemos iniciar o século 21 com muros como o que está construindo Israel", indica Juma.

O ativista palestino denuncia que a barreira "confiscará parte das terras da Cisjordânia e deixará os palestinos fechados e fragmentados em três cantões principais subdivididos em diferentes regiões incomunicáveis".

Até agora e segundo dados da ONU, Israel já completou cerca de 400 dos 710 quilômetros previstos da divisória, dos quais 85% serão erguidos dentro do território cisjordaniano e só 15% na Linha Verde, a fronteira imaginária aceita internacionalmente após a primeira guerra árabe-israelense de 1948-1949.

"O muro já deixou 97 comunidades palestinas completamente isoladas: rodeadas pelos três flancos pelo muro, colônia judias e as estradas do apartheid [pelas quais só podem circular veículos com placas israelenses]", explica Juma. Além disso, a barreira isola Jerusalém Oriental da Cisjordânia, o que "deixa 360 mil palestinos desligados de seu povo e rodeados por um muro de 181 quilômetros. Isto impedirá qualquer acordo para a criação de um Estado palestino".

Essa situação também deixa à Cisjordânia sem recursos hídricos e sem suas principais terras agrícolas, como o vale do Jordão, desliga as comunidades e, ainda, dificulta o acesso às escolas, universidades e inclusive aos hospitais.

Israel começou em 2002, durante a Segunda Intifada, a levantar o que denomina "cerca de segurança", que na maior parte de seu traçado é de alambrado, mas quando passa por núcleos urbanos se transforma em um paredão de concreto de oito metros de altura.

O Exército israelense considera que esta construção é imprescindível para garantir a segurança e impedir a entrada em seu território de terroristas palestinos e argumenta que desde que existe o número de atentados em seu território diminuiu drasticamente. Por isso, continua com sua construção contrariando a sentença não vinculativa da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que em 2004 declarou a barreira ilegal.

Comentários dos leitores
Chris Maria (231) 11/11/2009 17h30
Chris Maria (231) 11/11/2009 17h30
"Os 192 Estados-membros da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) consagraram nesta quarta-feira o dia 18 de julho como Dia Internacional Nelson Mandela"
► Uma pessoa extraordinária. Parabéns!
5 opiniões
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Elton Santos (9) 10/11/2009 17h03
Elton Santos (9) 10/11/2009 17h03
O Muro de Berlim foi brincadeira de criança comparado a outro muro que não separa mais o primeiro do segundo mundo pois este já não existe mais e sim o que separa o primeiro do terceiro. O Muro da fronteira do Estados Unidos com o México representa justamente isso: As classes abastadas devem estar seguras das que servem apenas como consumidoras nessa nova desordem mundial baseada no capital. Nessa fronteira se mata muito mais, as diferenças são muito maiores mas isso não importa não é mesmo? A democracia é um patrimônio que a humanidade não pode abrir mão nunca mais, mas não podemos também justificar com ela o extermínio através da fome e miséria que o mundo presencia causado pelo neo-liberalismo. 9 opiniões
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Juca Bala (84) 10/11/2009 11h33
Juca Bala (84) 10/11/2009 11h33
Foi bonita a festa de comemoração da queda do muro de Berlim e do fim do símbolo de um regime desumano e retrógrado. Será que o Chico vai cantar "Foi bonita a festa pá" rsrsrs. "A queda do muro --escreveu João Paulo 2°-- como a queda de perigosos simulacros e de uma ideologia opressiva, demonstraram que as liberdades fundamentais, que dão significado à vida humana, não podem ser reprimidas nem sufocadas por muito tempo".(Ou viva o neo-liberalismo) Santas palavras... ainda não aprendidas pelos muitos cabeças de bagre por aqui. 5 opiniões
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