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13/11/2003
-
03h59
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo
Principal nome da oposição boliviana, o líder cocaleiro e deputado federal Evo Morales, 45, quer marcar sua presença na 13ª Cúpula Ibero-Americana, que reunirá 21 chefes de Estado a partir de amanhã em Santa Cruz de la Sierra, no leste da Bolívia.
Junto com o seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), Morales organiza uma "cúpula social" paralela, para a qual convidou Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fidel Castro (Cuba), Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina).
O Itamaraty confirmou o convite, mas disse que Lula não deverá participar do encontro.
Morales e o MAS, que tem a segunda maior bancada do Congresso, tiveram participação ativa nos protestos que culminaram na renúncia do então presidente, Gonzalo Sánchez de Lozada, no mês passado, e deixaram cerca de 80 manifestantes mortos.
Segundo colocado na eleição presidencial de 2002, Morales disse que o novo presidente boliviano, Carlos Mesa, é um "neoliberal" que não demonstra disposição para mudar o atual modelo econômico. Caso isso não ocorra, disse o socialista, em entrevista à Folha por telefone, Mesa não terminará seu mandato.
Folha - Qual é a proposta do Encontro Social Alternativo?
Evo Morales - Como a cúpula oficial de chefes de Estado é sobre inclusão social, todo o sofrimento e o pensamento dos movimentos sociais têm de estar incluídos no documento final do encontro. Pela conjuntura política em que vive o povo boliviano, é uma cúpula social contra a oficial. Não é uma cúpula contra o governo boliviano, mas de complementação à cúpula oficial. Não haverá protestos.
Folha - Esse encontro terá a participação de outros países?
Morales - Virão movimentos de todos os países latino-americanos. Do Brasil, vem o MST.
Folha - Quem foi convidado?
Morales - Os convidados especiais são Chávez, Fidel, Lula e Kirchner. Eles não confirmaram.
Folha - Quando Lula foi convidado?
Morales - Eu falei com o seu chanceler [Celso Amorim] no dia do aniversário de Lula, 27 de outubro. Meu aniversário foi na véspera. Eu pedi pessoalmente a sua participação porque o movimento sindical tem muita vontade de ouvir um ex-operário, um torneiro mecânico, hoje presidente do Brasil. É uma oportunidade para ele contar as suas experiências, sobre como os líderes surgem das lutas sociais em vez de universidades. Quando saem das universidades são, com o perdão da expressão, tecnocratas para servir ao modelo dado pelo Banco Mundial ou FMI.
Folha - Ele respondeu ao convite?
Morales - Ainda não.
Folha - Chávez e Fidel já se manifestaram sobre o convite?
Morales - Eu conversei pessoalmente com eles, estão dispostos a participar.
Folha - Haverá outros 17 chefes de Estado em Santa Cruz. Por que não convidá-los?
Morales - É impossível que possam participar, são os representantes das multinacionais, com uma posição definida dentro dos limites do neoliberalismo. Além disso, os mais conhecidos são Lula, Chávez e Fidel. Os outros são desconhecidos, não? Como se chama o presidente da Nicarágua, Guatemala? Do Chile, há [Ricardo] Lagos, mas temos problemas históricos [o país tirou o acesso ao mar da Bolívia em 1879], e ele é um presidente socialista que governa para o capitalista.
Folha - Mesa vai participar?
Morales - Ainda não é oficial, mas se trata de uma iniciativa do presidente. Se ele quer participar, o que nós podemos fazer?
Folha - Qual é a sua avaliação das primeiras semanas do governo Mesa?
Morales - É um empresário neoliberal, mas agora quer ser um homem popular, no limite do neoliberalismo. O que quero dizer é que não tem nenhuma intenção de mudar o modelo econômico --até agora, pelo menos. Ele tem de governar para os movimentos sociais e sindicais, não para as multinacionais.
Folha - O sr. crê que Mesa fique até o fim do mandato, em 2007?
Morales - Se o governo tiver resultados na mudança do modelo econômico e do sistema político, com certeza fica.
Morales critica Mesa e corteja Lula e Fidel
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da Folha de S.Paulo
Principal nome da oposição boliviana, o líder cocaleiro e deputado federal Evo Morales, 45, quer marcar sua presença na 13ª Cúpula Ibero-Americana, que reunirá 21 chefes de Estado a partir de amanhã em Santa Cruz de la Sierra, no leste da Bolívia.
Junto com o seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), Morales organiza uma "cúpula social" paralela, para a qual convidou Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fidel Castro (Cuba), Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina).
O Itamaraty confirmou o convite, mas disse que Lula não deverá participar do encontro.
Morales e o MAS, que tem a segunda maior bancada do Congresso, tiveram participação ativa nos protestos que culminaram na renúncia do então presidente, Gonzalo Sánchez de Lozada, no mês passado, e deixaram cerca de 80 manifestantes mortos.
Segundo colocado na eleição presidencial de 2002, Morales disse que o novo presidente boliviano, Carlos Mesa, é um "neoliberal" que não demonstra disposição para mudar o atual modelo econômico. Caso isso não ocorra, disse o socialista, em entrevista à Folha por telefone, Mesa não terminará seu mandato.
Folha - Qual é a proposta do Encontro Social Alternativo?
Evo Morales - Como a cúpula oficial de chefes de Estado é sobre inclusão social, todo o sofrimento e o pensamento dos movimentos sociais têm de estar incluídos no documento final do encontro. Pela conjuntura política em que vive o povo boliviano, é uma cúpula social contra a oficial. Não é uma cúpula contra o governo boliviano, mas de complementação à cúpula oficial. Não haverá protestos.
Folha - Esse encontro terá a participação de outros países?
Morales - Virão movimentos de todos os países latino-americanos. Do Brasil, vem o MST.
Folha - Quem foi convidado?
Morales - Os convidados especiais são Chávez, Fidel, Lula e Kirchner. Eles não confirmaram.
Folha - Quando Lula foi convidado?
Morales - Eu falei com o seu chanceler [Celso Amorim] no dia do aniversário de Lula, 27 de outubro. Meu aniversário foi na véspera. Eu pedi pessoalmente a sua participação porque o movimento sindical tem muita vontade de ouvir um ex-operário, um torneiro mecânico, hoje presidente do Brasil. É uma oportunidade para ele contar as suas experiências, sobre como os líderes surgem das lutas sociais em vez de universidades. Quando saem das universidades são, com o perdão da expressão, tecnocratas para servir ao modelo dado pelo Banco Mundial ou FMI.
Folha - Ele respondeu ao convite?
Morales - Ainda não.
Folha - Chávez e Fidel já se manifestaram sobre o convite?
Morales - Eu conversei pessoalmente com eles, estão dispostos a participar.
Folha - Haverá outros 17 chefes de Estado em Santa Cruz. Por que não convidá-los?
Morales - É impossível que possam participar, são os representantes das multinacionais, com uma posição definida dentro dos limites do neoliberalismo. Além disso, os mais conhecidos são Lula, Chávez e Fidel. Os outros são desconhecidos, não? Como se chama o presidente da Nicarágua, Guatemala? Do Chile, há [Ricardo] Lagos, mas temos problemas históricos [o país tirou o acesso ao mar da Bolívia em 1879], e ele é um presidente socialista que governa para o capitalista.
Folha - Mesa vai participar?
Morales - Ainda não é oficial, mas se trata de uma iniciativa do presidente. Se ele quer participar, o que nós podemos fazer?
Folha - Qual é a sua avaliação das primeiras semanas do governo Mesa?
Morales - É um empresário neoliberal, mas agora quer ser um homem popular, no limite do neoliberalismo. O que quero dizer é que não tem nenhuma intenção de mudar o modelo econômico --até agora, pelo menos. Ele tem de governar para os movimentos sociais e sindicais, não para as multinacionais.
Folha - O sr. crê que Mesa fique até o fim do mandato, em 2007?
Morales - Se o governo tiver resultados na mudança do modelo econômico e do sistema político, com certeza fica.
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