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Presidente do Irã reivindica autoria de proposta de acordo nuclear
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SAMY ADGHIRNI
enviado especial da Folha de S. Paulo a Brasília
Amparado pelo apoio do Brasil ao programa nuclear iraniano, reiterado ontem por Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Mahmoud Ahmadinejad culpou "a propaganda" das potências ocidentais pelo embate nas negociações sobre a possibilidade de o Irã enriquecer urânio em outro país.
Questionado pela Folha sobre a suposta resistência em aceitar a oferta pela qual enviaria parte de seu urânio para ser enriquecido fora do país, Ahmadinejad chegou a pedir licença a Lula para dar uma explicação de dez minutos sobre a última rodada de negociações na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Ahmadinejad negou a versão dominante, pela qual a proposta de enriquecer urânio no exterior teria sido oferecida por EUA e Rússia. Disse que a oferta partiu do próprio governo iraniano. "Não estamos relutantes, a proposta foi nossa. Mas a propaganda do Ocidente diz que a ideia foi deles, mas isso não é verdade', declarou.
O plano prevê que o Irã envie cerca de 85% de seu estoque de urânio pouco enriquecido para Rússia e França. Nesses países, ele seria enriquecido um pouco mais e moldado para fins medicinais, em nível inadequado para uma bomba. O envio também garantiria que Teerã não teria em mãos quantidade suficiente do material para a arma.
O iraniano reiterou que não pretende abrir mão do uso de tecnologia nuclear para produzir energia e avançar em pesquisas médicas. Pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear, do qual Brasil e Irã são signatários, os países podem enriquecer urânio para fins civis, mas em cooperação com a AIEA.
Lula voltou a apoiar o direito de o Irã manter um programa nuclear. "O que temos defendido há muito tempo é que o Irã possa produzir urânio para desenvolvimento de energia."
O brasileiro, porém, aproveitou o tom amigável da visita para pedir a Ahmadinejad que tenha posição mais conciliadora com o Ocidente e alertar Teerã sobre eventual orientação militar de seu programa nuclear.
"O Brasil sonha com o Oriente Médio livre de armas nucleares como ocorre na América Latina. Encorajo, assim, Vossa Excelência a continuar o engajamento com países interessados, de modo a encontrar uma solução justa e equilibrada para a questão nuclear."
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