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24/11/2009 - 11h40

Irã reduz o tom e diz querer garantias para envio de urânio ao exterior

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da Reuters, em Teerã (Irã)
da Folha Online

A Chancelaria do Irã reduziu o tom nesta terça-feira e admitiu considerar o acordo internacional para o envio para o exterior do seu estoque de urânio baixamente enriquecido desde que haja garantias de que receberá o combustível nuclear em troca.

O porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, disse que o Irã não se opõe ao envio do urânio baixamente enriquecido, desde que tenha "100% de garantias" de que receberá combustível refinado em troca, para uso em um reator de pesquisas médicas.

As grandes potências mundiais insistiram na sexta-feira passada (20) para que o Irã aceite a proposta, e o presidente dos EUA, Barack Obama, já ameaçou o país com novas sanções.

"Ninguém no Irã jamais disse que somos contra o envio do urânio enriquecido a 3,5% para o exterior. Conversamos sobre o processo de despacho o combustível", disse Mehmanparast a jornalistas. "Se dizemos que esperamos 100% de garantias, significa que queremos... receber o combustível [com enriquecimento de] 20%", afirmou.

Alguns analistas dizem que o presidente Mahmoud Ahmadinejad é favorável a um acordo, por entender que isso reforçaria sua legitimidade internacional depois da polêmica reeleição em junho, mas que rivais internos estariam tentando solapar o acordo para prejudicá-lo.

Autoridades ocidentais suspeitam também que o Irã esteja negociando para tentar ganhar tempo e evitar novas sanções, enquanto na verdade pretenderia manter o seu programa de enriquecimento nuclear.

Os EUA e seus aliados temem que, se feito no Irã, esse processo possa levar à geração de combustível para armas atômicas. O Irã garante que seu programa nuclear se destina apenas a fins civis.

O principal negociador nuclear iraniano, Saeed Jalili, disse, segundo relato da TV iraniana em árabe Al Alam, que "a República Islâmica do Irã precisa de garantias objetivas para o intercâmbio de combustível nuclear para o seu reator de Teerã."

Ahmadinejad esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, na segunda-feira, e ouviu do presidente brasileiro uma defesa ao direito do Irã ter um programa nuclear para fins pacífico.

Acordo

Em 21 de outubro passado, em Viena, como parte de uma reunião entre o Irã, França, Rússia e os Estados Unidos, a AIEA apresentou um projeto de acordo que permitiria a Teerã garantir a entrega de combustível nuclear para seu reator de pesquisa.

O acordo visa a definir os termos do envio de cerca de 1.200 dos 1.500 quilos de urânio enriquecido a 3,5% que o país possui à Rússia, onde deve ser enriquecido até 19,75% de pureza --o suficiente para gerar energia e incapaz de produzir armas nucleares. Para fabricar uma bomba atômica, são necessários cerca de 2.000 quilos de urânio enriquecido acima de 90%.

O urânio enriquecido seria então transferido à França, onde seria transformado em combustível nuclear e depois devolvido ao Irã para uso em um reator científico em Teerã que produz medicamento para tratamento de câncer. Esse reator funcionava até agora com combustível atômico de fabricação argentina, recebido em 1993 e que está acabando.

O texto estabelece ainda a supervisão da AIEA sobre o processo.

Após seis dias do prazo estabelecido, o Irã entregou à AIEA sua resposta à proposta de acordo com emendas para que a entregado urânio seja gradual.

Na primeira emenda, o Irã propõe entregar o urânio enriquecido ao nível de 3,5% de forma progressiva para obter, em contrapartida, o combustível a 20% necessário para o reator de pesquisas de Teerã. Na segunda emenda, o Irã propõe a troca ao mesmo tempo de uma quantidade de urânio levemente enriquecido pelo combustível necessário para o reator de Teerã.

Os EUA rejeitaram os pedidos iranianos por emendas no documento e uma nova rodada de negociação sobre o tema. O presidente Barack Obama afirmou que o tempo de resolver as coisas com diplomacia está acabando e começa a subir o tom sobre sanções.

 

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