Irã admite prisão de mais de 500 manifestantes e reforça ameaças

Mais de 500 pessoas foram presas no Irã no domingo (27) suspeitas de envolvimento nos violentos protestos oposicionistas que ocorreram no país. Destas, cerca de 300 continuam presas, informou nesta quarta-feira o chefe da polícia iraniana, o general Esmail Ahmadi Moghadam, à agência de notícias oficial Irna.

"Durante o domingo passado, 500 perturbadores foram presos domingo pela polícia. Alguns deles foram liberados, porém 300 continuam presos", disse. O policial esclareceu, entretanto, que "outros órgãos, como o Ministério de Informações e de Basij [a milícia islâmica] também realizaram prisões, e o total definitivo será anunciado mais tarde".

Entre os presos há pelo menos dez importantes nomes da oposição reformista do país, além da irmã da advogada iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003, e o jornalista sírio Reza al Basha, 27, que trabalha para a TV oficial de Dubai.

Moghadam afirmou ainda que 120 policiais ficaram feridos nos protestos e que cerca de 60 deles continuam internados. "Entre eles há um oficial de alta graduação. [...] Dois veículos e várias motocicletas ficaram danificadas."

Em entrevista, o policial confirmou a impaciência do governo com os manifestantes e, em espécie de alerta, disse que o "período de tolerância já passou". "Nós atuaremos com maior firmeza contra qualquer pessoa que participar de manifestações e aceleraremos o processo judicial contra elas", afirmou.

No domingo, dia em que os xiitas celebram sua festa mais sagrada, a Ashura, a oposição do Irã voltou a tomar as ruas de várias cidades do país para protestar contra o governo. Houve confrontos com as forças de segurança --que, conforme testemunhas, chegaram a atirar em manifestantes. Nos distúrbios, morreram oito pessoas, segundo dados oficiais --os opositores dizem que foram 15.

Foram os distúrbios mais graves registrados no país desde junho passado, quando o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito sob denúncias de fraude.

	27.dez.09/Reuters
	Manifestantes iranianos ajudam policial que ficou ferido em confrontos; ao menos oito morreram

Com Efe e France Presse