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08/01/2004 - 05h37

China prende editor que noticiou o novo caso de Sars, diz ONG

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da Folha de S.Paulo

O editor-chefe de um jornal do sul da China que divulgou, em primeira mão, a informação sobre um caso suspeito de Sars, confirmado anteontem, foi detido por cerca de oito horas, disse ontem a ONG Direitos Humanos e Democracia, de Hong Kong.

Desde o ano passado, a mídia chinesa está sob ordens estritas de noticiar apenas informações sobre a Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) que sejam divulgadas pelo Ministério da Saúde do país.

Mas, em dezembro, o jornal "Southern Metropolis Daily", da cidade de Guangzhou, noticiou que um produtor de TV de 32 anos da Província de Guangdong havia sido internado no dia 20 possivelmente contaminado pelo coronavírus causador da Sars .

Na última segunda-feira, após vários testes, as autoridades chinesas confirmaram que o paciente realmente sofria da doença. É o primeiro caso no país desde que a epidemia de Sars foi contida na China, em julho passado.

Surgida em novembro de 2002 em Guangdong (sul da China), a Sars infectou mais de 8.000 pessoas, das quais 774 morreram, em 27 países. A doença foi controlada na China em julho de 2003, mas temia-se que retornasse no final do ano passado ou no início de 2004, durante o inverno chinês.

Segundo a ONG de Hong Kong, o editor Cheng Yizhong foi detido na tarde de terça-feira e só teria sido liberado à noite. Ontem, as ligações para seu escritório não eram atendidas. Uma pessoa no jornal negou que ele tivesse sido preso.

A repórter Zeng Wenqiong, autora da reportagem sobre o novo caso de Sars, disse à Reuters na semana passada ter sido afastada. "Não estou sob investigação, estou sendo mantida um pouco longe da cobertura da Sars", disse. Segundo um colega, ela teria tirado um ano de licença.

Em 2002, o governo chinês foi acusado de ter escondido o surgimento da doença, impedindo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e as autoridades de saúde de outros países adotassem medidas para impedir que a nova doença se espalhasse.

Desta vez, a OMS acompanha o novo caso de perto e disse que ele não representa uma ameaça à saúde pública mundial.

Extermínio

Ontem, o produtor de TV que contraiu Sars, identificado apenas como Luo e em fase de recuperação, afirmou nunca ter comido civeta, um pequeno mamífero consumido como alimento em Guangdong e que é suspeito de ser uma das origens do coronavírus que causa a doença.

"Ainda sem saber a causa de ter contraído Sars, Luo disse que jamais tocou ou comeu civetas em sua vida e lembrou-se apenas de ter jogado um filhote de rato pela janela uma vez", disse a agência estatal chinesa Xinhua.

Ao confirmar o novo caso de Sars na segunda-feira, as autoridades chinesas disseram que o vírus identificado na amostra genética de Luo se parecia com uma linhagem de coronavírus encontrada recentemente em civetas.

Por esse motivo, o governo proibiu a comercialização do animal e ordenou o extermínio até sábado de cerca de 10 mil civetas existentes na Província de Guangdong, provocando protestos dos comerciantes locais.

"Só há um caso de Sars, então por que matar todas as civetas?", disse um comerciante no mercado de animais vivos de Guangzhou. "Se elas são suspeitas, é melhor colocá-las de quarentena", afirmou.

Enquanto ele falava, as civetas à venda no local eram apreendidas, colocadas em sacos e jogadas num caminhão. Os animais serão afogados ou eletrocutados e, em seguida, queimados. Funcionários usando máscaras e luvas jogavam desinfetante nas bancas do mercado.

O próximo objetivo das autoridades locais será uma campanha de extermínio de ratos. "Toda a cidade [de Guangzhou] se unirá para matar ratos, nenhum lar ficará de fora", anunciou um jornal local.

Com agências internacionais

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