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Partidos rivais se unem contra hegemonia no México
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THIAGO GUIMARÃES
da Folha de S. Paulo
O anúncio de uma aliança eleitoral entre os rivais PAN (Partido da Ação Nacional, centro-direita), do presidente Felipe Calderón, e PRD (Partido da Revolução Democrática, centro-esquerda) agitou na semana passada o mundo político mexicano.
Os dois partidos, que disputaram cabeça a cabeça a Presidência em 2006, ensaiam um "casamento de conveniência" para frear o avanço do outrora hegemônico PRI (Partido da Revolução Institucional), em apostas locais que antecipam os primeiros movimentos da eleição presidencial de 2012.
O México elege em julho governadores em 12 dos 32 Estados --nove controlados pelo PRI, dois pelo PAN e um pelo PRD. Ganhar Estados do PRI --que lidera a maioria das pesquisas locais-- seria um modo de neutralizar a vantagem da sigla nessas regiões em 2012.
"Uma vitória do PRI em julho seria um impacto muito forte para PAN e PRD, que pouco teriam a fazer para evitar a derrota em 2012", disse à Folha Salvador García Soto, colunista do jornal "El Universal".
Dez anos após deixar a Presidência e 71 anos de poder, o centrista PRI está na crista da onda no México. No embalo da crise econômica que afetou o PAN de Calderón (é de 6,7% a queda estimada do PIB em 2009) e das divisões internas do PRD, levou maioria na Câmara dos Deputados e 5 dos 6 governos estaduais em disputa nas eleições de julho passado.
Esse revitalizado PRI é também o partido de Enrique Peña, governador do Estado do México (cargo que se renova só em 2011) e atual favorito na corrida presidencial.
De olho na dianteira do rival, PAN e PRD formalizaram nesta semana uma aliança eleitoral no Estado de Durango (norte), em que dividirão com partidos menores uma chapa para governador, prefeitos e deputados estaduais. Negociam ainda acordos em Oaxaca, Hidalgo e Puebla, todos bastiões do PRI.
Embora não seja a primeira união de forças entre PAN e PRD --desde 1991 já houve nove alianças locais, três vitoriosas--, o acordo era impensável até pouco tempo. Em 2006, Calderón ganhou por 0,6 ponto de Andrés Manuel López Obrador, do PRD, que fez dois meses de piquetes pedindo recontagem de votos e até hoje não reconhece o resultado do pleito.
"As alianças são fruto da avaliação de setores do PAN e do PRD de que o crescimento de seus partidos, em eleições e base social, está limitado. Apesar de gastos recorde em publicidade, parecem ter topado com um muro", afirmou à Folha o analista Daniel Lund.
A aliança expôs divisões internas dos partidos. O setor de López Obrador no PRD rechaçou a união, e também há divergências no PAN --Calderón não falou em público a respeito, mas avaliza a aliança nos bastidores, diz Soto.
Ruídos internos à parte, o PRI acusou o golpe e se mostrou assustado com a aproximação dos rivais, diz Soto. Para o analista, o governador Peña teme que, se funcionar, o ensaio de união se repita em seu Estado em 2011 --uma derrota na eleição regional ameaçaria seu projeto presidencial.
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