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Polícia investiga apresentador de TV que matou parceiro com Aids
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PETER GRIFFINS
da Reuters, em Londres (Reino Unido)
A polícia britânica disse nesta terça-feira que vai investigar um apresentador da rede britânica BBC que admitiu ter matado um ex-companheiro que estava morrendo de Aids, intensificando a discussão legal e moral sobre o suicídio assistido no país.
O veterano apresentador de televisão e rádio Ray Gosling, 70, disse que sufocou seu namorado com um travesseiro, no hospital, para cumprir um pacto que os dois haviam selado para o caso de a dor ficar insuportável.
"Tínhamos feito esse acordo. Se a situação chegasse a esse ponto, eu poria fim à vida dele. E foi o que eu fiz" disse Gosling à BBC. "Os médicos disseram que não havia nada a fazer, e ele estava sofrendo uma dor terrível, terrível. Peguei um travesseiro e o sufoquei até ele morrer."
A polícia disse que só tomou conhecimento do caso quando as declarações de Gosling foram divulgadas.
"Agora estamos entrando em contato com a BBC e vamos investigar o assunto", disse a polícia de Nottinghamshire em comunicado à imprensa.
Apesar de diversas contestações que chegaram aos tribunais, o suicídio assistido é ilegal no Reino Unido e pode ser punido com pena máxima de 14 anos de prisão. Dezenas de doentes terminais britânicos já foram morrer em uma clínica na Suíça, onde o suicídio assistido é legal e familiares ou amigos que ajudarem os suicidas a morrer não são processados.
Com a proporção de idosos aumentando rapidamente nos Estados Unidos, Japão e boa parte da Europa, a expectativa é de que o debate sobre a morte ganhe destaque na agenda política.
O promotor público chefe do Reino Unido, Keir Starmer, divulgou diretrizes no ano passado sobre denúncias criminosas contra pessoas que ajudam amigos ou parentes a morrer. Sua diretriz final deve ser divulgada em breve.
O grupo de campanha "Cuidar, Não Matar", que se opõe ao suicídio assistido, disse que é "bizarro e altamente irresponsável" da parte da BBC ter divulgado as declarações de Gosling pouco tempo antes de Starmer divulgar suas diretrizes.
"A lei atual existe porque há pessoas que se dispõem a matar por toda espécie de motivos --para ter acesso a heranças, para se livrar de um peso emocional ou do peso de cuidar de alguém, e, ocasionalmente, por motivos que podem considerar ser de compaixão", disse a entidade.
A BBC disse que vai cooperar com a polícia, e Gosling insistiu que não se arrepende do que fez.
"Se ele estivesse me olhando agora, teria orgulho de mim", disse o apresentador. "Às vezes é preciso agir com coragem e dizer "que se dane a lei"."
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