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09/03/2004 - 13h04

Xiitas dizem que Constituição iraquiana pode causar problemas

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da Folha Online

Líderes xiitas alertaram hoje que a nova Constituição iraquiana poderia causar problemas a longo prazo e um importante clérigo afirmou que uma cláusula sobre federalismo tinha o potencial de provocar uma guerra civil.

O Conselho de Governo Iraquiano, apontado pelos EUA, assinou ontem uma Carta interina depois de longas negociações e dois adiamentos, em um cerimônia considerada por Washington como uma vitória diplomática e um passo importante em direção a um governo democrático e soberano.

Mas logo após a assinatura, diversos líderes xiitas declararam que ainda estavam descontentes com a Constituição e que pretendiam introduzir mudanças futuramente.

As críticas continuaram hoje. Um dos mais importantes clérigos xiitas, o aiatolá Mohammed Taqi al Muddaresi, acusou a coalizão liderada pelos EUA de incluir deliberadamente um cláusula que, segundo a maioria xiita, é uma ameaça ao seu domínio numérico.

"A cláusula da legislação interina sobre o federalismo é quase uma bomba-relógio que pode causar um guerra civil no Iraque", afirmou Al Muddaresi, em um comunicado.

O principal clérigo xiita do Iraque, o aiatolá Ali al Sistani, cujas objeções à Constituição atrasou sua assinatura em três dias, se recusou a apoiar a Carta ontem, dizendo que ela era um obstáculo para um acordo de um Constituição permanente no próximo ano.

Al Sistani estava se referindo a uma cláusula no documento que dá efetivamente aos curdos e sunitas --que representam entre 30% e 40% da população-- o poder de vetar uma Constituição permanente quando houver um referendo no final do próximo ano. Os xiitas representam cerca de 60% dos 25 milhões de iraquianos.

A cláusula indica que a Constituição será rejeitada se dois terços da população de três Províncias votarem contra ela --mesmo se ela ganhar o apoio da maioria do país. Os curdos, que têm a maioria em três Províncias, queriam a cláusula para assegurar que qualquer Constituição permanente não reduza sua região autogovernada.

Al Sistani se opôs à cláusula porque ela deu a uma minoria o poder de bloquear a vontade da maioria xiita iraquiana. Suas objeções provocaram que a maioria dos 13 xiitas do Conselho de Governo Iraquiano se negassem a assinar o documento na sexta-feira (5). Em negociações no final de semana, o clérigo assinalou que embora ainda tivesse reservas, ele não impediria a assinatura da Constituição.

A Constituição interina, que terá efeito até ser substituída por uma Carta permanente no final de 2005, não deve ser votada por nenhuma assembléia eleita.

Com agências internacionais

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