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Premiê de Israel diz que manterá construções na Jerusalém ocupada
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da Folha Online
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou nesta segunda-feira diante do Parlamento israelense (Knesset) que "a construção continuará em Jerusalém Oriental", apesar das duras críticas internacionais à medida --que levou os palestinos a suspenderem os recém-retomados esforços por uma negociação indireta.
"A construção em Jerusalém e em qualquer outra parte continuará, como foi costume durante os últimos 42 anos", afirmou o premiê.
O Ministério de Interior de Israel anunciou na semana passada a construção de mais 1.600 casas em Ramat Shlomo, bairro de colonização habitado por judeus ultraortodoxos na área oriental de Jerusalém, que tem população majoritária de árabes e foi anexado por Israel em 1967.
A anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional e a cidade é pleiteada pelos palestinos como capital de um futuro Estado.
O anúncio irritou o vice-presidente americano, Joe Biden, que estava em visita ao país e fez com que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, decretasse o fim das negociações indiretas que ainda eram planejadas.
"O congelamento durante dez meses da construção em Judeia-Samaria [nome bíblico da Cisjordânia] terminará na data prevista", acrescentou Netanyahu, em referência à concessão parcial que fez sobre a colonização judaica na Cisjordânia ocupada, anunciada no fim de novembro sob forte pressão dos EUA.
Netanyahu disse ainda que a construção das casas não afeta de forma alguma os palestinos --que exigem o congelamento total das construções como pré-requisito para diálogo.
Estremecidas
O anúncio de Netanyahu ocorre ainda em um dos momentos mais difíceis da relação com os EUA.
Segundo o embaixador de Israel nos EUA, Michael Oren, Israel e Estados Unidos vivem uma "crise de proporções históricas" e as relações bilaterais estão em seu pior momento em 35 anos.
"As relações com os Estados Unidos estão na sua pior crise desde 1975... Uma crise de proporções históricas", afirmou Oren numa conversa telefônica com outros diplomatas israelenses.
A referência de Oren a 1975 faz alusão à pressão dos EUA naquela época para que Israel retirasse suas tropas da península do Sinai, região egípcia ocupada por Israel entre 1967 e 1982.
A chancelaria israelense não se manifestou.
Lula
As declarações de Netanyahu vem em meio a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região, em um esforço para retomar as negociações de paz.
Lula chegou na tarde de ontem ao aeroporto Ben Gurion, próximo a Tel Aviv. Ele deve visitar não apenas Israel, mas também os territórios palestinos, com a mesma mensagem que deixou aos líderes de ambos quando visitaram o Brasil --a de que Brasília pode ser um interlocutor no processo de paz no Oriente Médio.
Elogiado pela imprensa israelense, Lula centra seus discursos no pedido de esforços renovados pela paz. "Todo ser humano, todo governante tem que fazer um esforço para que as pessoas possam alcançar a paz no mundo", afirmou Lula, acrescentando esperar um acordo ainda no mandato de Peres, que termina em 2012.
"Existe uma única palavra e um único motivo para a guerra, mas existem milhões de palavras e gestos que justificam a paz, e isso é o que precisamos buscar, a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo", continuou Lula, em uma rápida entrevista coletiva antes da reunião com Peres na residência presidencial.
Segundo Lula, que deve defender a formação de um Estado palestino nas negociações de paz, "a política é a arte de tornar realidade as coisas que parecem impossíveis".
Com agências internacionais
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