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03/08/2006 - 00h00

Hizbollah diz que lutará até Israel sair do Líbano; mil morreram

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da Folha Online

O grupo terrorista libanês Hizbollah anunciou hoje que dará continuidade à luta contra Israel enquanto soldados israelenses permanecerem em território libanês. Após 22 dias de conflito, o saldo da violência já chega a quase mil --900 no Líbano e 63 em Israel.

"Declarar um cessar-fogo não será uma preocupação do povo do Líbano enquanto houver algum soldado israelense em solo libanês --mesmo que tenha invadido apenas um metro", disse Hussein Rahal, porta-voz do grupo.

Uriel Sinai/AP

Tanque do Exército israelense avança durante incursão militar perto de Aitrun, sul do Líbano

Logo após a declaração, transmitida pela rede de TV de língua árabe Al Jazira, do Qatar, Israel informou a morte de dois soldados israelenses, atingidos por um foguete do Hizbollah em Farajin, sul do Líbano. Outros dois soldados ficaram feridos. Foguetes lançados contra o norte de Israel também mataram seis civis israelenses.

Em confrontos na manhã desta quinta-feira, forças israelenses disseram ter matado quatro membros do Hizbollah que estavam armados. Eles também teriam desarmado dois foguetes e destruído um depósito de armas do grupo.

A atual onda de violência foi desencadeada com o seqüestro de dois soldados israelenses levado a cabo no último dia 12 pelo Hizbollah. A ação deixou ainda oitos soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos. Desde então, Israel ataca o Líbano por ar, terra e mar.

Baixas

Só no Líbano, 900 pessoas morreram [26 soldados, 43 membros do Hizbollah e mais de 800 civis], há cerca de 3.000 feridos e 1 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas. O anúncio do número de baixas foi feito pelo premiê libanês, Fouad Siniora. Em Israel, confrontos e foguetes do Hizbollah mataram 63 (39 soldados e 24 civis).

Entre as vítimas no Líbano, um terço são crianças com menos de 12 anos de idade. Cidades inteiras no sul do país foram destruídas por bombardeios aéreos de Israel. Várias regiões também carecem de água, luz e telefone.

Israel tenta minar a infra-estrutura do Hizbollah para impedir ataques a seu território, e até agora não aceitou nenhum pedido de cessar-fogo feito pela comunidade internacional.

Pier Paolo Cito/AP

Foguete lançado pelo grupo terrorista libanês Hizbollah atinge Kiryat Shmona, norte de Israel

Nesta quinta-feira, Israel fez vários ataques a Beirute, capital do Líbano, e intensos combates por terra foram registrados no sul do país. Israel bombardeou comunidades xiitas em Beirute, consideradas redutos do Hizbollah.

Ontem, na ação mais violenta do Hizbollah contra o norte de Israel desde o início dos confrontos, 210 foguetes foram lançados em direção ao norte do país, causando a morte de uma pessoa. Um dos foguetes chegou a uma distância de 70 km, caindo próximo da Cisjordânia e causando grande preocupação às autoridades israelenses.

Nesta quinta-feira, ao menos 50 foguetes atingiram o norte do território israelense, matando dois soldados.

Influência

Os governos do Líbano e da Síria se comprometeram a exercer toda a sua influência sobre o Hizbollah para tentar pôr fim aos conflitos com Israel.

O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, após encontro em Damasco com o presidente sírio, Bashar al Assad.

O Hizbollah, que recebe apoio sírio e iraniano, não é visto no Líbano como uma entidade terrorista, mas como um grupo de resistência contra a invasão israelense ao país, em 1982, que só terminou em 2000, 18 anos mais tarde. O grupo foi o único a não se desarmar após a guerra civil do Líbano (1975-1991), e freqüentemente lança foguetes contra Israel.

Vítimas

Nesta quinta-feira, a organização não-governamental de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) contestou o total de mortos de um ataque israelense no último domingo ao vilarejo de Qana, no sul do Líbano. Segundo a ONG, que reuniu dados a partir de informações médicas, entrevistas com sobreviventes e fontes do governo, os bombardeios israelenses mataram 28 pessoas e deixaram 13 desaparecidos. Líbano havia divulgado 56 mortos, 37 deles crianças.

A HRW também condenou a ação israelense, qualificando os ataques ao Líbano como crime de guerra.

A ação, que gerou repúdio da comunidade internacional, foi justificada por Israel como "culpa do Hizbollah", que teria usado as vítimas civis como escudos humanos. Israel alega ainda que não sabia que dentro do edifício atacado havia civis, embora no dia anterior ao bombardeio tenha lançado avisos pedindo que a população local fugisse da região.

"O Exército de Israel atuou sob informações que apontavam que o edifício não abrigava civis e que havia sido transformado em esconderijo de terroristas", diz o comunicado oficial do chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz. "Se houvesse informação de que havia civis no local, não teríamos atacado", acrescenta.

Após Israel informar ontem que os ataques contra o Líbano devem continuar até o próximo dia 12, forças de segurança israelenses disseram que pretendem criar uma nova "zona de segurança" no sul do Líbano, que deve ocupar de seis a oito quilômetros na fronteira do norte de Israel.

Tropas israelenses já invadiram mais de seis quilômetros do território libanês, e teriam bases de observação em 11 cidades e vilarejos no sul do Líbano. A informação não foi confirmada pelo governo libanês, que já avisou que agirá com seu Exército se Israel decidir ocupar novamente seu território.

A área alcançada durante a penetração de Israel nas atuais movimentações de suas tropas é comparável à "zona de segurança" estabelecida por 18 anos, durante a ocupação israelense.

 

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