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22/03/2004 - 07h51

Israel mata líder do Hamas e fecha territórios palestinos

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da France Presse, em Jerusalém

O Exército israelense fechou hoje os territórios palestinos da Cisjordânia e da faixa de Gaza, após matar em um ataque aéreo o xeque Ahmed Yassin, 67, fundador e líder espiritual do grupo extremista palestino Hamas, informou um comunicado militar.

Yassin foi morto hoje de manhã em uma operação de "assassinato seletivo" efetuada por helicópteros israelenses, que deixou outros sete mortos e 15 feridos, incluindo dois de seus filhos, provocando ódio, ameaças de vingança e uma forte tensão nos territórios palestinos.

Arquivo/AP
Xeque Ahmed Yassin
Yassin foi morto em sua cadeira de rodas na saída da mesquita do bairro de Sabra, em Gaza, onde tinha ido para a oração matinal. Um helicóptero israelense disparou três foguetes.

O Exército israelense confirmou em um comunicado sua responsabilidade no assassinato, enquanto milhares de palestinos saíam às ruas para manifestar sua ira.

"O xeque Ahmed Yassin, chefe da organização terrorista Hamas, responsável por vários atentados e pela morte de inúmeros cidadãos de Israel e estrangeiros, foi morto em uma operação do Exército israelense, nesta manhã, no norte da faixa de Gaza", disse o texto do Exército israelense.

A nota acrescentou que "depois deste ataque [de helicóptero], toda a faixa de Gaza está fechada e a região se encontra separada em três setores".

"O fechamento total foi imposto na Cisjordânia", declarou.

Autorização

Segundo a rádio pública israelense, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, deu pessoalmente sua autorização para o assassinato do xeque Yassin e supervisionou a operação.

O gabinete de segurança israelense decidiu intensificar suas operações contra os movimentos radicais palestinos em represália a um duplo ataque no porto israelense de Ashdod na terça-feira passada (16), que deixou dez mortos.

Este duplo ataque, contra um alvo considerado por Israel como "estratégico", foi reivindicado conjuntamente pelo Hamas e pelas Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah, de Iasser Arafat.

"O xeque Yassin merecia a morte por todos os atentados terroristas cometidos pelo Hamas", declarou o vice-ministro da Defesa, Zeev Boim, primeira autoridade de Israel a admitir publicamente o assassinato do líder espiritual palestino.

Boim advertiu que nenhum "responsável terrorista gozará de impunidade", ao se referir a possíveis eliminações de outros membros de organizações radicais palestinas.

Represália

O Izzedin al Qassam, braço armado do Hamas, prometeu em um comunicado um "terremoto" como represália. "Quem tomou a decisão de assassinar o xeque Ahmed Yassin, decidiu de fato matar centenas de sionistas", afirmou o Izzedin al Qassam no comunicado, que inclui uma ameaça velada aos EUA.

"Os sionistas não cometeram este ato sem obter sinal verde da Administração norte-americana terrorista e esta deve assumir a responsabilidade por este crime", disse.

O comunicado afirma que a retaliação ao assassinato do xeque Yassin vai ultrapassar os limites dos territórios palestinos e de Israel. "Todos os muçulmanos do mundo islâmico se honrarão de participar da resposta a este crime", afirmou.

"A guerra está aberta contra esses assassinos, esses criminosos e esses terroristas", afirmou, por sua vez, um dirigente do movimento palestino Hamas, Abdel Aziz Al Rantissi, em uma declaração divulgada pela rede Al-Arabiya.

"Não será uma revanche, mas uma guerra aberta", acrescentou o membro do Hamas, advertindo os israelenses de que "terão segurança apenas fora da Palestina".

Crime

Já o ministro palestino encarregado das negociações, Saeb Erekat, denunciou como "um crime desprezível" o assassinato do fundador do Hamas e advertiu que este homicídio intensificará a escalada entre palestinos e israelenses.

"Denuncio com força este crime desprezível cometido pelas forças israelenses", declarou Erekat à televisão Al-Arabiya, com sede em Dubai, acrescentando que "o governo israelense escolheu o caminho da escalada e da confrontação".

Erekat também exigiu "proteção internacional" para os palestinos que, segundo ele, perderam neste mês "64 mártires", vítimas de ataques de Israel.

Depois que se espalhou a notícia de sua morte, milhares de palestinos começaram a se encaminhar para a modesta residência de Yassin, no bairro Sabra, de Gaza.

Centenas de pneus ardiam nas ruas em sinal de luto, soltando uma densa fumaça negra. A rádio A Voz da Palestina transmitia versículos do Alcorão e cantos patrióticos e os alto-falantes dos minaretes das mesquitas anunciavam "o martírio" do fundador do Hamas. As escolas da faixa de Gaza permaneciam fechadas, também em sinal de luto.

EUA

Em Washington, o governo americano fez um apelo a todas as partes do conflito entre israelenses e palestinos para que mantenham a calma e mostrem sua moderação.

"Os Estados Unidos pediram a todas as partes que mantenham a calma e exercitem a moderação", disse um funcionário do Departamento de Estado, que pediu para não ser identificado.

"Estamos analisando as circunstâncias e estamos em contato com autoridades israelenses e palestinas", declarou.

A rádio israelense falou de disparos de foguetes Qassam hoje contra Israel, o que não foi confirmado por fontes militares.

A rádio disse ainda que a polícia israelense, os principais hospitais do país e as prisões, onde milhares de militantes do Hamas estão detidos, foram colocados em estado de alerta.

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