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30/03/2004 - 16h10

Banderas espera que atentados na Espanha antecipem queda de Bush

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da France Presse, em Madri

O ator espanhol Antonio Banderas disse, em entrevista coletiva hoje, esperar que o ocorrido na Espanha tenha um "efeito bola de neve" nos Estados Unidos e antecipe a queda do presidente George W. Bush, candidato à reeleição, em novembro.

"Os americanos se dão conta de que a situação que ocorreu na Espanha pode ter um efeito de bola de neve que acabe com a presidência do senhor Bush nas eleições do mês de novembro (...). Eu, desde já, espero que assim aconteça, como acredito que espere grande parte da sociedade americana neste momento", afirmou Banderas, ao apresentar seu último filme, "Imaging Argentina", baseado no livro homônimo de Lawrence Thornton sobre os desaparecidos na ditadura militar naquele país (1976-83) num hotel de Madri.

Segundo entidades de defesa dos direitos humanos, 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura na Argentina.

O ator espanhol manifestou todo o seu pesar pelos atentados de 11 de março, que mataram 191 pessoas na capital espanhola.

"Foi duro ver isso dos Estados Unidos", disse Banderas, que se apresentou à coletiva usando uma fita preta em sinal de luto.

A magnitude da tragédia chegou a fazer com que os responsáveis pelo filme, dirigido pelo inglês Christopher Hampton, também roteirista, considerassem suspender a promoção da fita, apresentada no Festival de Cinema de Veneza.

"Mas os terroristas não podem impôr uma mudança em nossas vidas", afirmou o produtor Santiago Pozo, que, junto com Hampton, acompanhou Banderas na coletiva de apresentação do filme, ao lado da atriz britânica Emma Thompson, co-protagonista do filme, e dos atores mexicano Kuno Becker e espanhola Leticia Dolera.

Thompson interpreta Cecilia, esposa de Carlos (Banderas), uma jornalista engajada na Argentina da ditadura militar, cujo seqüestro mobilizará Carlos e sua filha, Teresa (Dolera), a tentar encontrá-la. Em sua busca, Carlos recorrerá a visões paranormais, que irão lhe dando pistas do paradeiro da mulher.

O recurso à paranormalidade num filme que quer contar o drama de milhares de desaparecidos durante a ditadura argentina foi um dos elementos que gerou críticas.

Mas, para Banderas "quando uma população é atacada por outro país ou tem problemas de delinqüência interna, o povo sempre tem a possibilidade de ter um recurso e esse recurso se assenta nas instituições; (mas) quando estas são as que produzem o ataque, a sensação de solidão é tremenda".

Nestes casos, "quando a gente se encontra sem nenhum lugar para recorrer, (consultar um vidente) já não parece tão irracional", disse o ator, lembrando que, durante as filmagens, falou com parentes das vítimas que de verdade também recorreram a videntes para tentar encontrar seus entes queridos.

"A única forma de interpretar a tortura é através da imaginação, da arte, porque ninguém quer falar disso", explicou Emma Thompson, que se esforçou para responder em espanhol.

"A voz da violência é enorme, a da dor é pequena", disse a atriz britânica, ganhadora de um Oscar, para quem o filme "quer dar voz à dor".

Para Banderas, a fita busca evitar que coisas assim continuem acontecendo, mas não há um filme definitivo sobre nada. "Um filme depois do outro, um livro depois do outro, um testemunho depois do outro vão gerando a opinião pública", disse.

O filme estréia nesta semana na Espanha, em seguida nos Estados Unidos, depois na Argentina.
 

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