Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/03/2010 - 10h42

Bispo irlandês admite atitude "inadequada" ao omitir caso de pedofilia

Publicidade

da Efe, em Dublin (Irlanda)
da Folha Online

O bispo de Waterford e Lismore, William Lee, admitiu nesta quinta-feira que suas atitudes foram "seriamente inadequadas" nas investigações sobre abusos sexuais cometidos contra crianças por um sacerdote da mesma diocese, no sudeste da Irlanda.

A admissão é o mais novo episódio no escândalo de pedofilia que envolve a Igreja Católica não apenas na Irlanda, mas nos Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Espanha, Áustria e até no Brasil.

Em comunicado enviado à emissora irlandesa RTE, o bispo pediu perdão por demorar dois anos para informar à polícia sobre as acusações feitas por três pessoas em 1993, quando já eram adultos, sobre os abusos sexuais sofridos por um sacerdote.

O bispo Lee lamenta não ter ordenado a suspensão imediata das responsabilidades eclesiásticas do padre acusado de pedofilia. Em vez de suspenso, o sacerdote foi apenas transferido para outra paróquia.

O relatório de uma investigação oficial, publicado em novembro passado, acusa a Igreja Católica da Irlanda de ocultar os abusos sexuais cometidos por padres da região de Dublin envolvendo centenas de crianças durante várias décadas.

O documento, de mais de 700 páginas, fala sobre a atitude da hierarquia católica no arcebispado de Dublin entre os anos 1975 a 2004. Acusa, principalmente, quatro arcebispos por não terem denunciado à polícia que sabiam dos abusos sexuais, cometidos a partir dos anos 60.

Lee conta que se reuniu com as supostas vítimas pela primeira vez em dezembro de 1993 e em várias outras ocasiões no ano seguinte para ouvir as denúncias. Ele também afirma que não pediu a eles para ficarem em silêncio, como ocorreu em outros casos de pedofilia.

O bispo também assinala que "ficou satisfeito" com relação à veracidade das acusações graças às provas apresentadas pelas vítimas.

Ainda assim, acrescenta Lee, o sacerdote foi transferido a outra paróquia depois de um atestado psiquiátrico assegurar que o suspeito podia continuar trabalhando com crianças sem risco algum para eles.

No entanto, o bispo reconheceu que suas atitudes tinham sido "seriamente inadequadas" em outubro de 1995.

Na época, as autoridades eclesiásticas estavam prestes a publicar as novas linhas de atuação para abordar denúncias de abusos sexuais e isso motivou Lee comunicar as denúncias do padre à polícia.

Seis semanas depois, o sacerdote foi exonerado de seu ministério. Não se sabe, por enquanto, se ele teve contato com crianças durante os dois anos que Lee atrasou a suspensão.

O bispo acrescenta na nota que as três vítimas decidiram não apresentar acusações contra o padre nos tribunais irlandeses.

Escândalo

Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 1.100 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.

Na Alemanha, as denúncias de pedofilia chegam a 120 e teriam ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas locais. O caso envolveu até mesmo o sacerdote Georg Ratzinger, irmão do papa, que liderava os rapazes do coro da catedral de Regensburg. O sacerdote negou saber dos casos de abusos e foi inocentado pelo Vaticano.

Na semana passada, na Áustria, a imprensa local noticiou casos de abusos cometidos em dois institutos religiosos nas décadas de 1970 e 1980.

Na Espanha, o Vaticano disse saber de 14 casos de abuso sexual de crianças, que teriam ocorrido de janeiro de 2001 até março de 2010, na Igreja Católica da Espanha.

De acordo com a imprensa espanhola, entre as suspeitas há pelo menos dez sentenças já emitidas por tribunais civis e quatro processos abertos por abusos similares cometidos por religiosos antes de 2001. No total, são 25 sacerdotes e religiosos espanhóis implicados em pedofilia nos últimos 20 anos.

O jornal americano "The New York Times" informou nesta quinta-feira em seu site que as maiores autoridades do Vaticano, incluído o então cardeal Joseph Ratzinger, que anos mais tarde se tornaria o papa Bento 16, encobriram um sacerdote americano acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.

O jornal teve acesso a documentos que procedem do processo judicial aberta contra o reverendo Lawrence Murphy, que trabalhou durante mais de 20 anos, entre 1950 e 1974, em uma escola para crianças surdas do Estado americano de Wisconsin.

O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página