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01/04/2010 - 20h52

Chancelaria brasileira pede respeito à democracia em Guiné-Bissau

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colaboração para Folha Online

O governo brasileiro pediu hoje às autoridades, forças armadas e à sociedade de Guiné-Bissau que respeitem a ordem democrática, após a tentativa de golpe de Estado liderada por um grupo de militares.

O Brasil pediu a todos os setores e forças do país africano que atuem "com moderação", e disse que precisam resolver suas diferenças com respeito à democracia, segundo um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores.

arte Folha Online/arte Folha Online

De acordo com as autoridades brasileiras, é preciso trabalhar para consolidar "os avanços" nos processos de estabilização e de reformas internas, que contam "com amplo respaldo da comunidade internacional".

Um grupo de militares ainda mantém retido o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Guiné-Bissau, após ter tentado derrubar o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que se negou a renunciar.

Guiné-Bissau realizou eleições presidenciais em julho de 2009, quatro meses depois de o presidente João Bernardo Vieira ser morto a tiros por um grupo de soldados.

As eleições foram vencidas por Malam Bacai Sanha, o atual presidente, que manteve como primeiro-ministro Gomes, que já ocupava o cargo com Vieira.

Instabilidade

Guiné-Bissau volta a viver uma situação política incerta nesta quinta-feira, sob ameaça de um novo golpe de Estado. Um grupo militar amotinado deteve o chefe das Forças Armadas do país, e mantém sob prisão domiciliar o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que se negou a renunciar.

O atual presidente de Guiné-Bissau, Malam Baci Sanha, no entanto, garante que "a situação no país está sob controle", segundo o porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas) em Bissau, Vladimir Montero.

A declaração foi feita após o presidente se reunir com o coronel Antonio Indjai, antigo número 2 das Forças Armadas e autoproclamado o número 1, após a prisão deste pelos militares.

Porém, a população parece não acreditar que tudo esteja sob controle. "As ruas estão vazias, há medo e os comércios permanecem fechados", disse o porta-voz da ONU no país.

Também participa do "motim" o ex-chefe do Estado Maior, almirante Bubo Na Tchuto, acusado de tentar dar um golpe de Estado contra o ex-presidente João Bernardo Vieira, assassinado em 2008. Na época, Na Tchuto fugiu para a Gâmbia, de onde voltou em dezembro passado para refugiar-se na sede da ONU em Bissau, capital do país.

Tchuto foi acusado, ainda, de colaborar com narcotraficantes sul-americanos no transporte de cocaína até a Europa. Ele abandonou a sede da ONU nesta quinta-feira, acompanhado por um grupo de militares, e se apresentou publicamente junto a Indjai.

Amotinados

No momento, o chefe do Estado Maior Central das Forças Armadas, José Zamora Induta, e outros cerca de 40 oficiais estão presos, em uma base militar, por rebeldes amotinados do coronel Antonio Indjai, que era subchefe e, então, se autoproclamou o mais alto chefe das Forças Armadas do país.

Na manhã desta quinta-feira, o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior tinha sido detido por militares amotinados que queriam obrigá-lo a renunciar, o que ele se negou a fazer.

Cerca de mil pessoas se manifestaram em frente ao gabinete de Gomes Júnior e ele foi levado de uma base militar, onde estava detido, para sua casa, onde aparentemente é mantido em prisão domiciliar.

O porta-voz do premiê disse não ter conseguido contato com ele desde o incidente. "Não sabemos o que está acontecendo. Estamos todos fazendo a mesma pergunta."

Indjai convocou uma entrevista coletiva logo após o premiê ser transferido para sua casa e divulgou um alerta: "Se as pessoas continuarem a ir às ruas para mostrar apoio a Carlos Gomes Júnior, então eu vou matá-lo. Ou vou mandar alguém matá-lo", disse ele, de acordo com entrevista divulgada na TV estatal.

Após a manifestação de apoio ao premiê, o coronel Indjai proibiu qualquer tipo de concentração nas ruas, ameaçando atirar em quem desrespeitar a ordem.

Reações

Nesse pequeno país da África ocidental marcado por golpes, onde o presidente foi assassinado no último ano, esta quinta-feira teve direito até a música marcial tocada no rádio, código para golpe militar nessa parte do mundo.

O porta-voz do departamento de Estado dos EUA, Philip Crowley, classificou a situação em Guiné-Bissau como "muito complexa". "Queremos que se restaure a ordem constitucional o quanto antes", disse ele. "Somos contra os golpes de Estado e a violência."

Em Portugal, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, mostrou preocupação e lamentou que o pequeno país africano "não encontre o caminho da estabilidade política e do respeito às regras de direito".

Narcotráfico

A ex-colônia portuguesa de 1,5 milhões de habitantes é um dos países mais pobres do mundo, e as suas instituições têm sido enfraquecidas pela influência dos narcotraficantes latino-americanos, que o usam como um ponto de tráfego para carregamentos de cocaína enviados à Europa, muitas vezes com a cumplicidade das Forças Armadas.

Uma fonte da ONU em Bissau, que não quis se identificar, disse à Efe que por trás do movimento dos militares está "o problema do tráfico de drogas em Guiné-Bissau, que se transformou em um narcoestado onde se enfrentam vários grupos que controlam diferentes grupos militares."

Há vários anos, vários países da África ocidental, em especial Guiné-Bissau, transformaram-se em ponto de passagem da cocaína produzida na América do Sul até a Europa, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Com agências internacionais

 

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