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Americana que devolveu filho adotivo à Rússia diz que só fala após acusação
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Colaboração para a Folha
Autoridades locais afirmaram nesta segunda-feira que não conseguiram interrogar a americana do Tennessee que devolveu o filho adotivo à Rússia.
AP/Rossia 1 Television Channel |
Imagem da TV Rossia 1 mostra o menino de 7 anos entrando em um veículo, do lado de fora do departamento de polícia em Moscou |
Artyom Savelyev, 7, chegou sozinho no aeroporto de Moscou na quinta-feira (6), em um voo da United Airlines vindo de Washington. Ele trazia consigo uma carta pedindo ao governo russo para anular o processo de adoção, alegando que a criança era violenta e tinha graves problemas psicológicos.
A Rússia ameaçou suspender adoções de crianças russas por cidadãos americanos após o incidente.
O xerife do Condado de Bedford, Randall Boyce, disse em entrevista coletiva que um advogado representando Torry Hansen, 33, disse que ela se recusa a falar com autoridades sem uma acusação oficial.
Boyce disse que nenhuma lei foi infringida segundo o Departamento de Estados dos EUA, então cabe ao departamento decidir que acusações podem ser registradas. Ele pediu informações médicas sobre o menino para autoridades russas, ou qualquer registro de que ele tenha sofrido abusos no Tennessee.
"Nada é simples nesse caso", disse Boyce. "Não encontramos ninguém que os conhecesse direito. Não sabemos a quanto tempo eles vivem no país."
Caso de Artyom
Artyom foi adotado de um orfanato de Partizansk, no extremo leste da Rússia, em setembro de 2009 por uma família do Tennessee. Após seis meses, sua avó adotiva comprou uma passagem só de ida e mandou-o de volta à Rússia.
"A criança é mentalmente instável. Ele é violento, e tem sérios problemas psicossomáticos. Fui enganada pelo orfanato russo", dizia a nota, mostrada na TV russa. "Pela segurança da minha família, amigos e a minha mesma, não quero mais manter essa criança."
"Ele desenhou nossa casa pegando fogo e diz a todos que vai por fogo na casa conosco dentro dela", disse a avó, Nancy Hansen, adotiva à Associated Press, por telefone. "Foi aí que passamos a temer por nossa segurança."
Ela disse que uma assistente social avaliou o menino em janeiro e informou a autoridades russas que não havia nenhum problema. Mas após isso, a avó disse que os incidentes de bater, chutar e cuspir começaram a aumentar, junto com ameaças.
A avó viajou com o menino até Washington, onde o colocou sozinho no voo para Moscou.
Ele foi recebido no aeroporto por um guia turístico, que recebeu US$ 200 (R$ 355) da mãe adotiva para "entregá-lo ao Ministério da Educação como um pacote", disse Pavel Astakhov, responsável por direitos das crianças do Kremlin.
Artyom seria submetido a exames em um hospital de Moscou nesta sexta-feira.
Adoções
A Rússia é o terceiro país com mais crianças estrangeiras adotadas por americanos, com 1.586 em 2009, segundo o Departamento de Estado americano.
O país endureceu seu processo de adoção após várias crianças russas terem morrido nas mãos de pais abusivos nos EUA. Os procedimentos extras causaram uma queda acentuada no número de adoções americanas, de um máximo de 5.862 em 2004.
Mais de 60 mil órfãos russos já foram adotados nos EUA, segundo o Conselho Nacional para a Adoção, um grupo beneficente americano.
Há mais de 740 mil crianças sem custódia de pais na Rússia, segundo a Unicef (órgão da Organização das Nações Unidas para a infância).
Com agências internacionais
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