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19/04/2010 - 13h37

Arcebispo espanhol diz que pedófilos devem ser punidos perante Deus e homens

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da Ansa, em Madri (Espanha)
da Reportagem Local

O presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e arcebispo de Madri, Antonio Maria Rouco Varela, disse nesta segunda-feira que os sacerdotes e religiosos culpados de pedofilia devem responder a seus crimes diante "de Deus e da justiça humana".

Ao iniciar a 95ª Assembleia Plenária da CEE, o cardeal expressou, em nome dos bispos espanhóis, dor pelos "graves pecados e crimes cometidos por alguns irmãos no sacerdócio e por alguns religiosos que abusaram de menores, traindo a confiança neles depositada pela Igreja e a sociedade".

Ao dizer que os culpados devem pagar por seus atos, Varela declarou que "ninguém pode pensar que seja compatível o serviço sacerdotal com tais crimes".

O arcebispo de Madri afirmou ainda que "não pode ser aceitável a omissão das devidas medidas disciplinares ou da atenção que merecem aqueles que sofreram". "Já é demais que tenha sido abusada uma só criança", insistiu ele.

Varela também denunciou "as acusações insidiosas divulgadas para desacreditar" os sacerdotes e religiosos em geral e "por extensão o próprio papa Bento 16". Ele afirmou ainda que os bispos espanhóis dão total apoio ao pontífice, que completa nesta segunda-feira cinco anos de papado.

A Espanha foi um dos países afetados pelo amplo escândalo de pedofilia cometida por padres nos últimos meses. O Vaticano disse saber de 14 casos de abuso sexual de crianças no país, que teriam ocorrido de janeiro de 2001 até março de 2010.

De acordo com a imprensa espanhola, entre as suspeitas há pelo menos dez sentenças já emitidas por tribunais civis e quatro processos abertos por abusos similares cometidos por religiosos antes de 2001. No total, são 25 sacerdotes e religiosos espanhóis implicados em pedofilia nos últimos 20 anos.

Escândalo

A Igreja Católica enfrenta um escândalo sobre os acobertamentos de abusos sexuais de crianças por parte de padres que atingiu o Vaticano com intensidade ainda maior que o escândalo semelhante que atingiu os Estados Unidos oito anos atrás e fez com que muitos voltassem a questionar o celibato.

Desta vez, o escândalo vem chegando perigosamente perto do próprio papa, na medida em que os grupos de vítimas disseram que querem saber como ele tratou desses casos antes de sua eleição a papa, em 2005.

Muitas alegações de acobertamentos de abusos sexuais envolvem Munique, na época em que o papa foi arcebispo da cidade, entre 1977 e 1981. Grupos de vítimas pedem ainda informações sobre as decisões tomadas pelo papa na época em que dirigiu o departamento doutrinal do Vaticano, entre 1981 e 2005.

Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 1.100 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.

Na Alemanha, as denúncias de pedofilia chegam a 120 e teriam ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas locais. O caso envolveu até mesmo o sacerdote Georg Ratzinger, irmão do papa, que liderava os rapazes do coro da catedral de Regensburg. O sacerdote negou saber dos casos de abusos e foi inocentado pelo Vaticano.

Na semana passada, na Áustria, a imprensa local noticiou casos de abusos cometidos em dois institutos religiosos nas décadas de 1970 e 1980.

Na França, a diocese de Rouen informou que um de seus padres está sendo investigado por "antigos delitos contra uma criança". A investigação do padre Jacques Gaimard, diretor da emissora Radio Chrétienne, no Departamento de Haute-Normandie, foi aberta após denúncia apresentada pela vítima.

Outro sacerdote da diocese francesa terá de declarar perante um tribunal por "posse de imagens pornográficas de crianças". Os dois padres foram suspensos do serviço até que a Justiça dê a sentença.

Nos EUA, as maiores autoridades do Vaticano, incluído o então cardeal Joseph Ratzinger, teriam encoberto o reverendo americano Lawrence Murphy acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.

O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.

 

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