Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/05/2004 - 11h56

Militares britânicos enfrentam novas acusações; Rumsfeld se desculpa

Publicidade

da Folha Online

Um prisioneiro iraquiano fez novas acusações contra as tropas britânicas. Ele diz que foi espancado por soldados do Reino Unido no Iraque, informou o jornal britânico "The Independent". Nos Estados Unidos, uma pesquisa indica que os americanos não querem a renúncia do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, apesar de ele ter assumido "toda a responsabilidade" pelos abusos cometidos contra prisioneiros por soldados americanos.

Líderes árabes de vários países e chefes tribais iraquianos não aceitaram o pedido de desculpas de Rumsfeld e exigem sua demissão. Também pedem a libertação imediata de prisioneiros sob a guarda de soldados dos EUA e do Reino Unido como "gesto de boa vontade". Muçulmanos em vários países realizam protestos contra a tortura de prisioneiros

O engenheiro iraquiano Kifah Talah diz que teve insuficiência renal depois de ter sido espancado por três dias em setembro do ano passado. "Os soldados nos cercavam e competiam para ver quem podia bater mais. Os soldados pareciam estar se divertindo muito, já que o espancamento era acompanhado por gargalhadas", diz Talah, em um depoimento por escrito que será usado como parte de um pedido de compensação da família à Justiça.

Talah diz que Baha Mousa, que foi preso junto com ele, foi torturado até a morte. Daoud Mousa, pai de Baha, confirma.

Outro jornal, o "Daily Mirror" publicou uma nova foto na primeira página neste sábado mostrando um soldado britânico junto com um prisioneiro com a boca cheia de sangue, em um veículo militar.

A foto foi entregue por um outro soldado, que disse ter tirado a foto no final do ano passado, depois de ter visto o homem apanhando em Basra, (sul).

Renúncia

Os americanos não querem a renúncia do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, mesmo depois de ele ter assumido "toda a responsabilidade" sobre os casos de abusos de prisioneiros americanos, segundo uma pesquisa do jornal "The Washington Post" e da rede de TV ABC.

Apenas 20% dos entrevistados foram favoráveis à renúncia de Rumsfeld, enquanto 69% disseram que ele deve ficar no cargo. Na sexta-feira (7), Rumsfeld foi ouvido durante cerca de três horas por senadores e deputados americanos e se desculpou pelos abusos em presídios iraquianos.

"Esses eventos ocorreram debaixo dos meus olhos. Como secretário de Defesa, eu sou responsável por eles. Assumo toda a responsabilidade", disse Rumsfeld à comissão das Forças Armadas do Senado, na sexta-feira.

Rumsfeld disse que não seria uma má idéia demolir o presídio de Abu Ghraib, o centro do escândalo deflagrado pela divulgação de fotos de detentos sendo submetidos a humilhações pela rede de TV americana CBS.

A pesquisa Washington Post/ABC indica que dois terços dos americanos são a favor de punir criminalmente os soldados envolvidos no caso e que 54% afirmaram que a punição deve atingir também o alto comando militar no Iraque, que falhou no treinamento e na disciplina dos soldados.

Em relação ao presidente George W. Bush, 48% dos entrevistados aprovam a sua condução do escândalo, enquanto 35% desaprovam e 17% não expressaram opinião alguma.

A pesquisa entrevistou 802 pessoas e tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

Mais fotos e vídeos

"Vai ficar bem pior, eu acho", disse Rumsfeld, afirmando que as fotos divulgadas pela imprensa americana são apenas uma parte do material que existe.

"Há muito mais fotos e há vídeos", disse o secretário. "Se eles forem divulgados para o público, obviamente as coisas vão piorar". Rumsfeld afirmou não ter visto o vídeo e não descreveu seu conteúdo.

Logo no início de seu depoimento, manifestantes começaram a gritar pedindo a demissão do secretário. Eles tiveram que ser retirados da sala de audiência pública pela segurança do Congresso. Rumsfeld disse que "valoriza a vida", em uma das primeiras frases de seu depoimento.

Cruz Vermelha

O diretor de operações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Pierre Krähenbühl, afirmou na sexta-feira (7) que a agência avisou os oficiais americanos, há mais de um ano, sobre os abusos cometidos contra prisioneiros iraquianos.

"Nossas descobertas foram discutidas em diferentes momentos entre março e novembro de 2003, tanto em conversações frente a frente quanto por intervenções escritas", disse Krähenbühl.

Ele se negou a dar detalhes do conteúdo das conversas, mas confirmou que um relatório transmitido pelo CICV a autoridades americanas, citado em uma reportagem publicada pelo "Wall Street Journal", na semana passada, é verdadeiro.

A matéria afirmava que um relatório de 24 páginas descrevia prisioneiros sendo mantidos nus na escuridão, em celas vazias da prisão de Abu Gharib --localizada próxima à Bagdá (capital)--, e prisioneiros sendo forçados a "desfilar" usando roupas íntimas femininas.

Com agências internacionais

Especial
  • Leia mais sobre o Iraque ocupado
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página