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21/05/2004 - 20h18

General dos EUA nega que "tortura" tenha sido aprovada no Iraque

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da France Presse, em Washington
da Folha Online

O chefe do Estado-Maior americano, general Richard Myers, reafirmou nesta sexta-feira que ninguém autorizou oficialmente no Iraque métodos de interrogatório desumanos ou contrários à Convenção de Genebra.

"Pelo que eu sei, nunca se aprovou nada no Iraque que não estivesse de acordo com a Convenção de Genebra (...), ninguém autorizou oficialmente os maus-tratos aos prisioneiros", declarou à imprensa, após uma audiência na Comissão das Forças Armadas da Câmara de Representantes.

"Alguns métodos de interrogatório propostos durante menos de um mês (em 2003) pelo general Ricardo Sanchez (comandante das Forças Terrestres no Iraque) não eram desumanos e respeitavam a Convenção de Genebra", insistiu o general Myers.

O chefe do Estado-Maior acrescentou que os métodos de interrogatório autorizados pelo general John Abizaid, chefe do Comando Central regional, e o general Sanchez eram aplicados "por todo mundo no teatro de operações" e "ninguém tinha uma autoridade especial para modificá-los".

Richard Myers disse um pouco mais cedo hoje, perante a mesma Comissão, que o Pentágono estava fazendo o possível para "saber onde está a falha na cadeia do comando". "Não sabemos ainda", mas "as pessoas (culpadas) deverão enfrentar a Justiça", afirmou.

Erros

Os generais Abizaid e Sanchez admitiram na última quarta-feira (19) a existência de erros e problemas estruturais na prisão de Abu Ghraib e aceitaram a responsabilidade do escândalo dos detidos iraquianos torturados e humilhados pelos militares americanos.

Ambos negaram, porém, ter ordenado esse tipo de tratamento e avaliaram que, provavelmente, tratou-se de casos isolados.

O general Myers disse ainda que não havia visto as imagens publicadas hoje pelo jornal "The Washington Post" e expressou sua esperança de que "o vazamento de documentos ou fotos (de Abu Ghraib) à imprensa não comprometam o processo em curso na Justiça militar".

O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, revelou há duas semanas no Congresso a existência de outras fotos e vídeos, além das divulgadas pela primeira vez no final de abril pela rede de televisão CBS, que detonou o escândalo.

Série de fotos

Uma nova série de fotografias, vídeos e documentos publicada nesta sexta-feira pelo jornal "The Washington Post" revela que as torturas físicas e psicológicas sofridas por prisioneiros iraquianos nas mãos de militares americanos na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, foram ainda piores do que mostraram imagens divulgadas anteriormente.

As novas imagens vão além das que já haviam sido publicadas na imprensa e retratam uma variedade de técnicas de tortura e soldados americanos que parecem se divertir com o abuso sofrido pelos prisioneiros iraquianos, disse o jornal.

Fotos e vídeos de Abu Ghraib foram apresentados a investigadores do Exército em janeiro, depois que um soldado apresentou uma denúncia de maus-tratos. As imagens começaram a vir a público no último dia 28, quando a rede de TV americana CBS exibiu as primeiras fotos, prejudicando seriamente a reputação dos Estados Unidos no mundo árabe.

O "Washington Post" publicou nesta sexta-feira em seu site uma nova série de fotografias e vídeos dos abusos, em que aparecem prisioneiros nus, encapuzados e algemados sendo golpeados, amontoados ou obrigados a adotar posturas obscenas e a se masturbar.

O jornal disse que um dos vídeos mostra cinco presos nus e encapuzados, colocados contra a parede e se masturbando na escuridão, com dois outros detentos encapuzados encolhidos a seus pés.

Outro trecho mostra um preso algemado do lado de fora de uma cela, batendo a cabeça contra o metal, de acordo com o "Washington Post". No seu site, o jornal colocou uma foto em que um soldado aparece brandindo um cassetete, enquanto um preso nu, coberto por uma substância marrom, está no corredor com os braços esticados e algemas nos tornozelos.

Em outra imagem divulgada pelo jornal, um preso em uniforme laranja se encolhe diante de um cão feroz.

Com agências internacionais

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