Palestinos afirmam que diálogo direto depende do acordo de fronteira de 1967

Em meio ao processo de conversas indiretas mediadas pelo enviado americano ao Oriente Médio, George Mitchell, o negociador-chefe da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Saeb Erekat, afirmou nesta terça-feira que os palestinos estão dispostos a iniciar conversas diretas com Israel assim que se chegue a um acordo sobre uma solução de dois Estados, conforme as fronteiras de 1967.

As declarações chegam em resposta ao posicionamento do premiê israelense Binyamin Netanyahu, que neste domingo (9) indicou que a paz com os palestinos será "impossível" sem negociações diretas, e pediu uma mudança imediata nas conversações indiretas, mediadas pelos Estados Unidos, para conversações "cara a cara".

"As negociações de aproximação devem gerar conversações diretas logo. A paz não pode ser conseguida à distância ou com um controle remoto", disse Netanyahu ao seu gabinete, em uma declaração pública.

O responsável palestino fez estas declarações aos jornalistas depois de se reunir separadamente com o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, e com o ministro de Exteriores egípcio, Ahmed Aboul Gheit, para informar sobre os detalhes das conversas indiretas, iniciadas na semana passada com medicação americana.

Erekat explicou que eles agora dialogam com a administração dos EUA "sobre os assuntos da situação definitiva, que inclui as fronteiras, a água, os refugiados e Jerusalém Oriental".

Ressaltou que a primeira rodada de conversas indiretas, com a mediação do enviado especial americano, George Mitchell, começou no ponto a partir do qual as negociações palestino-israelenses chegaram em setembro de 2008.

Além disso, Erekat lembrou que Israel tem a obrigação de libertar os presos palestinos, permitir a entrada de material de construção à Faixa de Gaza e restabelecer a situação que havia nos territórios palestinos antes de 28 de setembro de 2000, além de reabrir os escritórios da ANP em Jerusalém.

Por sua vez, Gheit rejeitou em entrevista coletiva a ideia de criar um Estado palestino com fronteiras provisórias, segundo a agência estatal de notícias "Mena".

Além disso, o chefe da diplomacia egípcia lembrou que o comitê de acompanhamento da iniciativa árabe de paz deu um prazo de quatro meses para as conversas indiretas, e que fim de dois meses, ou seja, em 2 de julho, será feita uma avaliação da situação.

Retomada

Após um período de controvérsias e tensão nas relações EUA-Israel, sobretudo quando o vice-presidente americano Joe Biden visitou Jerusalém, o enviado George Mitchell começa a ter audiências com os dois lados envolvidos e sinaliza um progresso nas negociações de paz.

Os trabalhos diplomáticos devem durar ao menos quatro meses, e terão Mitchell como o intermediário entre Israel, Estados Unidos e palestinos.

Os palestinos mostram-se dispostos a negociar, dizendo que as conversas indiretas "já tiveram início".

As negociações contam até mesmo com o apoio da Liga Árabe, que no início do mês reiterou estar de acordo com o formato indireto, ainda que tenha afirmado duvidar da "seriedade" de Israel na busca pela paz, segundo um comunicado.

O secretário-geral da organização, Amir Moussa, disse a repórteres após encontro com autoridades do grupo no Cairo que o organismo regional vai apoiar negociações indiretas entre autoridades palestinas e israelenses.

Após as "novas garantias" dadas pelo presidente americano, Barack Obama, a Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, "e apesar de nossa falta de convicção quanto a seriedade de Israel de querer alcançar a paz, o comitê mantém (sua posição) combinada no dia 2 de março de 2010", destaca o comunicado.

As negociações estão paralisadas desde o final de 2008 e são uma das principais metas da política internacional do governo de Barack Obama.

Fontes palestinas afirmaram que Mitchell ofereceu um compromisso por escrito de culpar publicamente qualquer uma das partes que tomar atitudes que comprometam as negociações, em troca de voltar à mesa de negociações.

Com Efe