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06/06/2004
-
05h25
MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo
A atual política externa americana mina as relações transatlânticas a curto prazo, contudo não afeta os interesses mais profundos que ligam os EUA à Europa. Mesmo assim, se George W. Bush conseguir reeleger-se em novembro, a continuidade da política atual poderá ter um impacto negativo mais amplo.
A avaliação é de Anne-Marie Le Gloannec, diretora-adjunta do Centro Marc Bloch, um instituto de pesquisas situado em Berlim, e autora de "Entre Union et Nation: les Etats en Europe".
Folha de S.Paulo - Como a atual política externa dos EUA afetará suas relações com os principais países da União Européia no futuro?
Anne-Marie Le Gloannec - É preciso lembrar que ela vem minando bastante essas relações desde que os EUA decidiram dar início a uma guerra cega ao terrorismo global, desprezando as leis internacionais de guerra, as proteções aos prisioneiros de guerra previstas nas Convenções de Genebra [1949], a ONU e a posição de seus tradicionais aliados europeus.
Atualmente, o único país europeu que mantém um verdadeiro apoio aos esforços americanos no Iraque é o Reino Unido. E isso mais por razões históricas do que por motivos fundamentais. Alguns Estados do Leste Europeu que apoiavam a coalizão, como a Polônia, estão muito descontentes com o modo como os EUA lidaram com a reconstrução, privilegiando empresas americanas e, em menor escala, britânicas.
A médio e longo prazos, todavia, a situação deverá melhorar, pois interesses geopolíticos, econômicos e culturais mais profundos unem ambas as partes. Já houve outros momentos na história em que europeus e americanos discordaram em vários temas.
Folha de S.Paulo - A eleição presidencial americana é, portanto, crucial?
Le Gloannec - Sem dúvida. A reeleição de Bush teria um impacto negativo mais abrangente sobre as relações transatlânticas. Sua política atual é uma catástrofe para o multilateralismo, mas a de [Bill] Clinton era favorável a ele.
Assim, uma vitória do democrata [John] Kerry deverá fazer que ambas as partes percebam que há interesses maiores que os unem, como valores e cultura. E elas abandonarão a disputa atual.
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A atual política externa americana mina as relações transatlânticas a curto prazo, contudo não afeta os interesses mais profundos que ligam os EUA à Europa. Mesmo assim, se George W. Bush conseguir reeleger-se em novembro, a continuidade da política atual poderá ter um impacto negativo mais amplo.
A avaliação é de Anne-Marie Le Gloannec, diretora-adjunta do Centro Marc Bloch, um instituto de pesquisas situado em Berlim, e autora de "Entre Union et Nation: les Etats en Europe".
Folha de S.Paulo - Como a atual política externa dos EUA afetará suas relações com os principais países da União Européia no futuro?
Anne-Marie Le Gloannec - É preciso lembrar que ela vem minando bastante essas relações desde que os EUA decidiram dar início a uma guerra cega ao terrorismo global, desprezando as leis internacionais de guerra, as proteções aos prisioneiros de guerra previstas nas Convenções de Genebra [1949], a ONU e a posição de seus tradicionais aliados europeus.
Atualmente, o único país europeu que mantém um verdadeiro apoio aos esforços americanos no Iraque é o Reino Unido. E isso mais por razões históricas do que por motivos fundamentais. Alguns Estados do Leste Europeu que apoiavam a coalizão, como a Polônia, estão muito descontentes com o modo como os EUA lidaram com a reconstrução, privilegiando empresas americanas e, em menor escala, britânicas.
A médio e longo prazos, todavia, a situação deverá melhorar, pois interesses geopolíticos, econômicos e culturais mais profundos unem ambas as partes. Já houve outros momentos na história em que europeus e americanos discordaram em vários temas.
Folha de S.Paulo - A eleição presidencial americana é, portanto, crucial?
Le Gloannec - Sem dúvida. A reeleição de Bush teria um impacto negativo mais abrangente sobre as relações transatlânticas. Sua política atual é uma catástrofe para o multilateralismo, mas a de [Bill] Clinton era favorável a ele.
Assim, uma vitória do democrata [John] Kerry deverá fazer que ambas as partes percebam que há interesses maiores que os unem, como valores e cultura. E elas abandonarão a disputa atual.
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