Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/01/2005 - 00h08

Palestinos promovem eleição tranqüila e elegem Abbas

Publicidade

da Folha Online

A oposição dos movimentos radicais e o decreto de alerta total de Israel não impediram a realização de eleições relativamente tranqüilas nos territórios palestinos. Milhares compareceram às urnas neste domingo para eleger o candidato Mahmoud Abbas, do movimento Fatah, para a sucessão do líder histórico Iasser Arafat, que morreu em novembro.

O candidato do movimento nacionalista Fatah e atual líder da OLP (Organização para Libertação da Palestina), Mahmoud Abbas, recebeu entre 66% e 70% dos votos, de acordo com sondagens de boca-de-urna realizadas por entidades palestinas. O anúncio oficial dos resultados será feito nesta segunda-feira.

Zahid Hussein/Reuters
Mahmoud Abbas vota em Ramallah


Militantes de movimentos radicais indicaram que podem suspender os ataques contra Israel para dar uma chance a Abbas. Analistas afirmaram que o novo presidente terá legitimidade para negociar com os israelenses e que o povo palestino deve aceitar o que seu novo líder obter nas negociações de paz.

Cerca de 800 observadores internacionais, entre eles o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter e o ex-primeiro-ministro francês Michel Rochard, acompanharam as eleições e não reportaram maiores incidentes nos 1.074 centros de votação, equipados com 2.800 urnas distribuídas por Gaza, Cisjordânia e a faixa oeste de Jerusalém.

O candidato independente Mustafá Barghuti, um dos seis "rivais" de Abbas, denunciou "graves violações" no processo eleitoral e pediu investigações. O Centro Eleitoral acusou um comparecimento da ordem de 66% do colégio eleitoral, composto por 1,8 milhão de votantes, apesar do boicote de movimentos como o Hamas e Jihad islâmica.

O nível de comparecimento dos eleitores na votação, não-obrigatória, era considerado como um elemento chave para garantir a legitimidade das eleições presidenciais, que não eram realizadas desde 1996.

Abbas

Abbas, um político considerado moderado, bem visto nos Estados Unidos, Europa e Israel, não contava com a mesma popularidade entre membros de movimentos radicais como o Hamas e a Jihad islâmica, que não participaram das eleições por não considerarem possível comícios eleitorais em meio à ocupação israelense.

Logo após a divulgação das sondagens de boca-de-urna, Abbas declarou-se como novo presidente da Autoridade Palestina e fez um discurso em que dedicou sua [provável] vitória a Arafat e aos prisioneiros palestinos. O líder da Fatah não esqueceu de mencionar os compromissos firmados durante a campanha eleitoral, como a criação de um estado palestino legítimo (tendo Jerusalém como capital) e a libertação dos presos palestinos nas prisões israelenses.

A vitória foi comemorada nas ruas dos territórios ocupados com tiros para o ar, buzinaços e danças nas ruas por militantes da Fatah.

Abbas tinha notoriedade internacional como um dos primeiros opositores dentro dos movimentos palestinos à luta armada, que já dura quatro anos, e como um dos articuladores do Acordo de Oslo, de 1993, sobre a autonomia palestina. Angariou popularidade também com a defesa de conversações de paz com Israel.

Alerta total

As forças de segurança de Israel, a polícia e o Exército, ampliaram o estado de alerta total no domingo, em um nível abaixo do estágio máximo, devido ao temor de que grupos terroristas abusem do relaxamento do cerco às cidades palestinas, aproveitando para atacar alvos israelenses.

O movimento guerrilheiro Hezbollah destruiu um veículo militar israelenses no Líbano e matou ou feriu seus ocupantes. Helicópteros israelenses sobrevoaram a área, num dos poucos incidentes negativos registrados durante as eleições de domingo.

Autoridades palestinas e israelenses acertaram antes das eleições um relaxamento das restrições impostas nos territórios ocupados. O "relaxamento" não impediu que o horário de votação fosse prorrogado por duas horas, para permitir que eleitores com dificuldades de acesso tivessem oportunidade de votar.

Em Jerusalém, cerca de mil policiais trabalharam enquanto que nas cidades palestinas, as forças israelenses se retiraram para permitir a votação. A passagem de palestinos facilitada nas inúmeras barreiras militares da Cisjordânia e da faixa de Gaza.

Apoio internacional

Logo após a divulgação das sondagens de boca-de-urna, e com a declaração de Abbas, líderes internacionais enviaram mensagens de apoio ao "mais-que-provável" novo presidente da Autoridade Palestina.

Em Israel, o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon declarou por antecipação que planejava se encontrar muito rapidamente com Abbas para o reinício das negociações de paz. Sharon logrou formar uma coalização com o moderado Partido Trabalhista e uma pequena facção ultra-ortodoxa, o que lhe garantiu a maioria no parlamento para sua intenção de uma retirada planejada de Gaza neste ano, mesmo com a oposição de políticos linha-dura, entre eles membros de seu próprio partido, o Likud.

Como um primeiro gesto de boa vontade em direção à Autoridade Palestina, oficiais israelenses, sob condição de anonimato, afirmaram que o país deve libertar mais de 7.000 palestinos presos.

O vice-primeiro-ministro Olmert afirmou que Abbas precisa tomar uma ação imediata contra os militantes de movimentos mais radicais. Em uma entrevista à rede americana CNN, Olmert disse que a "questão mais importante" é saber que se o novo presidente vai lutar contra os terroristas e vai tentar parar "a sangrenta, violenta guerra contra o estado de Israel".

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que a eleição do novo presidente foi um passo chave para o estabelecimento de estado independente e pacífico palestino.

Em um comunicado horas após a divulgação das pesquisas, o presidente americano qualificou as eleições de "um dia histórico para o povo palestino".

"Os Estados Unidos se mantém prontos para ajudar o povo palestino para realizar suas aspirações. O novo presidente palestino e seu gabinete enfrentam tarefas críticas, incluindo a luta contra o terrorismo, o combate à corrupção, a construção de reformas e de instituições democráticas, e de reviver a economia palestina", afirmou Bush em seu comunicado.

Leia mais
  • Israel declara alerta total no dia da eleição palestina
  • Boca-de-urna aponta vitória de Abbas
  • No dia da eleição palestina, Israel faz ataque no Líbano

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições palestinas
  • Leia mais notícias no especial Eleição Palestina
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página