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02/04/2005 - 21h39

Novo papa deve ser italiano, diz bispo da terra do padre Cícero

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

Meca do catolicismo popular nordestino, a terra de padre Cícero (1844-1934), no sul do Ceará, torce para que o novo papa seja brasileiro ou, pelo menos, latino-americano. A esperança dos devotos é que o Vaticano, sob o comando de um conhecedor da cultura da região, reconheça os "milagres" do homem que, há mais de cem anos, é considerado um "santo" por uma legião de romeiros, retrato da religiosidade em áreas pobres do país.

Antônio Gaudério/FI
Maior estátua do país em homenagem a um brasileiro
Maior estátua do país em homenagem a um brasileiro
É no alto de um morro em Juazeiro do Norte (500 km de Fortaleza) onde foi erguida, em 1969, a estátua de padre Cícero, de 27 metros. O monumento ganhou fama como a maior estátua do Brasil em homenagem a um brasileiro.

Após ser veiculada a notícia da morte de João Paulo 2º nas redes de TV e nas emissoras de rádio, os sinos tocaram nas dezenas de igrejas de Juazeiro e da vizinha Crato, principais cidades da região do Cariri, como é conhecido o sul do Ceará, encravada na chapada do Araripe, na divisa com Pernambuco.

"A reação não foi diferente do que ocorreu no resto do mundo. A comoção foi grande, pois nesta região há muito amor ao papa", disse à Folha Online dom Newton Holanda Gurgel, 82, bispo emérito da diocese do Crato, que abrange Juazeiro do Norte.

Divulgação
Ruini desponta como favorito na sucessão
Ruini desponta como favorito na sucessão

Na sua opinião, são também reduzidas as chances de o novo papa ser brasileiro ou latino-americano. Segundo ele, o próximo sumo pontífice deve ser italiano, e o nome mais citado é o de Camillo Ruini, 74, vigário-geral da diocese de Roma.

Ruini é considerado conservador e sempre aparece entre os cinco mais cotados nas listas dos preferidos dos vaticanistas. Ele é presidente da Conferência Episcopal Italiana e que foi auxiliar próximo de João Paulo 2º.

Milagre da hóstia

A história de "padim Ciço", como falam os romeiros, começa em março de 1889, quando a hóstia dada por ele transforma-se em sangue na boca da beata Maria de Araújo. Para os fiéis, era um milagre. Para a cúpula da Igreja Católica, era uma farsa do padre.

O caso foi um prato cheio para o preconceito de alguns religiosos na época ("Onde já se viu o sangue de Jesus se manifestar na boca de uma costureira negra, pobre e analfabeta nos confins do Ceará?!"), como mostrou o filme "Milagre em Juazeiro" (1999), do cineasta Wolney Oliveira.

"Padre Cícero chegou a ser suspenso e excomungado por decreto, proibido de ministrar os sacramentos. Há hoje um movimento no Ceará para tentar a reabilitação histórica dele. Mas acho que, só um papa brasileiro ou latino-americano, poderia reexaminar essa questão tão polêmica", disse o bispo emérito do Crato.

Por estar afastado do comando da diocese do Crato, desde a renúncia em 2001 devido à idade avançada, dom Newton sente-se mais à vontade para avaliar as reais chances de a Cúria Romana (espécie de ministério do Vaticano) reabilitar padre Cícero como uma figura católica reconhecida, embora a forte influência dele na cultura e na economia da região seja incontestável.

"Há muitos documentos [que descredenciam o milagre da hóstia]. Será muito difícil justificar as ações políticas do padre Cícero, a sua rebeldia e contumácia", afirmou dom Newton.

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