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02/04/2005
-
21h42
da Folha Online
"A escolha de um papa não-europeu, mais do que uma esperança, é uma necessidade". A afirmação é do professor titular da cadeira de teologia e ciência da religião da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Mario Sergio Cortella. Segundo ele, em todo o mundo espera-se que o próximo papa seja latino-americano ou africano.
"O Vaticano já deu um passo ao escolher Karol Josef Wojtyla [o papa João Paulo 2º] como sumo pontífice há 26 anos, o primeiro papa não-italiano. Escolher agora um papa que não seja europeu é dar mais espaço para o mundo globalizado", acredita Cortella.
João Paulo 2º morreu neste sábado, aos 84 anos em Roma, após dois dias de agonia. O comunicado oficial do Vaticano informa que ele morreu às 21h37 locais [16h37 de Brasília].
Onipresença
Tanto Cortella como seu colega Fernando Altemeyer, atual ouvidor da PUC-SP e também professor de teologia da instituição, concordam que a comoção mundial é algo esperado. "Não tinha como não ser uma comoção. João Paulo se tornou próximo de todo cristão, um familiar, quase um vizinho", afirma Cortella.
Os professores atribuem essa proximidade com as pessoas, entre outras coisas, à imensa capacidade de João Paulo de visitar cada canto do mundo, em um ritmo surpreendente. "Ele esteve em quase todos os países, em alguns por várias vezes, como o Brasil. Era quase uma onipresença. Aparecer sempre na mídia o colocou dentro da casa das pessoas", afirma Cortella.
Outro ponto que aproximou João Paulo de líderes de todos os segmentos, religiosos e políticos, foi a disposição de participar de debates e opinar sobre qualquer tema, mesmo os polêmicos. João Paulo 2º defendeu a paz entre as religiões, a convivência pacífica, mas se mostrou contra o uso de preservativos e receitou o celibato para as pessoas solteiras.
"[O papa] falou de bioética, de guerras, conflitos religiosos e moral sexual. Claro que em muitas áreas não foi consenso, mas mesmo assim se dispôs a falar e teve coragem de defender seu ponto de vista", afirma Altemeyer.
Os pontos de vistas divergentes, porém, --inclusive no Brasil--, não o impediram a admiração crescente. "João Paulo divergiu sobre a Teologia da Libertação, alguns outros valores do catolicismo brasileiros. Só que, ao mesmo tempo, sempre criticou a falta de investimento na reforma agrária", lembra Altemeyer.
Para Cortella, é justamente essa insistência em participar ativamente das discussões e dos problemas mundiais que caracteriza um dos marcos do papado de João Paulo 2º.
"Não é possível falar no fim do século 20 e no início do século 21 sem lembrar do papa abriu os braços para a fraternidade, acima de tudo", afirma Cortella. "Ao lado de Madre Teresa, Luther King, Gandhi, João Paulo 2º ajudou a salvar o século 20", completa Altemeyer.
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Papa "não-europeu" é uma necessidade, diz titular de teologia da PUC
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"A escolha de um papa não-europeu, mais do que uma esperança, é uma necessidade". A afirmação é do professor titular da cadeira de teologia e ciência da religião da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Mario Sergio Cortella. Segundo ele, em todo o mundo espera-se que o próximo papa seja latino-americano ou africano.
"O Vaticano já deu um passo ao escolher Karol Josef Wojtyla [o papa João Paulo 2º] como sumo pontífice há 26 anos, o primeiro papa não-italiano. Escolher agora um papa que não seja europeu é dar mais espaço para o mundo globalizado", acredita Cortella.
João Paulo 2º morreu neste sábado, aos 84 anos em Roma, após dois dias de agonia. O comunicado oficial do Vaticano informa que ele morreu às 21h37 locais [16h37 de Brasília].
Onipresença
Tanto Cortella como seu colega Fernando Altemeyer, atual ouvidor da PUC-SP e também professor de teologia da instituição, concordam que a comoção mundial é algo esperado. "Não tinha como não ser uma comoção. João Paulo se tornou próximo de todo cristão, um familiar, quase um vizinho", afirma Cortella.
Os professores atribuem essa proximidade com as pessoas, entre outras coisas, à imensa capacidade de João Paulo de visitar cada canto do mundo, em um ritmo surpreendente. "Ele esteve em quase todos os países, em alguns por várias vezes, como o Brasil. Era quase uma onipresença. Aparecer sempre na mídia o colocou dentro da casa das pessoas", afirma Cortella.
Outro ponto que aproximou João Paulo de líderes de todos os segmentos, religiosos e políticos, foi a disposição de participar de debates e opinar sobre qualquer tema, mesmo os polêmicos. João Paulo 2º defendeu a paz entre as religiões, a convivência pacífica, mas se mostrou contra o uso de preservativos e receitou o celibato para as pessoas solteiras.
"[O papa] falou de bioética, de guerras, conflitos religiosos e moral sexual. Claro que em muitas áreas não foi consenso, mas mesmo assim se dispôs a falar e teve coragem de defender seu ponto de vista", afirma Altemeyer.
Os pontos de vistas divergentes, porém, --inclusive no Brasil--, não o impediram a admiração crescente. "João Paulo divergiu sobre a Teologia da Libertação, alguns outros valores do catolicismo brasileiros. Só que, ao mesmo tempo, sempre criticou a falta de investimento na reforma agrária", lembra Altemeyer.
Para Cortella, é justamente essa insistência em participar ativamente das discussões e dos problemas mundiais que caracteriza um dos marcos do papado de João Paulo 2º.
"Não é possível falar no fim do século 20 e no início do século 21 sem lembrar do papa abriu os braços para a fraternidade, acima de tudo", afirma Cortella. "Ao lado de Madre Teresa, Luther King, Gandhi, João Paulo 2º ajudou a salvar o século 20", completa Altemeyer.
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