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05/04/2005 - 10h17

Igreja prefere candidatos de 60 a 75 anos

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PAULO DANIEL FARAH
especial para a Folha de S.Paulo

Um dos fatores fundamentais na eleição de um papa durante o conclave é a idade do cardeal, além de sua procedência.

Candidatos com menos de 60 anos são considerados muito jovens (embora Karol Wojtyla tivesse 58 anos quando foi eleito, em 1978), e cardeais com mais de 75 anos têm suas chances reduzidas devido à possibilidade de apresentar problemas de saúde.

O declínio da saúde de João Paulo 2º, que se agravou conforme ele envelhecia, fortaleceu a percepção de que cardeais com idade avançada têm mais dificuldade em exercer as atividades demandadas por uma posição como a de líder espiritual de aproximadamente 1 bilhão de pessoas.

A exposição a que um papa se submete exige dele uma aparência de vigor, embora a igreja tenha aceitado --e, por vezes, incentivado-- a divulgação da imagem de um João Paulo 2º bastante frágil fisicamente. O perigo seria, no longo prazo, associar a imagem da Igreja Católica à fragilidade física de seu comandante.

À figura de um papa esportista, que esquiava, escalava montanhas e viajava com freqüência, um "atleta de Deus", opôs-se a de um homem incapaz de deslocar-se, de celebrar cerimônias religiosas e, por fim, até mesmo de se comunicar --a não ser de uma forma limitada por meio de gestos consagrados de bênção e expressões faciais.

Por outro lado, um papa que não fosse novo demais --para os padrões da igreja--, ou seja, com mais de 60 anos ou 65 anos, não lideraria um pontificado mais longo que o desejado.

"A maioria dos cardeais não acredita que um pontificado muito duradouro seja uma boa idéia", diz o historiador norte-americano James Hitchcock, especialista em igreja contemporânea.

Um papado de 20 anos ou mais seria excessivamente longo neste momento de transformações sociais rápidas e sujeitaria a igreja a uma linha individual sem os benefícios da alternância de poder.

A evolução científica prolongou a vida humana de tal forma que é plausível esperar que um papa viva até 90 anos ou mais. Se um cardeal com menos de 60 anos for eleito desta vez, ele poderá permanecer à frente da igreja por 30 anos caso não tenha complicações de saúde mais graves.

No caso de João Paulo 2º, não se trata de questão de idade apenas (o papa tinha 84 anos); mais que isso, foram o atentado de 1981 e o mal de Parkinson que debilitaram especialmente sua saúde.

O cardeal mais novo nasceu em 25 de junho de 1952 (o húngaro Péter Erdo) e o mais velho, em 4 de setembro de 1909 (o holandês Johannes Willebrands).

No conclave que se aproxima, votarão os cardeais que têm menos de 80 anos.


Paulo Daniel Farah
é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de S.Paulo)


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